Enquanto Madame anda de bicicleta, a indústria automobilística atropela o bom senso, a lógica e até as leis do mercado, sem que o governo tome qualquer providência.
Porque, se os pátios estão abarrotados de carros novos, é pela ausência de compradores sem dinheiro por conta da crise econômica. O que aconselhariam Keynes e seus seguidores? Que se baixassem os preços. Que se reduzissem os lucros.
Porque, se os pátios estão abarrotados de carros novos, é pela ausência de compradores sem dinheiro por conta da crise econômica. O que aconselhariam Keynes e seus seguidores? Que se baixassem os preços. Que se reduzissem os lucros.
O que fazem as montadoras? Começaram a demitir em massa seus operários. E o governo, faz o quê? Nada.
O dever maior do poder público é zelar pelo bem estar de seus cidadãos. As demissões punem o trabalhador e intranquilizam a sociedade, sendo estultice dizer que a economia é assim mesmo, submetida aos postulados da oferta e da procura. Azar o de quem perde o emprego? A indústria visa o lucro e para preservá-lo julga-se no direito de demitir, sob a ilusão de estar reduzindo custos e diminuindo a produção.
Só que mecanismos existem para evitar as demissões e preservar as empresas. É quando entra o Estado, que existe para isso, dispondo de condições não apenas para socorrer as montadoras, mas para manter os empregos. Como?
Proibindo demissões em massa e intervindo nas empresas que insistirem nessa prática. Exigindo que se declararem inviáveis. Numa palavra hoje proscrita da dita moderna economia: estatizando. Apoderando-se do patrimônio das montadoras depois de mandar seus dirigentes para casa ou para a cadeia. Aplicando recursos públicos para solucionar o impasse através da transformação dos operários em sócios proprietários.
Pode ser drástica essa iniciativa, mas que outra existirá a não ser aceitar as inaceitáveis demissões? Diante de tal hipótese ou ameaça, certamente a indústria automobilística refluirá de sua incompetência e de sua ambição. Admitirá lucrar menos, até entregando os anéis para salvar os dedos. O que não dá é o Estado assistir impassível a degola de seus cidadãos.
ELEIÇÕES ESTATIZADAS
Torna-se necessário não ter medo do que se convencionou como heresia, muito pela ação da mídia. Estatizadas estão as eleições, por exemplo. Teria a iniciativa privada condições de realizá-las, a não ser para institucionalizar e ampliar a corrupção, já evidente no regime atual? O poder público não tem que ser ineficiente, muito menos esbanjador. Pelo contrário, é do outro lado que surgem práticas deletérias como as que ainda agora emergem do escândalo da Petrobras. Em suma, é preciso implodir tabus e falsas verdades hoje absolutas. Em especial se for para preservar os empregos de milhões de trabalhadores.
03 de junho de 2015
Carlos Chagas
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