Artigos - Movimento Revolucionário
Bresser-Pereira, com sua crítica oca, parece querer ser o eterno militante, agora radicalizado. A senectude não lhe serviu para amadurecer e fazer autocrítica.
Eu conheci o ex-ministro Bresser-Pereira quando fui seu aluno, na EAESP-FGV. Naquele tempo, eu muito jovem, me empolguei e li todos os seus livros.
Muito conversávamos e nessas conversas certa vez ele me disse que era um agente gramsciano. Assim, simples assim.
Naquele tempo as leituras, além do próprio Grasmci, eram livros de Althusser e equivalentes, todos autores esquerdistas querendo tomar o que chamam de “aparelhos ideológicos do Estado”. Estávamos no começo dos anos oitenta. Antes de ser economista, Bresser-Pereira gosta de se ver como cientista político.
Desde então o antigo professor ascendeu aos mais altos cargos da República e, com os anos, piorou no seu esquerdismo. Era um dos quadros proeminentes do PSDB. Depois da morte de Franco Montoro viu-se órfão e, surpresa das surpresas, tonou-se neopetista na senectude. Seus artigos publicados principalmente na Folha de São Paulo revelam um homem apaixonadamente militante e radical, esquerdista em mais alto grau.
Desde então o antigo professor ascendeu aos mais altos cargos da República e, com os anos, piorou no seu esquerdismo. Era um dos quadros proeminentes do PSDB. Depois da morte de Franco Montoro viu-se órfão e, surpresa das surpresas, tonou-se neopetista na senectude. Seus artigos publicados principalmente na Folha de São Paulo revelam um homem apaixonadamente militante e radical, esquerdista em mais alto grau.
Seu último artigo na Folha é um exemplar acabado dessa neurose esquerdista (O ataque moralista da direita). Não apenas o autor revelou cegueira ideológica, como também cegueira fática. Pretendeu defender o governo Dilma Rousseff contra os supostos ataques da direita, recordando que Lula assumiu sob suspeição, mas que não levou à frente o antigo projeto petista de expropriar a burguesia.
Como analista, Bresser cometeu equívocos fatais. Não há direita política organizada no Brasil e os poucos quadros que ainda guardam alguma coisa disso estão militando em partidos esquerdistas. Um exemplo flagrante é o de Guilherme Afif Domingos, que aderiu sem peias ao projeto petista de manutenção do poder.
Portanto, falar em direita política é fazer um exercício de saudosismo. Mais recentemente, a senadora Kátia Abreu, outrora direitista, mudou-se para a base do governo. A direita desapareceu sem deixar vestígio.
Enquanto agente gramsciano graúdo, Bresser-Pereira sabe disso muito bem. Ele lutou décadas por isso, militou, colocou o Departamento de Economia da EAESP-FGV a serviço da causa, transformando-o num eficiente instrumento para propagação da fé socialista. Mas por que Bresser-Pereira referiu-se à direita, como se ela ainda existisse?
Ele o fez porque algumas vozes sensatas se levantaram para mostrar que o modelo econômico estabelecido pelo PT é irracional e reduz as possibilidades de crescimento econômico. Aqui me lembro especificamente das críticas de Armínio Fraga e de Gustavo Franco, entre outros grandes economistas, que apontaram os principais erros na condução da política econômica. Mas esses dois economistas, como os outros, de forma alguma são “de direita”. Sempre militaram na esquerda e integraram governos esquerdistas.
Pugnar por racionalidade não transforma o sujeito em um direitista, apenas mostra que tem senso público e está preocupado com o bem comum.
Bresser-Pereira também apontou os que criticaram o desfecho do julgamento do Mensalão como arrematados direitistas.
O julgamento acabou revelando o STF como um órgão leniente e tolerante com o malfeito, facilmente conduzido para chicanas jurídicas, de tal modo que deverá minimizar as penas já aplicadas ao chamado núcleo político do Mensalão. E ainda foi mais longe, ao afirmar que José Genoíno só foi apenado porque presidia o PT, e não porque tenha cometido atos criminosos, contra todas as evidências.
Bresser faz coro com aqueles que querem dar a José Genoíno um atestado de bons antecedentes, por supostamente ele ser pobre, como se pobreza justificasse caráter e tornasse o sujeito automaticamente virtuoso.
Não a direita, mas a opinião pública, em peso, protestou contra a formação dessa casta acima da lei, que não responderá por seus crimes na proporção devida. Dizer que quem pediu a justa condenação dos mensaleiros é de direita é arrematada estupidez. Da mesma forma, dizer que quem comemorou a queda dos índices de popularidade de Dilma Rousseff é “de direita” é tolo. Ainda há forças de oposição, mas não de direita. Essas forças temem que o PT absorva o monopólio do poder.
A recente movimentação de Marina Silva, ingressando no PSB, é uma prova cabal de que o PT também sofre oposição à esquerda. Não enxergar isso é irrealismo. Bresser-Pereira, com sua crítica oca, parece querer ser o eterno militante, agora radicalizado. A senectude não lhe serviu para amadurecer e fazer autocrítica. O fato é que ele, como Fernando Henrique Cardoso, é o vitorioso com a plena realização da revolução gramsciana a que assistimos. Mas parece ser pouco para ele, pois parece ansiar mesmo pelo regime de partido único, que imporia a proibição da liberdade de pensamento e de crítica. Objetivamente, defende o totalitarismo, de triste memória.
12 de outubro de 2013
Cordeiro também comenta em vídeo o lançamento da segunda parte da biografia Getúlio, de Lira Neto.
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