"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

CNBB ATUAL NÃO DEFENDE MAIS A "ÉTICA NA POLÍTICA"



Dom Waldyr Calheiros lutava por um Brasil livre e democrático



O artigo “Assessoria da CNBB defende os réus da Lava Jato”, do sempre lido e respeitado Percival Puggina e hoje aqui publicado, mostra a que ponto chegou a CNBB, que nos tempos atuais se mostra oposta à CNBB do início da década de 90, quando, junto com mais de outras mil entidades, subscreveu petição ao presidente da Câmara dos Deputados do seguinte teor:

“Excelentíssimo Senhor Presidente, Senhoras Deputadas e Senhores Deputados. Pela ética na política, as entidades da sociedade civil relacionadas abaixo, vêm pela presente manifestar seu apoio à petição de impeachment do Senhor Presidente da República, que foi apresentada a esta Casa pelo senhor Barbosa Lima Sobrinho e Marcello Lavenère Machado. Reforçam, ainda, que a transparência da moralidade exige o voto aberto”.

Não se pode comparar a corrupção no curto governo Collor com a corrupção do governo do PT. Aquela não durou mais de dois anos. Esta perdura há quase 14 anos. Aquela foi de pequena monta em cotejo com esta, do governo petista, que praticou o maior roubo da História. Se vê que a CNBB atual não defende mais a “ética na política”.

DELAÇÃO PREMIADA

Saibam os senhores bispos da CNBB de hoje que a Delação Premiada é instituto do Direito Material, porque prevista em lei específica. Saibam, também, que contra as prisões, temporárias e preventivas, decretadas pelo Juiz Sérgio Moro, foram impetrados Habeas Corpus por seus defensores e nenhum deles foi acolhido pelos tribunais que os analisaram, sendo que os mesmos foram julgados, no mínimo por três desembargadores do Tribunal Federal da 4ª Região, por cinco ministros do STJ e outros tantos do STF!!.

Não se está prendendo para que o preso se veja forçado a contar o que sabe. E dizer à Justiça o que uma pessoa sabe ou fez de errado não é nenhuma virtude, mas imperativo dever. As prisões são decretadas porque, mesmo após indiciados nos inquéritos instaurados pela Polícia Federal do Paraná e denunciados nas ações penais, os réus continuaram cometendo ações delituosas, tais como a transferência bancária dos dinheiros roubados da Petrobrás, a destruição de provas, dentre outras até aqui tornadas públicas.

São prisões rigorosamente legais e indispensáveis para assegurar a aplicação da lei. Isso sem falar na concreta possibilidade de fuga, a exemplo de Pizzolato, hoje na Itália e sem a garantia da sua extradição para o Brasil, ainda mais quando José Eduardo Cardozo declarou que preferia morrer a cumprir pena nos cárceres brasileiros. A Justiça italiana ouviu e leu essa declaração, que não se pode descartar tenha sido intencionada.

“MANIFESTO”

Saibam os senhores bispos da CNBB que esse seu último manifesto, chamemos assim, destoa e vai de encontro aos anseios do povo brasileiro, que não aceita a corrupção e quer que o Poder Judiciário continue a cumprir com sua missão constitucional, que é a de distribuir Justiça, com a punição dos culpados, a recuperação dos dinheiros criminosamente desviados da Petrobras e, com isso,
possibilitar a reedificação da ordem e do progresso nacionais, que há mais de uma década vem sendo dilapidada a cada dia, de forma gigantesca e sem freios.

Senhores bispos da CNBB, se os senhores não querem o bem do Brasil e do povo brasileiro, calem-se. Ou, então, se espelhem na CNBB do passado. Lembrem-se de Waldyr Calheiros, Paulo Evaristo Arns, Pedro Casaldaliga, Adriano Hipólito e outros bispos mais que dedicaram suas vidas, seus pastoreios em prol da democracia, da moralidade, contra as ilegalidades, desvios de poder, desmandos, enriquecimento por meios desonestos…

DOM WALDYR CALHEIROS

Fui amigo, muito amigo de Dom Waldyr Calheiros Novaes, desde quando era pároco da Igreja de São Francisco Xavier, Tijuca, RJ, nos anos 60. Quando se tornou bispo de Volta Redonda e cidades vizinhas, sofreu na carne o preço por querer um Brasil livre e democrático. Foi preso algumas vezes. Era avesso ao arbítrio, às ilegalidades, às desonestidades.

Lemos dias atrás, aqui mesmo na Tribuna da Internet, artigo de Frei Betto em que o dominicano reprovava a transformação para o mal que ocorreu no seu Partido dos Trabalhadores. E sinalizava com o seu afastamento deste partido. Deu para entender isso. E paradoxalmente, vem a público essa nota (manifesto) da CNBB que traduz adesão integral aos que estão no poder e aversão às ações e decisões do Juízes nacionais.

09 de julho de 2015
Jorge Béja

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