"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

EM PLENO CAOS, TEMER TENTA CRIAR UMA ONDA DE OTIMISMO COM A INFLAÇÃO EM BAIXA


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Charge do Samuca, reproduzida do Diário de Pernambuco
Antes da morte do ministro Teori Zavascki, já estava definido no Planalto que o governo dará início a uma grande ofensiva que terá a economia como ponta de lança para tentar criar uma onda de otimismo no país. Pesquisas qualitativas realizadas pelo Palácio do Planalto indicam que se abriu uma janela de oportunidade para que o presidente Michel Temer possa sair da retaguarda e convencer parte da população de que as medidas tomadas por ele até agora estão trazendo ganhos para o país. Temer focará o discurso, sobretudo, na queda da inflação e na redução da taxa de juros. Garantirá que o Brasil está muito próximo de sair da recessão e de retomar o crescimento sem sobressaltos.
Nos últimos dias, a equipe econômica tratou de municiar o Planalto de números e gráficos para comprovar o que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vem dizendo: o pior da recessão ficou para trás. O Planalto acredita que Temer poderá se contrapor, com a economia, ao noticiário negativo que está dominando a pauta: a falência do sistema penitenciário. A guerra de facções que já matou mais de 100 presos mostrou o quanto a ineficiência dos governos permitiu que um Estado paralelo se instalasse no país e fizesse valer sua lei que pune os cidadãos de bem.
ARRUMAR A CASA – A ordem no Planalto é martelar, nos discursos oficiais e em declarações públicas, que o governo está conseguindo arrumar a casa. Que o estrago provocado pela administração anterior está sendo corrigido por meio de medidas corretas, sem pressa, mas com vigor. Temer já foi apresentado a uma série de números que apontam para o início da recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) a partir do segundo trimestre do ano. Ele foi convencido de que o resultado do crescimento, ao fim de 2017, será muito melhor do que o incremento de 0,2% previsto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e do que o 0,5% estimado pela média do mercado financeiro.
Um dos técnicos que trabalhou no levantamento dos indicadores econômicos entregues a Temer diz: “Não há nenhum otimismo exagerado, pois não há razão para isso. O que se pode afirmar é que saímos do ceticismo para um quadro de leve confiança”.
Ele ressalta que a decisão do Banco Central de acelerar o corte da taxa básica de juros (Selic) foi fundamental para abrir uma luz no horizonte. “Mesmo os mais pragmáticos acreditam que, com a continuidade da redução da Selic e a inflação se mantendo próximo ao centro da meta, de 4,5%, as pessoas começarão a perceber que a vida deixou de piorar”, acrescenta.
MAIS ARGUMENTOS – Além das perspectivas melhores sinalizadas pelos números, o Planalto está satisfeito com o retorno político da baixa dos juros de 13,75% para 13%. A maior parte dos líderes dos partidos da base aliada assegura que, a partir de agora, terá mais argumentos para convencer deputados e senadores a votarem favoravelmente à reforma da Previdência, cujo projeto deverá ser aliviado. “Nossos aliados estão compreendendo que todos os esforços empreendidos até agora para se fazer um esforço fiscal consistente resultarão em ganhos políticos. Se a economia for bem, todos serão beneficiados”, frisa um ministro.
O discurso de Temer será o de que, com a inflação sob controle e os juros em queda, famílias e empresas poderão renegociar dívidas e voltar a ter acesso ao crédito. A reativação da indústria e do comércio tenderá a estancar o desemprego. Mês a mês, destacam assessores do presidente, o total de vagas fechadas será menor. “Temos recebido relatos de empresas dispostas a retomarem os investimentos. No exterior, cresceu o interesse por papéis de empresas brasileiras. Isso mostra que estamos voltando a um quadro mais parecido com a normalidade”, reforça um técnico palaciano.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Vicente Nunes, editor-executivo do Correio Braziliense, é um dos jornalistas de maior destaque em Brasília. Seus artigos funcionam como um termômetro do clima no Planalto e mostram que as autoridades quase sempre estão sempre delirando, porque o país enfrenta tantos problemas simultâneos, que não há espaço para otimismo. (C.N.)


20 de janeiro de 2017
Vicente Nunes
Correio Braziliense

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