"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 12 de março de 2015

ERA SÓ O QUE FALTAVA...

LABORATÓRIO DO VIAGRA PAGA PROPINA A YOUSSEF

O doleiro Alberto Youssef – peça central da Operação Lava Jato – afirmou em sua delação premiada que o esquema de arrecadação de propina do PP via José Janene (PP-PR) – morto em 2010 – atuou também no Ministério da Saúde e na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), chegando a render comissionamentos sobre uma transação envolvendo o medicamento Viagra.

“O PP possuía cargos importantes no Ministério da Saúde e na Anvisa, tendo recebido comissionamentos junto a laboratórios”, disse Youssef, em depoimento no dia 21 de outubro de 2014, dentro de seu acordo de delação premiada – agora sem sigilo. Ele atribui a informação a Janene – o ex-líder do PP, que foi pego no mensalão do PT e desencadeou a origem da Operação Lava Jato.

Aos investigadores, Youssef disse lembrar que o laboratório Pfizer era um dos envolvidos, “sendo a operação ligada ao medicamento Viagra” – lançado no fim da década de 90. Composto de citrato de sildenafila, o Viagra é usado no tratamento da disfunção eréctil no homem. O fármaco também é usado como medicamento para hipertensão pulmonar – nesse caso, a Lava Jato já investigava a atuação, em 2014 do doleiro, no Ministério, via laboratório Labogen.

AMOSTRAS GRÁTIS

A recordação sobre o caso do Viagra, segundo o doleiro, era “em especial por conta de Janene ter recebido amostras grátis desse medicamento e distribuído a amigos em tom de brincadeira”. Segundo ele, isso ocorreu entre 2002 e 2003. O doleiro declarou que recebeu “valores das mãos de Janene, acreditando que isso tenha ocorrido por quatro ou cinco vezes, totalizando cerca de R$ 1,5 milhão”.

O dinheiro era recebido “em espécie e em reais, em São Paulo”, em hotéis onde Janene se hospedava. Um deles, na Alameda Campinas, próximo a uma cantina italiana”, detalhou o doleiro. Youssef contou que recebia e transportava até Brasília, “sendo os recursos entregues no apartamento funcional de Janene”. Segundo ele, “a influência de Janene junto ao Ministério da Saúde tenha durado pouco tempo, entre 2002 e 2003, aproximadamente”.

O doleiro citou que em 2003 o senador Humberto Costa (PT-PE), então ministro da Saúde, “manifestou contrariedade em relação à permanência do indicado de Janene junto ao Ministério da Saúde”. O funcionário era Luiz Carlos Bueno de Lima, que Youssef não lembrou o nome, à princípio, mas acabou confirmando ser ele, o indicado de Janene, após ver foto do suspeito.

“Com a interveniência de Aldo Rebelo (PCdoB, ex-ministro dos Esportes do governo Dilma Rousseff), Janene aceitou que tal pessoa fosse desligada, todavia ressalvou que a mesma deveria pedir demissão e não ser demitida.”

LULA INTERVEIO

Costa teria desrespeitado o acordo e demitindo o indicado de Janene, que ficou indignado, sendo necessária a intervenção do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
“O então presidente Lula tinha conhecimento, ao que sabe, das indicações feitas por Janene perante o governo”, declarou Youssef no capítulo sobre o Viagra.
O doleiro “diz não saber se Lula possuía algum conhecimento acerca do comissionamento envolvendo a Anvisa e Ministério da Saúde”.
A assessoria do ex-presidente Lula informou que não responderia à citação de Youssef.

12 de março de 2015
Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fausto MacedoEstadão

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