"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 12 de outubro de 2013

QUEM SÃO OS FANFARRÕES?

Artigos - Governo do PT 
Vamos nos divertir? Comento abaixo o texto "Lobão e o marketing da censura", de Michel Arbache, publicado no blog do militante petista (ver rodapé) Luís Nassif.


1. “O novo colunista da revista Veja, Lobão, já tem pauta quentíssima para os próximos dias: a ‘censura’ que teria sofrido no Youtube.”

Teria? A conta dele foi ou não suspensa? Com a palavra, Michel:

2. “É que o canal de vídeos, de propriedade da Google, suspendeu a conta dele no espaço”
Ah tá.
3. “sob a alegação de que o usuário teria exibido ‘sexo explícito’, o que ‘viola as diretrizes da comunidade’.”
“Sob a alegação”... incorreta, falsa, mentirosa, caluniosa, difamatória – aquelas palavrinhas que Michel evita, é claro.
4. “Isto bastou para que Lobão, o novo neocon do pedaço, fizesse um barulho enorme no seu perfil no Twitter,”
“Isto bastou”... Bastou sofrer uma censura básica e – imagine – Lobão já sai reclamando. Michel preferia que Lobão ficasse caladinho, sem mover uma palha para reativar sua conta. Esquerdista é assim: quando não pode remover os instrumentos de legítima defesa da vítima, sempre condena a reação da mesma como exagerada.
5. “acusando a ‘censura’ que, segundo ele, teria como alvo o bate-papo por videoconferência”
“Segundo ele” ou segundo a mensagem do Youtube, disponível para quem quiser vê-la? É próprio do impostor intelectual dar ao fato comprovado o caráter de versão interesseira do adversário que despreza.
6. “que teve com Olavo de Carvalho, um fanfarrão que não é levado a sério nem pela direita nem pela esquerda.”
Pelo visto, Michel também fez o cursinho do Renato Janine Ribeiro, "Como falar do best seller do Olavo de Carvalho". Parece que foi aprovado com nota 10. Parabéns! Curioso é que o livro do “fanfarrão” do Olavo – organizado por mim - esteja nas listas dos mais vendidos do país, com resenhas e recomendações de intelectuais e até de políticos considerados "de direita" pela esquerdaenquanto Michel, cuja página no Facebook é um deserto de curtidas e compartilhamentos, está cavando espaço no site de Luís Nassif, aquele que o presidente do PT, Rui Falcão, admitiu fazer parte da militância virtual do partido e que – santa fanfarronice - conta com patrocínio da Caixa Econômica Federal. Como poderíamos não levar a sério um sujeito de tamanha competência? Precisamos com urgência de teses de mestrado e doutorado sobre a sua lamentavelmente esquecida obra feicebuquiana.
7. “Houve até quem, devidamente ‘retuitado’ por Lobão, apontasse a ‘censura’ como o ‘início do Marco Civil da Internet da Dilma’.”
Michel tem razão de reclamar disso. O início do ‘Marco Civil da Internet’ já ocorreu há muito mais tempo. Rui Falcão é testemunha de que o PT nunca precisou de ‘marco’ para fazer guerra virtual. (Que o digam os 50 perfis falsos a serviço do governador petista do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, em seu Twitter.) Aliás, será que Michel já fez o seu cadastro ou o Nassif lhe deu uma pulseirinha Vip? Já está dando oficina também ou ainda não chegou a esse patamar? 
8. “No dia seguinte, o Youtube reconheceu que houve um ‘erro de avaliação’ e devolveu o perfil de Lobão.”
“Reconheceu” ou “teve de alegar” essa sonsice justamente em função das reclamações públicas que mobilizaram os famigerados internautas contra a censura? Com a palavra, Michel:
9. “Pessoalmente, não tenho motivo algum para confiar no que diz o Youtube;”
Ah tá.
10. “muito menos no Lobão.”
E o que isso tem a ver com a história? Não tem motivos para “confiar” que o Lobão tinha motivos para reclamar? Os motivos estão disponíveis. Ou Lobão não podia era reclamar tanto? Qual seria assim um limite de reclamação tolerável, segundo os padrões de Michel, para não parecer que o sujeito censurado está se aproveitando da censura para se promover? Quantos posts? Quantos tuítes? Quantos vídeos? Vamos estabelecer uma cota de reclamações para censurados também? Enquanto Michelzinho não responde, vou traduzi-lo assim: “Pessoalmente, não tenho motivo algum para confiar no que diz o Youtube; mas o Lobão é feio, bobo e chato, e eu não gosto dele. Manhêêêêêêê, cabei!”
11. “Desde o ‘Caso Salman Rushdie’, em 1989, aprendi que a censura é o melhor marketing que já inventaram para uma obra, ou, [sic] autor. Para quem não conhece ou não lembra do caso do escritor indo-britânico, ele foi condenado à morte por um líder do Irã por ter publicado o livro ‘Versos Satânicos’, que conteria ‘blasfêmia contra a fé islâmica’. O fato é que o escritor, com tal ‘sentença’, ganhou o mundo e potencializou as vendas do seu livro.”
Se “o fato” é o sucesso de vendas de Rushdie, será que ser condenado à morte e viver escondendo-se de terroristas são apenas detalhes que não justificam esse efeito colateral? Com a palavra, Michel:
12. “Evidente que, a despeito do involuntário sucesso, isto só levou aborrecimento para a vida de Rushdie e foi um golpe contra a liberdade de expressão.”
Ah tá. “Involuntário sucesso”, gostei. Mas...
13. “Mas o fato é que, hoje, a censura figura como ótima propaganda – por estupidez do censor ou pela esperteza do censurado.”
Lá vem o fato de novo... “O fato é que”... “Mas o fato é que”... Michelzinho quer porque quer condenar as vítimas de censura pelo suposto crime de que ela – a censura – lance alguma luz sobre as obras censuradas. Mais um pouco, e ele até confessa que deseja uma condenação à morte para ganhar mais curtidas no seu desértico Facebook. Talvez assim não dependesse mais do Nassif.
14. “Alguém poderia falar da ‘censura do Facebook’, que é algo real.”
É mesmo. Gustavo Nogy que o diga.
15. “Mas, cá entre nós, o Facebook, Twitter, Google etc nunca foram ‘redes sociais’. São empresas que, se assim julgarem, suspendem qualquer conta que venha a desagradar os seus donos – e parceiros, aliados, patrocinadores etc.”
“Mas, cá entre nós”, suspenderam as contas do Michel e do Nassif também? Ou os donos, parceiros, aliados e patrocinadores preferem suspender as reacionárias? E, se isto é assim, significa que a vítima deve deixar pra lá e aceitar caladinha, senão Tio Michel briga e diz que ela está fazendo marketing? Ui, ui, ui! Aposto que Lobão nem vai dormir hoje por parecer marqueteiro...
16. “Assim como a mídia em geral, a única preocupação que tais empresas carregam com a pratica [sic] da censura é estragar a fachada de ‘democracia’ que gostam de ostentar.”
Mais um pouco, e Michel concorda com Lobão. É a arte esquerdista de concordar condenando.
17. “Voltando ao Lobão, alguns dos seus fãs já publicam no Youtube o mesmo vídeo – o do bate-papo com Olavo de Carvalho – com a roupagem de ‘censurado’.”
Parafraseando Michelzinho: “Mas o fato é que”... ele foi mesmo censurado.
18. “Aliás, há anos circulam na internet incontáveis textos e vídeos com advertências tipo: ‘censurado’; ‘assistam antes que apaguem’...”
E isto é uma tentativa de igualar um caso real de censura com o dos internautas que só querem chamar a atenção, sem nunca terem sido censurados. Michel está aqui para confundir.
19. “Com o ‘selo de qualidade’ da censura, qualquer assunto acaba ficando mais atraente - independente de a censura ser real ou falsa.”
No caso de Lobão, real, como Michel insiste em não distinguir.
20. “No caso do vídeo do Lobão, o curioso - para não dizer engraçado - é que em certa altura do vídeo ele diz, a sério, que ‘comprar livro de Olavo de Carvalho numa livraria é como se fosse ir para uma boca-de-fumo; algo subversivo (sic)’.
Engraçado, sim. “A sério”, só na cabeça fumada de esquerdismo de Michelzinho. Lobão fez uma piada, ainda que com um sentido óbvio: se Olavo é tão difamado (pela pseudointelectualidade dominante na mídia e nas universidades brasileiras, da qual Michel é mero subproduto), comprar seu livro é algo que se faz até escondido. De resto: o que seria subsersivo hoje afinal? Publicar texto em blog de um reconhecido militante do partido governante, patrocinado pela Caixa, é que não é.
21. “Enfim, ele encontrou uma ótima maneira de transformar pérolas afins em ‘subversão’: dizer que foi censurado.”
“Enfim”, Michelzinho encontrou uma ótima maneira de criticar Lobão, sem ter de refutar qualquer coisa que Lobão tenha dito: dizer que ele diz que foi censurado, quando ele foi mesmo censurado. E parece até que Lobão passou anos e anos se aproveitando da censura sofrida, como se Michel não estivesse se referindo a um episódio que ocorreu na mesma semana de seu texto e a reclamações que, na maior parte, até então, tinham o propósito de recuperar a conta suspensa.
Mas sabe como é: Michel é o soldadinho do soldadinho de Rui Falcão, aparentemente responsável pelo trabalho de contenção da reação às canalhices da militância virtual. Ele precisa intimidar a vítima, para que ela não dê muito com a língua nos dentes.
22. “Lobão é hábil em faturar com as polêmicas”
Lobão é hábil, sim, em recuperar sua conta suspensa.
23. “– atacando pessoas ou os fantasmas que ele mesmo cria.”
Michel ataca Lobão por atacar pessoas, sem refutar uma só crítica que ele tenha feito a pessoa alguma. E ainda fala em fantasmas, mesmo diante de um caso concreto. Quem serão os fantasmas que Lobão ataca? Os censores do Youtube? Os membros do Foro de São Paulo? Ou os militantes do Rui Falcão, como Luís Nassif?
24. “Isto cairá muito bem para os leitores da Veja.”
Sinal de que ela os têm – e de que são, talvez, menos “idiotas úteis” que os do Nassif.
25. “Afinal, ficar batendo na mesma tecla da demonização da esquerda todos os colunistas da revista da Abril já fazem.”
Michel demoniza Lobão e todos os colunistas da Abril pela “demonização da esquerda”, sem refutar qualquer crítica que eles tenham feito a esquerdista algum. Como recomendava Lenin: “Xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz.” Isto sim é ficar batendo sempre na mesma tecla.
Parabéns, Michelzinho. Com sorte, Rui Falcão se lembra de você no próximo Roda Viva.

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Nota de rodapé: Para quem perdeu, eis a confissão do presidente do PT:

“[O PT] não depende só do marqueteiro. Nós temos vários tipos de militantes nas redes sociais. Você tem os grandes blogueiros, você tem aqueles que estão mais estabelecidos como o [Luís] Nassif, o Paulo Henrique [Amorim], o [Renato] Rovai, o do 'Vi o Mundo', né?, o… como é o nome dele, o 'Do Vi o Mundo'? O [Luiz Carlos] Azenha… Você tem os hackers, que (sic) nós não trabalhamos com eles. Aliás, nós fomos vítimas agora, quando tiraram o site do PT do ar. Então não há controle. Quanto mais espaço, quanto mais liberdade houver, mais eles difundem. E nós estamos tomando contado agora com experiências interessantes, como os jovens que fizeram a campanha de difusão e de mobilização de apoiadores, que é o que mais está me interessando no momento, que é ter militantes que (sic) a gente possa discutir com eles, como é o caso agora desse companheiro da casa Fora de (sic) Eixo, o Pablo Capilé.” (Rui Falcão)


12 de outubro de 2013
 Felipe Moura Brasil
 

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