Não se trata de diminuir a dor de famílias enlutadas ou vítimas de violações, mas sim de denunciar a exploração facciosa do inquestionável sofrimento alheio com propósitos ideológicos inconfessáveis. Eis o teor das matérias da mídia e dos filmes sobre o enfrentamento da luta armada pelo regime militar. São cenas comoventes.
A senhora idosa, a família triste em volta, a fotografia de um rapaz ou de uma jovem. Alguém da família fala com saudades do ente querido, que era uma pessoa bondosa, idealista, amante da liberdade e lutara para derrubar a ditadura militar no Brasil nos anos 60-70. Conta que ele ou ela foram presos, desapareceram, foram assassinados ou barbaramente torturados (coincidentemente todos sempre foram barbaramente torturados, como se não fosse o bastante ser torturado). Em seguida, a cena muda para imagens de violência e misturam a realidade dos conflitos de rua com a fantasia de películas que mostram a tortura como se fosse algo institucional.
Por outro lado, a mídia, em parte domesticada e facciosa, não divulga os crimes hediondos dos ex-guerrilheiros. Imaginem os assassinatos do Tenente PM Mendes Júnior, abatido a golpes de coronha de fuzil quando prisioneiro de Lamarca, este um falso herói criado pela esquerda radical, na realidade um desertor e fora da lei; o do Capitão Chandler dos EUA, crivado de balas diante da esposa e do filho, após ser condenado à morte por um espúrio tribunal revolucionário da ALN, organização terrorista que, com tais credenciais, buscava tomar o poder e se tornar governo; o do Soldado Mário Kozel Filho, cujo corpo foi destroçado por um carro bomba; e o do guia da força legal no Araguaia, torturado, mutilado e assassinado diante dos pais por guerrilheiros do PCdoB.
A lista é imensa. Foram cerca de 119 mortos, vítimas diretas, e muito sofrimento causado a seus familiares pelos grupos armados. Mas estas verdades não são reveladas ao cidadão para o resgate da verdade histórica. As imagens desses irmãos e irmãs brasileiros, que também tinham sonhos e nobres atributos, e as de seus sofridos e não indenizados familiares, não são divulgadas e enaltecidas como as dos seus algozes, pois não interessam aos propósitos da propaganda ideológica dos goebbels tropicais vermelhos.
A mídia acolhe, também, o argumento de ex-militantes, como da própria presidente da República, que amenizam sua participação nos crimes da guerrilha alegando não terem participado da execução de ações armadas. Uns dizem que só faziam o apoio logístico, outros a administração financeira ou, ainda, apenas a formação política de quadros para o grupo guerrilheiro.
Ao não questionar tal argumentação, a mídia passa um falso atestado de inocência. Ora, seria isento de dolo ou culpa, por exemplo, alguém que desse apoio direto à máfia, mas não pegasse em armas? Ex-guerrilheiros não podem fugir à responsabilidade, pois sabem muito bem que foram cúmplices de crimes, inclusive dos sequestros, execuções e atentados terroristas dos grupos aos quais pertenciam. Mas hoje, estão legalmente anistiados.
A falsa imagem do regime militar repassada à Nação e massificada durante décadas é a de governos tirânicos, que eliminaram as liberdades civis, perseguiram os cidadãos e empregaram a tortura como política de Estado para desmantelar a luta armada e aterrorizar a sociedade. A verdade é que no regime militar não se torturou nem mais nem menos do que se fazia antes e ainda se faz hoje. Ao tomar por base o discutível número de 20 mil torturados, o cálculo da incidência dessa violação resulta em menos de seis por dia, em todo País, nos dez anos de luta armada.
Ora, desde a redemocratização, a televisão mostra constantemente muito mais cidadãos submetidos a tratamento desumano e violações em presídios e instituições de recuperação de menores. A Nação também sabe de torturas e assassinatos de pessoas sob a custódia do Estado ou vítimas de sua violência. Então, esta seria hoje uma velada política de Estado, haja vista os governos agirem só após a mídia levantar o problema e, ao sair da pauta o tema, tudo voltar a ser como antes?
A verdade é que essas vítimas não defendem ideologias marxistas e, por isso, a esquerda radical não se empenha por sua proteção, indenização e melhoria de suas condições de vida, nem pela punição de seus algozes. É hipocrisia condenar a tortura em apenas um período da história.
Os advogados de guerrilheiros orientavam os clientes a mentir dizendo terem confessado seus crimes sob tortura, pois os processos seriam arquivados e eles absolvidos ou teriam as penas abrandadas. Muitos assim o fizeram como tática de luta para voltar à militância revolucionária. Três décadas depois, alguns foram indenizados ou ocupam posições importantes em altas esferas da sociedade. Confessar a mentira teria consequências legais para uns e um alto custo político para outros.
Não há exemplo de guerra revolucionária comunista que não tenha sido violenta, mas não existe um caso de guerra antirrevolucionária menos traumática do que a feita pelo regime militar. Acordos dificilmente se dão entre atores de igual poder, pois sempre haverá uma assimetria, o que não torna a negociação ilegal. Seria algo surrealista os derrotados numa tentativa ilegal e violenta de tomar o poder, para implantar uma ditadura comunista, imporem a anistia a seu bel prazer.
O Brasil estava em plena abertura política, o AI/5 fora revogado, não havia lei de exceção, houve um processo legislativo com negociação aberta, participação do governo, da oposição, OAB, Igreja, artistas, imprensa e amplos setores da sociedade. Eles receberam todo o necessário para se reintegrar à sociedade. Que mais queriam? Ah! Faltaram os instrumentos para a vingança.
A sociedade apoiou o Estado contra a esquerda revolucionária, que não teve o reconhecimento de nenhuma democracia e nenhum organismo internacional de que representasse o povo brasileiro e lutasse por democracia. É hipocrisia a condenação dos governos militares por quem professava e ainda professa a ideologia de ditaduras totalitárias responsáveis pelos maiores crimes contra a humanidade como foram a URSS e a China. Se tomassem o poder, cometeriam violações no mínimo iguais às cometidas em Cuba por Fidel Castro, ícone sagrado da esquerda tupiniquim e das mais altas lideranças do País.
06 de março de 2014
Luiz Eduardo Rocha Paiva é General de Divisão, na reserva
Luiz Eduardo Rocha Paiva é General de Divisão, na reserva
Nenhum comentário:
Postar um comentário