"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

APESAR DA PAULEIRA DO "CARTEL" PETISTA, ALCKMIN VENCERIA NO 1o. TURNO

Apesar da pauleira do “cartel” patrocinada pelo PT, Alckmin venceria no 1º turno se eleição fosse hoje. Ou: PT nunca entendeu o interior de SP


Eleição em SP
 
Pesquisa Datafolha publicada na Folha desta segunda aponta que, se a eleição para o governo de São Paulo fosse hoje, o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, seria reeleito com 43% dos votos. Antes das jornadas de junho, ele chegou a ter 52%; caiu para 40% depois da aluvião das ruas e, agora, recuperou 3 pontos. Em segundo lugar, está Paulo Skaf, do PMDB, com 19%, mesmo índice de junho. Alexandre Padilha, do PT, ainda ministro da Saúde, não conseguiu sair dos 4% e está em quarto lugar. Gilberto Kassab tinha 6% na pesquisa anterior e agora aparece com 8%, em terceiro lugar.
 
A votação de Alckmin é compatível com a avaliação de seu governo: 41% dos paulistas consideram a gestão boa ou ótima, com uma recuperação de 3 pontos em relação a seu pior momento, no fim de junho. E caiu o índice dos que acham o governo ruim ou péssimo: de 20% para 17%, chegando perto do número pré-manifestações. A situação de Alckmin, em São Paulo, é bem parecida com a de Dilma no Brasil. De certo modo, até o discurso daqueles que tentarão apeá-los do poder será o mesmo: chegou a hora de mudar.
 
Alckmin - avaliação
 
A recuperação de Alckmin é mais significativa do que parece — e escrevo isso nem tanto pelos 3 pontos a mais de “ótimo e bom” e 3 a menos de “ruim e péssimo”. Relevante é o momento em que ela se verifica. Há mais de dois meses, martela-se diariamente no noticiário a história da formação de cartel em São Paulo. Notem que não entro no mérito aqui se existiu ou não (que se investigue e se punam os eventuais culpados). O que impressiona é a fórmula: “As irregularidades teriam acontecido nas gestões Covas, Alckmin, Serra, todas do PSDB”, repete-se à exaustão, especialmente na Globo — o que vale, obviamente, como uma tentativa de condenação dos três governos e de um partido.
 
A fórmula saiu prontinha do Cade, como já se sabe, transformado numa central de vazamentos de informações, ou boatos, cuidadosamente pinçados. Os aspectos políticos mais picantes da denúncia, que tentam fazê-la explodir no Palácio dos Bandeirantes, nascem de três cartas anônimas, provavelmente redigidas por um sujeito que confessa ter combinado a forma da denúncia com Vinicius Carvalho, presidente do Cade. Mais do que isso: ele também pediu a proteção do PT e que o partido lhe arrumasse um empregão. Com um pouco de esforço, não foi difícil detectar a movimentação buliçosa do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
 
Padilha

É claro que Alexandre Padilha vai crescer. O PT é bem maior em São Paulo do que esses 4%. Noto, em todo caso, que Lula, mais uma vez, a exemplo do que se viu com Fernando Haddad, escolheu um candidato pesado. O “Mais Médicos” gerou quilômetros de notícia. Inicialmente, por conta do quiproquó com os cubanos, elas eram ambíguas. Há muito tempo, no entanto, passaram a ser positivas. Se Padilha fosse uma escolha fácil, já teria crescido. Mas não é. Vai requerer, como aconteceu com Haddad, muita saliva de Lula e de Dilma.
 
E aí está o busílis. Lula vendeu um primeiro poste — Dilma. Deu relativamente certo. Ela faz, como direi?, um bom mau governo, não é mesmo? Mais a fraqueza da oposição faz a sua força do que outra coisa. Mesmo com uma safra impressionante de más notícias para o Planalto, os adversários da presidente não conseguiram deixar claro por que querem ocupar o lugar dela. Lula vendeu um segundo poste: Fernando Haddad — e esse, vejam post a respeito, está se revelando um desastre. Lula agora decidiu vender um terceiro poste, que é justamente Alexandre Padilha.
 
Notem: se Haddad fosse um sucesso de crítica e de público, seria mais fácil vender a “mercadoria Padilha”. Mas não é o caso. O PSDB certamente saberá explorar a questão durante a campanha eleitoral. Lula dirá  que “Padilha foi o maior ministro da Saúde que o Brasil já teve” — assim, como, claro!, Haddad era “o maior ministro da Educação que o Brasil já teve”, certo?
 
Há outro aspecto importante. Se, em boa parte dos estados brasileiros, a pobreza maior está no interior — e a miséria, infelizmente, é sempre presa fácil da demagogia —, em São Paulo, tem-se o contrário. O PT nunca entendeu direito o rico interior do estado. Atenção! Não me refiro a pessoas ricas, mas a uma região do país em que uma economia rural sólida, desenvolvida, não se queda refém do discurso caritativo-estatista. A avaliação de Alckmin na capital e região metropolitana é boa, mas é muito melhor no interior, como se vê.
 
Metade da população do estado se concentra na capital e região metropolitana, mas a outra metade está nesse interior que não se deixa seduzir muito facilmente pelo discurso petista, razão do desencanto, por exemplo, de Marilena Chaui, segundo quem São Paulo tem uma “classe média reacionária”. Ela gosta é de ver os “progressistas” votando em Fernando Haddad, de braços dados com Paulo Maluf.
 
Alckmin avaliação capital e interior
 
Skaf e Kassab
 
 
Paulo Skaf, presidente da Fiesp e garoto-propaganda do Senai, obtém um resultado bastante expressivo como candidato do PMDB. Mesmo os 8% de Kassab são expressivos. Caso Alckmin não vença no primeiro turno — não será fácil —, os dois estarão unidos a Padilha, pouco importa quem seja o segundo colocado na disputa. E aí, claro!, dona Chaui virá a publico para nos explicar por que Alckmin é um conservador e Skaf e Kassab são dois progressistas desde criancinhas. Ah, sim: depois dessa pesquisa, as franjas do estado policial ficarão ainda mais assanhadas.
 
02 de dezembro de 2013
Reinaldo Azevedo - Veja

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