Passados 54 anos, dois países afastados geograficamente por meros 90km e ideologicamente por uma eternidade voltaram a trocar mesuras. Neste dia 20 de julho, ambos reabriram suas embaixadas, com merecida pompa. Bandeiras voltaram a ser hasteadas e aquilo que parecia impossível deixou de ser num piscar de olhos. Cuba reabriu sua embaixada no número 2630 na 16ª avenida em Washington e os Estados Unidos retomaram operações em Calzada, quase à beira-mar em Havana. Bom para cubanos e americanos, excelente para o restante do mundo, especialmente para os sul-americanos.
Trata-se de um momento especial, tão único que aponta novos paradigmas, incentivando magotes de intelectuais e cientistas políticos a deixar de lado o cartesianismo de teses clássicas de causa & efeito, dando espaço a decisões e posturas não-lineares que fazem balançar posicionamentos antes considerados axiomáticos. Ato semelhante e simultâneo, a reabertura das embaixadas acontece no mesmo dia em que o Conselho de Segurança da ONU aprovou, por unanimidade, uma resolução que ratifica o acordo sobre o programa nuclear iraniano firmado neste mês por Teerã e as potências do P5+1 (EUA, Reino Unido, França, China, Rússia e Alemanha).
As casas de representação oficiais reabertas em Washington e Havana também revelam um fenômeno sem precedentes em termos políticos: os Republicanos no Congresso americano, que sempre repudiaram a retomada de relações diplomáticas com Cuba, pensam quase que da mesma forma que os...bolivarianos mais radicais da Venezuela, Maduro incluso. A retomada de pautas positivas e pragmáticas e, por que não, políticas entre cubanos e “gringos” é algo aterrorizante para as mentalidades subnutridas da América do Sul, principalmente os fracassados gestores bolivarianos. A se confirmar a “traição” dos Castro, cairá finalmente por terra o “benchmark” revolucionário que edulcorou os discursos e enfeitou as camisetas de milhões e milhões de bichos-grilos latinos e brasileiros que, a despeito de suas cartilhas, detestam o capitalismo tanto quanto um cão a um suculento T-bone.
A sorte grande se abre num generoso sorriso para o sofrido povo de Cuba. Ressurgem as possibilidades de retomada breve de um estado democrático e de um ambiente de liberdades não conhecidos por mais de duas gerações. Cuba poderá se tornar uma democracia moderna, com lideranças que, Deus permita, darão uma nova dinâmica à ilha sem a perda de seus valores culturais, evitando cometer os erros tanto de Fulgencio Batista quanto dos irmãos Castro. Se tudo correr bem, Cuba logo poderá se tornar uma pequena potência econômica baseada no turismo e em seus recursos naturais e humanos. Enfim, Cuba poderá se tornar livre.
Quem diria que os Castro iriam ser os grandes castradores das ideias de jerico deles próprios, de Chávez e dos demais idiotas do Foro de São Paulo.
21 de julho de 2015
Glauco Fonseca
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