"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

PRAZO IMPEDE OPERAÇÃO DE AÉREAS ESTRANGEIRAS NO BRASIL NESTA COPA

A ameaça do governo de abrir o mercado doméstico para companhias aéreas estrangeiras durante a Copa, como forma de reduzir preços de passagens e melhorar o serviço, dificilmente teria algum efeito prático.
 
Segundo a Iata, associação internacional de empresas aéreas, não há condição de atender uma demanda tão complexa com tão pouca antecedência.
 
"A logística é complicada. Não é ônibus. É preciso três, quatro meses de antecedência no mínimo para que as empresas consigam se programar", diz o presidente da Iata no Brasil, Carlos Ebner.
 
No domingo, a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) declarou, em entrevista à Folha, que o governo estuda liberar os voos domésticos (cabotagem) para as estrangeiras durante a Copa.
 
Ebner diz que, quando uma estrangeira pousa no Brasil, a tripulação chega ao limite das horas permitidas por lei, e não há como seguir para outro destino não programado dentro do país.
 
Além disso, as empresas precisariam montar estrutura em cada destino, com pessoal de check-in e contratos de abastecimento, manutenção, serviço de bordo etc.
 
Para o presidente da Iata, o maior desafio se dará na segunda fase do Mundial, que será definida de acordo com os resultados da primeira.
 
"Estaremos lidando com o desconhecido e não haverá tempo hábil para montar uma operação", diz. "Na primeira fase, a demanda será atendida com a nova malha que a Anac deve aprovar em breve."
 
Ele lembra que, quando a Espanha foi para a final na África do Sul, houve 65 voos extras entre os dois países. Esse tipo de operação charter internacional já é permitida e só depende da capacidade do país de receber os voos.
 
PRECEDENTE PERIGOSO
Para analistas e consultores do setor, a abertura por meio de Medida Provisória, ainda que temporária, abriria um precedente perigoso.
 
"Sou a favor da cabotagem, mas isso precisa ser feito no âmbito de uma negociação bilateral que traga benefícios para o país", diz Cleveland Prates, ex-conselheiro do Cade, órgão de defesa da concorrência entre empresas.
 
Para Lucas Arruda, sócio da Lunica Consultoria, a preocupação do governo com os preços é "legítima", mas não justifica passar por cima do Código Brasileiro da Aeronáutica (CBA), que limita a participação de estrangeiros.
 
"Se houver indício de conluio das empresas, no que não acredito, existem órgãos de defesa da concorrência e do consumidor com autonomia para tratar disso", diz.
 
"O governo não pode forçadamente ir contra a oferta e procura. Isso se resolve aumentando a concorrência, com mais infraestrutura."
 
Para Respício do Espírito Santo Junior, professor da UFRJ, a abertura do mercado doméstico de forma excepcional seria inédita no mundo.
 
"Estado de exceção é para quando se tem uma guerra ou uma catástrofe natural. Se a Copa for justificativa para estado de exceção, o que aconteceria se ocorresse um tsunami por aqui?"

 Editoria de Arte/Folhapress 


07 de janeiro de 2014
MARIANA BARBOSA - FOLHA DE SÃO PAULO

Nenhum comentário:

Postar um comentário