"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 12 de outubro de 2013

CHAPA DILMA-TEMER PERDE NO SUDESTE PARA MARINA-EDUARDO

 
A notícia principal na pesquisa Datafolha realizada na sexta-feira (11.out.2013) é que Dilma Rousseff (PT) seria reeleita hoje no primeiro turno se os candidatos fossem apenas Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
 
A petista teria 42% contra 21% do tucano Aécio e 15% do socialista Eduardo. Ou seja, 42% X 36%. Como a margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, a fatura estaria liquidada e Dilma passaria mais 4 anos no Palácio do Planalto.
 
Mas há outros aspectos que devem ser considerados numa análise neste momento, quando ainda falta 1 ano para a eleição. O levantamento do Datafolha mostra fragilidades presentes em todas as pré-candidaturas consideradas.
 
Um dos aspectos mais relevantes trata de uma simulação qualificada de um eventual segundo turno. O Datafolha indagou aos eleitores em quem votariam se a disputa final ficasse entre as chapas de Dilma Rousseff (PT) + Michel Temer (PMDB) contra Marina Silva + Eduardo Campos (PSB). Nesse caso, o resultado muda de figura. A petista fica em situação de empate técnico no país (44% X 42%) e perde no Sudeste (40% X 44%). Eis os dados. (clique na imagem para ampliar)
 

 
Uma má notícia para Eduardo Campos é que quando ele é o candidato a presidente (e Marina Silva ocupa a vaga de vice), a vitória da dupla Dilma-Temer seria certa se a eleição fosse hoje: 46% X 37%.
 
Mas há aí também um sinal de alerta para Dilma Rousseff. Mesmo com Eduardo Campos sendo o cabeça de chapa, a petista passa um aperto no Sudeste. Ela e Temer ficariam com 41% contra 40% da dupla Eduardo-Marina. Ou seja, empate técnico. Eis os dados (clique na imagem para ampliar):
 

 
Os cenários de segundo turno são bem diferentes quando o Datafolha apresenta apenas o nome de Dilma e o de um possível adversário (situação que não existe na vida real, pois a urna eletrônica traz sempre os nomes e as fotos dos candidatos a presidente e a vice, juntos).
 
O confronto “seco” entre Dilma X Marina fica em 46% X 41% (e não os 44% X 42% do cenário qualificado, quando são informados os nomes dos candidatos a vice-presidente, quando a diferença cai para dois pontos percentuais).
 
No caso do embate “seco” Dilma X Eduardo Campos, esse eventual segundo turno é amplamente favorável à petista: 55% X 23%, uma diferença de 32 pontos. Mas o abismo se reduz a meros 9 pontos (como mostra o quadro acima) quando Eduardo é apresentado tendo Marina Silva como candidata a vice-presidente.
 
O que isso quer dizer? Que quando os eleitores são informados da situação que pode existir de fato, com a aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva, um pode realmente ajudar o outro, pois eles se transferem votos mutuamente.
 
Eis o quadro de segundo turno quando são apresentados aos eleitores apenas os nomes dos cabeças de chapa (clique na imagem para ampliar):
 


Vale olhar também os 4 cenários pesquisados pelo Datafolha para a disputa no primeiro turno (clique na imagem para ampliar):


 
Essas 4 simulações de primeiro turno mostram o seguinte, pelo menos:
 
 
  • muitos indecisos: um percentual alto de eleitores ainda diz preferir votar em branco, nulo ou nenhum (variando de 15% a 23%).Boa parte dessa turma indecisa tende a se dispersar entre todos os candidatos, na mesma proporção dos votos que cada um já tem. Só que essa regra de dispersão tende a ser incerta quando o percentual dos indecisos é maior: justamente quando os adversários de Dilma são Aécio e Eduardo Campos;
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  • Dilma vence no 1º turno só com os menos conhecidos: o cenário mais suave para a presidente petista é quando a disputa se dá contra Aécio Neves e Eduardo Campos, os candidatos hoje com menos projeção nacional. Eis a taxa de conhecimento de cada um dos pré-candidatos:Dilma Rousseff : 99%
    José Serra: 97%
    Marina Silva: 88%
    Aécio Neves: 78%
    Eduardo Campos: 57%O que esses percentuais significam? Que os menos conhecidos são os que têm mais chances de ainda conquistar novos eleitores –desde que, é claro, ao terem suas imagens mais divulgadas consigam cativar os brasileiros ainda indecisos.Chama a atenção o fato de que no caso de Eduardo Campos, meros 8% dos eleitores dizem conhecê-lo muito bem –contra 56% de Dilma, 23% de Marina, 40% de Serra e 17% de Aécio;
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  • Candidatos mais estáveis são os do PSB: Eduardo Campos tem 15% nas duas simulações em que é testado na pesquisa estimulada. Marina Silva oscila na margem de erro, com 28% e 29%. Os dois dão a impressão de terem votos mais cristalizados, pois ficam com seus eleitores independentemente de quem sejam os adversários.O mesmo não ocorre com Dilma Rousseff, cujo percentual de intenção de votos varia de 37% a 42%. Aécio Neves vai de 17% a 21%. E José Serra de 20% a 25%.
 
Outro dado relevante é a intenção de voto espontânea, quando o entrevistado é apenas indagado sobre em quem pretende votar, mas sem ver a cartela com os nomes dos possíveis candidatos. Eis o resultado (clique na imagem para ampliar):
 

 
Como se observa, Dilma Rousseff nesse gráfico não se recuperou nada desde o tombo do meio do ano. Tinha 16% em junho. Tem 17% agora.
 
Os demais pré-candidatos têm desempenho desprezível. Aécio e Marina registram 4% cada um. E Serra e Eduardo Campos empatam com 2%.
 
Esse gráfico demonstra que o grau de envolvimento do eleitorado brasileiro com o processo eleitoral ainda é mínimo: 53% dos entrevistados dizem não saber em quem votar. Outros 7% afirmam que votarão em branco, nulo ou nenhum. Ou seja, “eleição presidencial” é um tema que não faz parte do cotidiano de 60% dos eleitores.
 
Outra fragilidade dos candidatos no momento é a taxa de rejeição. Exceto Marina Silva, repelida apenas por 17% dos eleitores, todos os demais tem taxas na faixa ou acima de um quarto do eleitorado. Eis os dados (clique na imagem para ampliar):


 
Chama a atenção a taxa alta de José Serra, com 36%. É um pré-candidato que já na saída perderia o voto de quase 4 entre 10 eleitores. Ou seja, sua competitividade é baixa.
 
Dilma (27% de rejeição), Eduardo (25%) e Aécio ( 24%) são repelidos por cerca de um terço dos eleitores cada um.
 
Nesse caso, o mais intrigante é a situação de Eduardo Campos: apesar de ser pouco conhecido, já é rejeitado por 25% dos eleitores.
 
A propósito, Eduardo Campos e Marina terão de gastar ainda muita sola de sapato para informar aos eleitores sobre a aliança que selaram há poucos dias. Até porque os brasileiros parecem desinteressados pelo assunto: só 14% dizem ter assistido, ainda que em parte, o programa partidário do PSB na TV da última 5ª feira, quando Eduardo e Marina se apresentaram juntos ao país. Eis os dados (clique na imagem para ampliar):
 

 
Tudo considerado, a pesquisa Datafolha mostra fragilidades ainda presentes em todas as candidaturas. Se a disputa presidencial fosse hoje, Dilma Rousseff venceria até no primeiro turno só em um dos cenários (contra os menos conhecidos no momento).
 
Como a eleição é só em 5 de outubro de 2014, o desfecho ainda continua totalmente imprevisível.

12 de outubro de 2013
Fernando Rodrigues - UOL

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