Nem o mais ingênuo dos europeus deixou de entender na semana passada a crueza da fala e a amplitude da estratégia da premiê britânica Theresa May. Em seu primeiro pronunciamento oficial sobre os passos que serão dados na direção da saída do Reino Unido da Comunidade Europeia, ela foi cortante: o “brexit será duro”. A definição não poderia ter sido mais adequada para quem, na sequência, anunciou que “haverá rompimento” com o mercado comum europeu porque os britânicos veem novos horizontes em diversas partes do mundo (incluído o Brasil).
A fala foi além: “quero novos parceiros, e não nos interessa ficar meio dentro e meio fora da União Europeia. O mercado único nos impediria de negociar com liberdade nossos acordos”.
Munida da certeza de que a Europa se desmantela, Theresa May mostrou-se calculista à essa altura de seu discurso, estendendo a possibilidade de firmar novos compromissos comerciais com o próprio mercado comum europeu que ela abandona – como alguém, forte, que oferece a mão ao mais fraco.
NACIONALISMO – Para um país que saiu dividido do referendo que avalizou o brexit, o radicalismo nacionalista da premiê caiu bem: a libra teve boa valorização após semanas em queda e agentes financeiros aplaudiram expressões por ela utilizadas, como, por exemplo, ”recuperar o controle” e “pisar no acelerador”.
O jornal Daily Mail resumiu o atual momento da história britânica em uma oportuna charge em que Theresa May aparece pisando na bandeira da União Europeia e sugere que os britânicos parecem estar gostando de vislumbrar na premiê uma segunda “dama de ferro” – título que acompanhou Margaret Thatcher, baronesa de Kesteven, nos onze anos em que governou a Inglaterra, entre 1979 e 1990.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Para o Brasil, a posição de Theresa May pode ser muito proveitosa. Estamos precisando exportar para países que tenham moeda forte e paguem em dia. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Para o Brasil, a posição de Theresa May pode ser muito proveitosa. Estamos precisando exportar para países que tenham moeda forte e paguem em dia. (C.N.)
23 de janeiro de 2017
Antonio Carlos Prado
IstoÉ
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