Como seria de se esperar, o acidente em Paraty foi logo causando teorias conspiratórias que levantaram suspeitas sobre a morte do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki. Até mesmo o delegado Márcio Anselmo, responsável pela investigação que deu origem à Lava Jato, chegou a publicar uma mensagem nas redes sociais: “Agora, na véspera da homologação da colaboração premiada da Odebrecht, esse ‘acidente’ deve ser investigado a fundo. Sinceramente, se essa notícia se confirmar, é o prenúncio do fim de uma era!”. Embora não afirmasse que houve conspiração, Anselmo achou melhor logo apagar o texto, que viralizou nas redes sociais.
Mas a existência de testemunhas e a revelação da amizade entre o ministro do Supremo e o empresário Carlos Alberto Filgueiras, que também morreu no acidente, foram desfazendo as teorias conspiratórias, que chegaram a ser noticiadas até na imprensas internacional.
TEMPESTADE DE RAIOS – Thais Martins, ouvida pela GloboNews, estava em um passeio de barco pela região e presenciou uma tempestade de raios momentos antes da queda do avião. Segundo Thais, muitas embarcações retornaram à costa devido ao mau tempo.
Outra testemunha, Lauro Koehler, deu mais detalhes. Ele estava a bordo de um pequeno barco na baía de Paraty quando presenciou a queda da aeronave, em meio a condições climáticas adversas e chuva forte.
– “Estava chovendo demais no momento, a visibilidade era zero. De repente, vimos um avião passando perto da gente, que começou a fazer uma curva de 180 graus. Ia em direção ao aeroporto e começou a voltar. Foi ficando inclinado, a ponto da minha esposa gritar:“Esse avião vai cair!”. O avião estolou e caiu. Nós presenciamos a manobra e a queda. Ele fez a curva muito inclinado. Ele forçou demais a manobra de retornar. Estava inclinado demais” – relatou Lauro Koehler à GloboNews, especulando que, pela inclinação da aeronave, o piloto estivesse tentando desviar de um morro nas proximidades.
IA MESMO CAIR – “Tínhamos a sensação de que ele ia cair, mesmo antes do acidente. O avião bateu com a asa direita no mar. Levantou uma coluna d’água de uns 50 metros. Fomos até lá, mas sem nenhum equipamento. O rapaz do barco chamou as autoridades pelo rádio. Tentaram levantar o avião e descobriram que tinha uma mulher viva. Se esforçaram para abrir a aeronave para tirá-la, mas ela não resistiu, escorregou para o fundo do avião. Sem dúvida, foi um choque” – disse Lauro Koehler.
Seu relato mostra que houve uma conjunção de fatores, pois as condições climáticas eram muito adversas e o piloto fez uma curva fechada demais. E Lauro Koehler mostrou até ter conhecimento de aviação, pois afirmou que o avião “estolou”, um termo técnico que significa perda de sustentação.
Diante desse relato detalhado e preciso, insistir em teorias conspiratórias sobre o acidente mostra ser perda de tempo. O importante agora é a definição do que vai acontecer com Lava Jato.
20 de janeiro de 2017
Carlos Newton
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