"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 14 de dezembro de 2013

JUS SPERNIANDI

 


 
Todo condenado, com ou sem razão, tem direito de espernear. Por isso, quando vi o mensaleiro José Genoino, com o braço levantado – gesto que poderia indicar uma furunculose no sovaco, mas que era apenas uma saudação à la Hitler –, entendi a provocação.
Enrolado numa toalha suja de mesa de boteco, caminhando para a prisão, imaginei sua frustração, e não só a dele, mas também a dos outros mensaleiros condenados por um tribunal cujos membros, em sua maioria, atenderiam, presumivelmente, as conveniências da seita que os indicou. Podem ter imaginado que estaria tudo dominado. Engano, ledo engano. Também se presume que os ministros são cidadãos de reputação ilibada e de notável saber jurídico.
Acho os acontecimentos desse tempo até interessantes: parecem uma nova versão da história da revolta de Canudos, chefiada por Antônio Conselheiro, guerrilheiro e líder fanático que arrebanhou para seu bando terrorista um mundo de gente, entre ex-escravos, índios, desocupados e desorientados pela seca no sertão nordestino. Já naquele tempo (1830) se falava, como agora e sempre, “dazelites”. Conselheiro e seus fanáticos asseclas foram derrotados pelo exército.

Antônio começou sua revolta quando flagrou sua esposa em traição conjugal com um sargento de polícia. Brasilina Laurentina era um tipo brejeiro, precursora das amantes e mulheres modernas que gostam de acompanhar seus maridos e amantes em suas inúmeras viagens ao exterior. Brasilina viajava pelas caatingas e pelos sertões bravios, uma vez que ainda não existia Brasília, e tinha parecença com Iracema, aquela cearense dos lábios de mel, de que fala o canto das sereias das praias de Fortaleza. Era amante à moda antiga, diferente das amantes dos líderes modernos, que também lideram os fanáticos para lutar contra “azelites” e detestam sertões, poeiras e pobres, além de usarem uma estrela vermelha no peito.

MOLE E DURO

Genoino, homem de coração mole e duro ao mesmo tempo, foi condenado, acho, porque caçava passarinhos no Araguaia com a um bando de desocupados que, à moda de Conselheiro, queriam a implantação de um sistema de governo que fosse fidelíssimo ao comunismo russo ou coreano do Norte.
Um seu irmão, que hoje é deputado, líder do PT na Câmara, certa vez se rebelou contra o sistema bancário do país e passou a fazer suas transações financeiras por meio de um seu assessor que tinha a estranha mania de transportar dinheiro na cueca. Mas como? Cem mil reais na cueca? É… cada malandro tem suas tretas.

Genoino também é estranho, pois, apesar de sofrer de graves problemas cardíacos, superados graças aos recursos modernos da medicina, sobreviveu forte, pronto para gozar uma cadeia que pode ser no sistema meio aberto, igual ao do amigo de temporada Zé Dirceu, um dos maiores gerentes de hotéis da atualidade, também terrorista de bons costumes, que viveu casado 11 anos com uma mesma mulher sem que ela nem de longe soubesse que ele não era ele.
Bem, aquele amigo, amicíssimo, de Rosemary também…

14 de dezembro de 2013
 Silo Costa

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