Em 8 de agosto de 2012, publicamos aqui na TI um artigo de Yuri Sanson, relatando que, em uma sessão do Supremo, realizada naquele ano, o então procurador-geral Roberto Gurgel mencionou notícias do Jornal do Brasil, de Luiz Orlando Carneiro, e, em seguida artigos de Carlos Chagas na Tribuna da Imprensa, sobre os primórdios do caso Mensalão que se tornou a Ação Penal 470.
ARTIGO NA TRIBUNA – O texto abaixo, publicado pelo Jornal do Brasil em 30/07/2012, transcrito aqui na TI por Yuri Sanson, faz referência ao artigo de Carlos Chagas, publicado na Tribuna da Imprensa de Helio Fernandes, em 28 de fevereiro de 2004:
“Em 24 de setembro de 2004, o Jornal do Brasil foi o primeiro veículo de comunicação a empregar o termo “mensalão”, em matéria dos repórteres Paulo de Tarso Lyra, Hugo Marques e Sérgio Pardellas. A informação foi creditada ao deputado Miro Teixeira, já ex-ministro das Comunicações do governo Lula, que teria sido avisado deste hábito por outros parlamentares. Em seguida o JB publicou correção informando que a fonte foi um presidente de partido da base aliada.
Seis meses antes (28/2/2004), o repórter e analista político Carlos Chagas publicara, na Tribuna da Imprensa, artigo em que já dava notícias sobre a existência de incalculáveis recursos na “tesouraria” do PT, administrados pela cúpula do partido (citados José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares), com a ajuda de um “operador profissional” (o publicitário mineiro Marcos Valério).”
DINHEIRO SOBRANDO – Chagas foi o primeiro a noticiar. A denúncia do então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) só seria feita em 6 de junho de 2005, mais de um ano depois. Até essa data, não havia ainda referência explícita à existência de um “mensalão” pago a parlamentares para apoio automático aos interesses governistas. Em seu artigo na Tribuna, em 28 de fevereiro de 2004, depois de comentar que “ruim de grana o PT nunca esteve”, Chagas assinalou:
“Foi a partir da recente campanha presidencial, porém, que o dinheiro começou a sobrar. Com a posse do presidente Lula e a nomeação de milhares de petistas para a administração federal, mais recursos apareceram. A preocupação do presidente anterior, José Dirceu, e do atual, José Genoino, passou a ser como administrar a bolada, cujo montante, para dizer a verdade, só uns poucos conhecem. Mas é muito grande. Quem passou a sofrer foi o diretor-financeiro do PT. Delúbio Soares jamais pensou em tornar-se banqueiro ou investidor no mercado.
Assim, para ajudá-lo, foi buscar um operador profissional, encontrado na pessoa do publicitário mineiro Marcos Valério, da SMPB, de Belo Horizonte. Agência por sinal aquinhoada em 2003 com contratos de publicidade no valor aproximadamente de R$ 150 milhões, provindos do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Correios e Telégrafos e Petrobras.
Há algum tempo a capital mineira funciona como uma espécie de caixa central do PT, de onde flui numerário bastante para as despesas partidárias, agora com ênfase para as campanhas de outubro. No caso, até servindo a outros partidos, como o PP, PL e PTB, cujos emissários não raro deixam o Aeroporto da Pampulha com malas recheadas, em espécie”.
###
PS – Chagas era assim. Fez a denúncia em primeira mão, dando nome aos bois e citando Dirceu, Delúbio, Genoino e Valério, que seriam condenados à prisão, e jamais se vangloriou disso. Para ele, era um artigo como qualquer outro. Hoje, reza-se missa de sétimo dia pelo nosso amigo, que foi se juntar a Castello Branco, Villas Bôas Correia, Oyama Teles, Antonio Vianna, Jair Rebelo Horta, Berilo Dantas e tantos outros colegas do Clube dos Repórteres Políticos, que ele criou e presidiu. (C.N.)
03 de maio de 2017
Carlos Newton
Nenhum comentário:
Postar um comentário