Parece até brincadeira. Preocupado com o impacto político da recém-anunciada aliança política entre o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, com a ex-presidenciável de 20 milhões de votos em 2010, Marina Silva, o Palácio do Planalto pretende confrontar uma suposta imagem “sonhadora” da adversária Marina com o perfil de “realizadora” da presidente Dilma.
Excetuado o Bolsa Família, que foi consolidado por Lula a partir da “rede de proteção social” estabelecida no segundo mandato de FHC (1999-2003) e simplesmente tocado adiante por Dilma, e dando de barato — mesmo com dúvidas e questionamentos — que o programa “Minha Casa, Minha Vida” ande nos eixos, cabe perguntar quais são, exatamente, outras realizações da “gerentona” até agora.
* Será o crescimento ridículo da economia, com um Produto Interno Bruto que bateu nos 7,5% anuais no último ano do lulalato, caiu para 2,7% no primeiro ano da “gerentona”, desabou para 0,9% no ano passado e Deus sabe a quanto irá este ano?
* Será o descaso com a inflação, empurrada para debaixo do tapete por interferência de arrocho nos preços do petróleo e derivados e nas empresas de eletricidade — entre outras medidas intervencionistas — que, mesmo assim, não deixarão a taxa anual muito abaixo de preocupantes 6%, comprometendo uma enorme conquista da sociedade brasileira?
* Será o saldo pouco divulgado, mas decepcionante, próximo do desastroso, do chamado “Pacto de Aceleração do Desenvolvimento” (PAC), com obras atrasadíssimas, outras inacabadas e outras nem iniciadas?
* Será o pífio resultado das privatizações envergonhadas, que não atraem capital suficiente devido ao clima de insegurança jurídica criado por sucessivas mudanças de regras do jogo promovidas pelo governo?
* Será o descalabro na maior empresa do país, e uma das grandes do mundo, a estatal Petrobras?
* Será o estado triste, lamentável e prejudicial aos interesses nacionais em que se encontra a infraestrutura do país, sobretudo rodovias, ferrovias e portos — sem contar que não se consolidou 1 metro de hidrovias nem se desenvolveu a navegação de cabotagem como forma de baratear o insuportável “custo Brasil”?
* Será o desastre que é o sistema tributário brasileiro, um dos maiores entraves ao livre desenvolvimento da iniciativa privada, ao empreendedorismo e aos investimentos estrangeiros, e que a “gerentona” não moveu uma palha significativa para alterar, a despeito de ter uma supostamente imensa base de apoio no Congresso?
* Será a barafunda imoral que é nossa política e nossa legislação partidária e eleitoral, que a ilustre gerente alegou ao tomar posse ser uma de suas prioridades, e para a qual não dedicou um percentual mínimo de sua atenção e energia?
Poderia continuar com mais “serás”, mas mudo o foco deste post para fazer outras perguntas:
* Qual é a grande obra do governo Dilma?
* Além de dar o pontapé inicial em estádios de futebol para a Copa de 2014, como fez, entre outras várias cidades, em Belo Horizontes — num novo Mineirão de reforma planejada no governo do tucano Aécio Neves e concluído no governo do também tucano Antonio Anastasia, que grande obra de interesse geral do país a presidente inaugurou?
* Quem sabe como anda a construção, interminável, da ferrovia Norte-Sul?
* Quem sabe o que é feito da ferrovia Transnordestina?
* Quem ainda acredita que um dia existirá um trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro?
* Qual foi a grande rodovia ou duplicação de rodovia cuja fita inaugural haja sido cortada por Dilma?
* Que novas hidrelétricas fez seu governo?
* Quantas regiões do Nordeste as caudalosas águas do rio São Francisco estão banhando, com a transposição que não acaba nunca?
* Quando é que termina a construção da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, com prazos estourados e um calote fenomenal aplicado pelo infeliz sócio escolhido por Lula para o empreendimento — o governo chavista da Venezuela?
Para finalizar, uma ironia: nem em seu próprio terreno ideológico a presidente apresenta resultados de “grande gerente”: na primeira página do Estadão de hoje, a mesma que traz em manchete a estratégia de apresentar a presidente como “realizadora”, aparece nota informando que Dilma não assinou um único decreto de desapropriação de terras para reforma agrária em 2013.
Segundo o jornalista Roldão Arruda, este ano caminha para ser o pior em distribuição de áreas desde 1985. “Dilma pode ficar atrás até de Fernando Collor”, diz a chamada de primeira página do jornal, “o presidente que menos se interessou pelo tema em 28 anos, com quatro decretos [de desapropriação assinados]. Fernando Henrique lidera com 845 decretos em 1998″.
“Realizadora”?
07 de outubro de 2013
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