Alguma coisa está errada. As pesquisas mais recentes dão empate técnico entre Dilma e Marina. Mas Dilma tomou-se de virulenta gana contra Marina, não deixando passar sequer algumas lágrimas derramadas pela rival por conta de críticas a ela feitas pelo Lula. Será medo da derrota? Soberba, por achar que ninguém pode ter a petulância de ameaçá-la? Temperamento destemperado depois de quase quatro anos no poder? Reconhecimento de que seu governo vai mal? Querelas mal resolvidas do tempo em que ambas foram ministras? Maus conselhos de péssimos auxiliares?
Tanto faz. Podem ser muitas as causas para o comportamento da presidente. Até mesmo a desconfiança nas pesquisas. A verdade é que graças a ela a campanha adquire contornos inusitados, apesar de Marina replicar as agressões com menos intensidade. Tomando-se como provável que a eleição não se resolva no primeiro turno, especula-se quanto a temperatura poderá subir ainda mais.
Senão como vítima, mas posta na defensiva, Marina poderá tirar proveito da situação. Não parece da índole do eleitor brasileiro votar em função do acirramento dos ânimos. Caso Marina resista e não caia na tentação de devolver agressões e aleivosias no mesmo tom, acabará tirando proveito eleitoral.
Curioso nesse processo é que a cada dia Dilma fala menos de seus planos para o segundo mandato. Mesmo sem querer, dá a impressão de pretender repetir a performance agora por encerrar.
No PT, aposentado o apelo do “volta Lula”, registra-se razoável esforço para impedir que a votação de Aécio Neves flua em maioria para Marina. Já se fala, até, na aproximação do ex-presidente com o senador, nos últimos dias chamado de amigo e camarada. O problema está em Minas, onde os companheiros passaram a hostilizar mais o candidato tucano, Pimenta da Veiga, pretendendo consolidar Fernando Pimentel. A falta de certeza da vitória de Dilma vem enfraquecendo a expectativa de preservação da maior bancada na Câmara pelo partido.
15 de setembro de 2015
Carlos Chagas
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