Afinal, o que aconteceu com a tão badalada perícia realizada nos serviços de informática da Câmara Federal pela força-tarefa da Procuradoria-Geral da República, formada por três procuradores, dois peritos e um oficial de Justiça?
Aqui na Tribuna da Internet cansamos de cobrar os resultados dessa operação, ordenada no mês passado pelo procurador-geral Rodrigo Janot.
Já tínhamos até esquecido o assunto, diante da variedade e quantidade de notícias importantes no dia a dia brasileiro, mas a Folha de São Paulo resolveu voltar ao assunto, através de reportagem assinada por Ranier Bragon e Aguirre Talento, sob o título “Investigadores têm novo indício que liga Cunha a requerimentos suspeitos”.
Imediatamente republicamos a matéria aqui na TI, porque nesta briga entre Janot e Cunha, não há dúvida, um dos dois está mentindo, e esse tipo de polêmica precisa ser esclarecido de forma cabal, pois não é aceitável que cargos tão importantes como a Procuradoria-Geral da República ou a presidência da Câmara sejam ocupados por autoridades despreparadas (para dizer o mínimo, claro).
CADÊ A PERÍCIA?
Acontece que a matéria “vazada pela procuradoria” para a Folha não trouxe o resultado da perícia, apenas a seguinte indicação: “Investigadores da Operação Lava Jato vão usar como prova contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a informação de que a sua senha digital particular e a da ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) estavam ativas no momento em que foram criados os dois requerimentos suspeitos de terem sido usados para achacar uma fornecedora da Petrobras”.
Mas foi só isso que descobriram? Que os dois computadores estavam funcionando no mesmo momento? E que procuradoria é essa que se diz disposta a acusar o presidente da Câmara com base no fato de o computador dele estar ligado?
Parece brincadeira, mas é o que diz a matéria da Folha, jornal que fez a denúncia original de que os requerimentos suspeitos teriam sido redigidos no gabinete de Eduardo Cunha. Ao que parece, a denúncia perdeu substância com o fracasso da perícia, mas a Folha ainda tenta manter a acusação, porque jornal não pode se retratar, pega muito mal.
RECORDAR É VIVER
O fato é que em abril a Folha revelou que a expressão “dep. Eduardo Cunha” aparece no campo usado para identificar o autor dos arquivos em que foram redigidos os dois requerimentos. Cunha respondeu que este registro seu fora feito um mês depois de a deputada ter apresentado os requerimentos, mas a Folha não se manifestou sobre este importante detalhe, a procuradoria também não.
Acontece que o programa usado nos computadores da Câmara, muito comum em grandes empresas, registra e data tudo que é feito. Se o deputado Eduardo Cunha é realmente um pilantra, conforme diz o procurador Janot, não seria difícil provar que ele foi o verdadeiro autor dos requerimentos, através da perícia na informática da Câmara, pois o programa – repita-se – acusa a data de redação dos textos.
Mas acusá-lo com base no fato de seu computador estar ligado no mesmo momento em que a deputada Solange Almeida operava o dela para encaminhar à Mesa da Câmara os requerimentos suspeitos, francamente, isso demonstra um amadorismo vulgar.
Em qualquer país minimamente civilizado, nenhum tribunal pode esse tipo de prova. Então, como é que a força-tarefa de Janot está entrando nessa esparrela, forçando a barra para acusar Cunha? Que procuradoria é essa? Que país é esse?
Ah, Francelino Pereira, esta tua indagação há de atravessar os tempos, per saecula saeculorum.
03 de junho de 2015
Carlos Newton
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