A impopularidade presidencial e a fraqueza política do governo e do PT no Congresso estimulam as conversas sobre a eventual saída de Dilma Rousseff do poder. A combinação de crise política com econômica é um risco para presidentes da República no Brasil.
O senador Aécio Neves (MG), reeleito para a presidência do PSDB em convenção no domingo, previu que a presidente não chegará ao final do mandato e disse que o partido terá “coragem para fazer o que tem de ser feito”. Outros tucanos importantes, como o senador José Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também apontaram dificuldade para que Dilma possa governar até 2018.
Apesar de os principais líderes do partido não terem usado a palavra impeachment nos discursos de domingo, a fim de evitar que sejam tachados de golpistas, a saída da presidente do cargo está sendo articulada pelo PSDB.
NOVA ELEIÇÃO?
Os tucanos conversam abertamente a respeito de um eventual julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que venha a condenar a presidente e seu vice, com a realização de nova eleição presidencial em seguida.
Tratam também da possibilidade de usar uma recomendação do TCU (Tribunal de Contas da União) ao Congresso para rejeitar as contas de 2014, sob alegação de crime contra Lei de Responsabilidade Fiscal por conta das pedaladas do Tesouro Nacional.
Nessa trama via TCU, o PMDB teria de se associar aos tucanos para aprovar um impeachment. Uma ala do PMDB gostaria que o vice-presidente da República, Michel Temer, deixasse a articulação política do governo para aumentar a fragilidade da presidente.
Parecem hoje dois caminhos arriscados. A saída de um presidente do cargo antes do término do seu mandato não pode ser discutida como se fosse algo natural. Não se vota impeachment ou se convoca nova eleição como se troca de roupa. Há todo um caminho jurídico e político a ser respeitado.
GOLPISMO
O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio, defendeu em um artigo na “Folha de S.Paulo” que seria bom um impeachment da presidente numa pedalada. Isso tem nome: golpe. Numa democracia, os mandatos devem ser respeitados. O Brasil não é uma república de bananas para permitir golpes jurídicos ou políticos.
Nesse sentido, seria importante que um partido como o PSDB, que tem dirigentes que combateram a ditadura militar, contivesse tentações golpistas em suas fileiras.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O analista político Kennedy Alencar comete um equívoco ao dizer que haverá nova eleição caso Dilma e Temer sejam cassados juntos pelo TSE. Nesta hipótese, assumem Aécio Neves e Aluizio Nunes Ferreira, da chapa que chegou em segundo lugar. Só haverá nova eleição se Dilma for cassada primeiro e Temer cassado depois de assumir. (C.N.)
09 de julho de 2015
Kennedy Alencar
iG Notícias
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