Unindo forças – Horas depois do discurso de Barack Obama, os principais aliados árabes dos Estados Unidos concordaram em “fazer a sua parte” no combate ao “Estado Islâmico”. Ao todo, dez países prometeram tomar medidas para conter o fluxo de combatentes e o financiamento dos jihadistas e, caso necessário, se juntar a uma intervenção militar.
O anúncio foi feito depois de uma reunião entre o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e seus contrapartes regionais, na cidade de Jidá, na Arábia Saudita.
Além do país anfitrião do encontro, Bahrain, Egito, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Catar e os Emirados Árabes Unidos concordaram em aumentar o apoio ao novo governo iraquiano e em discutir estratégias para “destruir o EI tanto no Iraque quanto na Síria”. “A região reconhece o perigo que foi desencadeado e eles [os Estados] estão prontos para lidar com o problema”, disse Kerry.
A Turquia, também presente na reunião, não assinou o comunicado oficial. Kerry minimizou a recusa, dizendo que o importante aliado dos Estados Unidos estava lidando com algumas “questões delicadas”, mas se mantém engajado na campanha contra um inimigo comum. A Turquia reluta em assumir um papel de destaque na coalizão, em parte por preocupação com os 49 cidadãos turcos reféns do EI.
Um alto funcionário do Departamento do Estado dos EUA, que preferiu ficar no anonimato, disse aos jornalistas que o secretário pediu aos países do Oriente Médio para incentivar os meios de comunicação controlados pelos governos, além de membros de instituições religiosas, a se pronunciarem contra o extremismo.
A união diplomática no Oriente Médio veio poucos dias antes de um conjunto de conferências em Paris. Na próxima segunda-feira, oficiais do EUA, Reino Unido, França, Rússia e China vão se reunir para discutir formas de estabilizar o Iraque. O encontro pode também incluir outras nações, possivelmente até mesmo o Irã.
Já em Berlim, o ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, declarou que a Alemanha não vai participar das intervenções aéreas. “Não nos foi pedido este tipo de apoio nem estamos dispostos a fazê-lo”, garantiu o ministro, que se encontrou com seu homólogo do Reino Unido, Philip Hammond, na quinta-feira (11). Ao mesmo tempo, Steinmeier cita o envio planejado de armas para as forças curdas no norte do Iraque: “Isto não é pouco.
O fornecimento atende o nosso nível de responsabilidade”.
Hammond seguiu a linha do seu colega alemão. “Vou ser bem claro: o Reino Unido não vai participar de nenhum ataque aéreo na Síria. Nós já tivemos essa discussão no Parlamento no ano passado e não vamos rever nossa posição”, afirmou Hammond, mas reiterando que aprova a abordagem dos EUA de criar uma coligação regional e internacional em apoio ao governo iraquiano.
Porém, o ministro foi desmentido horas depois pelo porta-voz do primeiro-ministro David Cameron. O Parlamento britânico havia votado contra uma ação militar contra o presidente sírio, Bashar al-Assad. Em relação a campanha contra o “Estado Islâmico”, o governo britânico ainda não tomou uma decisão se participa dos ataques militares.
Na contramão mundial, o governo russo declarou que os ataques americanos contra o “Estado Islâmico” na Síria serão uma “grave violação” do direito internacional, se forem decididos sem a aprovação da ONU. “O presidente americano anunciou a possibilidade de ataques às posições do EI na Síria sem o consentimento do governo legal [de Bashar al-Assad]“, disse Alexander Lukashevich, porta-voz do Ministério do Exterior da Rússia.
A crítica russa chegou aos ouvidos de Kerry, na Arábia Saudita. “Devo dizer, que se não fosse tão grave o que está acontecendo na Ucrânia, eu quase poderia rir da ideia de a Rússia ter levantado a questão de direito internacional ou qualquer questão referente à ONU”, revidou o secretário. “Mas estou realmente surpreso que a Rússia se atreva a fazer qualquer menção a direito internacional depois do que aconteceu na Crimeia e no leste ucraniano”, completou Kerry.
Por fim, a estratégia “antijihadista” de Barack Obama não teve uma primeira reação positiva em Damasco. “Qualquer ação de qualquer tipo sem consentimento do governo sírio será um ataque à Síria. É necessário cooperar e coordenar com a Síria e obter o seu aval para qualquer ação em seu território”, declarou o ministro da Reconciliação Nacional, Ali Haidar.
No entanto, ele se recusou a esclarecer qual seria a reação do governo sírio. “Não podemos falar de resposta síria antes que ocorra um ataque, e isso depende da natureza do ataque”, acrescentou.
15 de setembro de 2014
ucho.info
(Com agências internacionais)
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