"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

LAVA JATO DIZIMA A POLÍTICA E ABRE ESPAÇO PARA UM DONALD TRUMP À BRASILEIRA

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Charge do Marcelo Tolentino (Folha)
A notícia de que Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula da Silva (PT) e Michel Temer (PMDB) ainda tentam costurar um acordo de salvação para a classe política, fragilizada pelo avanço das investigações, tem de ser considerada Piada do Ano. O mais incrível é que essa articulação esteja sendo conduzida pelos indefectíveis Nelson Jobim e Gilmar Mendes, que parecem não ter medo do ridículo. Não é possível que não haja quem comunique a esses senhores dos anéis que tudo já acabou. A delação da Odebrecht está criando um marco na História do Brasil. A partir de agora, vai terminar a chamada Velha Política, para dar lugar a uma Nova Política. É isso que está acontecendo, tudo desmorona em torno deles, mas FHC, Lula e Temer fingem que ainda estão em terra firme.
E ainda vêm aí as delações da OAS e do ex-ministro Antonio Palocci, assim como as prisões de Lula da Silva, Guido Mantega e até mesmo de Dilma Rousseff, que, em seus delírios, pensa que tem corpo fechado na encruzilhada da corrupção, mas pode acabar punida pelo conjunto da obra.
ESQUERDA DIZIMADA – O resultado dos 30 anos de corrupção (no dizer de Emilio Odebrecht, maior especialista do país) é a dizimação da esquerda, o fortalecimento da direita e a possibilidade de uma intervenção militar, que existe mesmo, não é mais uma simples quimera. O que hoje salva a democracia brasileira é o relógio, porque as eleições gerais ocorrerão dentro de um ano e meio. Os militares estão dispostos a esperar, para ver como é que fica, até mesmo porque, desta vez, eles têm até candidato castrense (nada a ver com Fidel Castro, muito pelo contrário).
A eleição de 2018 terá 37 partidos inscritos e todos eles podem lançar candidatos à sucessão. Vai ser uma festa, as opções serão múltiplas, com segundo turno na certa, mas Lula não será candidato, porque até lá o juiz Sérgio Moro já terá cumprido seu dever, se é que não o fará no próximo dia 3, de corpo presente, no depoimento/velório do ex-presidente petista.
QUEM SERÁ ELEITO? – Tudo indica que a vitória será de um candidato conservador. Os envolvidos na Lava Jato não levam chance, serão dizimados no horário gratuito, caso insistam em concorrer. Entre os pré-candidatos que sobram na política tradicional, há senadores em exercício, como Álvaro Dias (PV-PR), Roberto Requião (PMDB-RJ) e Cristovam Buarque (PPS-DF), que já concorreu uma vez, quando estava no PDT.
A crise política, é claro, aumenta as chances do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que já se converteu a uma seita evangélica, foi batizado no Rio Jordão pelo Pastor Everaldo Pereira e pode ganhar votos de muito fiéis.
E se esgotam aí as possibilidades de candidaturas de parlamentares que não foram envolvidos na Lava Jato e estão livres do contágio da febre amarela política.
CIRO, MEIRELLES E DÓRIA – Nessa equação eleitoral pós-Lava Jato, sobram apenas mais três pré-candidatos à Presidência: Ciro Gomes, do PDT, Henrique Meirelles, do PSD, e João Doria, do PSDB.
O destrabelhado Ciro Gomes dificilmente se elege, porque é autocarburante, pega foto à toa e tem a capacidade de se consumir sozinho. Já o ministro Meirelles é perigoso, porque tem apoio dos banqueiros e das grandes corporações nacionais e estrangeiras, que contam incondicionalmente com ele, não faltará dinheiro à campanha de Meirelles. E surge, ainda, a estonteante candidatura de João Doria, que é uma mistura de Jânio sem cachaça e de Collor sem cocaína. Sem a menor dúvida, pode se tornar um Donald Trump à brasileira.
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PS –
 Quem ganhará? Ninguém sabe. Se perguntarem em quem eu irei votar, convém repetir a mensagem daquele velho fado que Amália Rodrigues imortalizou: “De quem eu gosto, nem às paredes confesso…”. (C.N.)

14 de abril de 2017
Carlos Newton

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