"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 14 de dezembro de 2013

"AINDA PIOR"

Há exatos sete dias, eu fazia neste espaço algumas observações sobre os resultados desastrosos que o Brasil obteve na última edição do Pisa, o exame internacional de avaliação de estudantes. Bem, a situação pode ser ainda um pouco pior do que parecia.
 
Ao longo da semana, o assunto foi debatido em blogs de especialistas como Simon Schwartzman e João Batista Araujo e Oliveira e surgiram não poucas dúvidas sobre a tímida melhora que o Brasil registrou. A pergunta mais fundamental foi colocada pelo próprio Simon: por que só em matemática? Por que não observamos avanços semelhantes também em leitura e ciência, as outras áreas avaliadas pelo Pisa, como seria de esperar se a educação brasileira estivesse melhorando de forma razoavelmente consistente?
 
E vários outros problemas foram levantados. Creso Franco sugere que o Pisa pode ter incorporado algumas questões mais fáceis para aumentar o nível de discriminação do exame para os alunos de países pobres. João Batista sustenta que a amostra usada para compor o Pisa 2012 sobrerrepresentou os alunos mais avançados, inflando os resultados.
 
Mais ou menos na mesma linha, André Portela sugere que os pontos que ganhamos são mais bem explicados pela redução da distorção idade/série do que por melhoras qualitativas no sistema de ensino.
 
As dúvidas são pertinentes e as hipóteses, mesmo as menos abonadoras, precisam ser seriamente investigadas. Seria um desastre se os números oficiais da educação, sempre tidos como de boa qualidade, passassem a ser vistos com desconfiança, a exemplo do que já ocorre com a contabilidade econômica.
 
Não importa qual seja a reforma educacional de que o Brasil precisa, ela só vai dar certo se o ensino passar a ser tratado como uma questão de Estado, não como uma peça de propaganda que este ou aquele governo possa usar a seu favor.

14 de dezembro de 2013
Hélio Schwartsman, Folha de São Paulo

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