"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

ANTOLOGIA POÉTICA DE ANTONIO FILGUEIRAS LIMA

Razões desta edição

Cônscio da grave responsabilidade que lhe compete no processo de desenvolvimento cultural do Ceará, o Governo do Estado, por intermédio de sua Secretaria de cultura, está vivamente empenhado na meritória tarefa de promover e estimular a expansão das ciências, das letras e das artes em nosso meio, haja vista a excelente e vasta programação, ora levada a efeito, que abrange todos os setores da Cultura.
No elenco dessas importantes iniciativas de que se ocupa

atualmente a pública administração figura, obviamente, o plano editorial, que tem o alevantado propósito de divulgar as obras de real valia de escritores cearenses, reeditando-as ou editando-as, de sorte a propiciar à comunidade alencarina e, especialmente, à juventude, a sadia oportunidade de melhorconhecer as idéias generosas e as belas concepções do espírito, em cujos ensinamentos devemos buscar, incessantemente, inspiração e força para contribuir, sempre e cada vez mais, para a prosperidade e a grandeza da Terra da Luz.

Dentre essas obras de valor inestimável, que honram e dignificam as tradições de inteligência da gente cearense, avulta a produção literária do grande e inolvidável poeta Filgueiras Lima.

É de primeira evidência que, ao oferecer as razões da edição desta Antologia Poética, que ora vem a lume sob os auspícios do Governo do Estado, não me cabe, como titular da Pasta da Cultura, analisar a obra portentosa do poeta excelso.

Ademais, o poeta excelente, o escritor admirável, o intelectual renomeado, o orador brilhante, o professor emérito, o educador inexcedível, o administrador proficiente e o homem público invulgar, enfim, tudo isso que fez de Filgueiras Lima uma das expressões mais fulgurantes e uma das glórias mais altas da nossa terra já foi suficientemente louvado pela crítica mais abalizada.

De outro ângulo, sem embargo do reconhecimento e da admiração que devoto a essas qualidades realmente significativas, e firmemente convencido de que a verdadeira marca que define o homem, ensejando-lhe o respeito de seus coevos e assegurando-lhe, no tempo e no espaço, a lembrança sempre viva de seus feitos, que a posteridade assim imortaliza, não está apenas no seu valor intelectual, mas, antes e sobretudo, nas virtudes morais que soube imprimir aos atos de sua vida, prefiro ressaltar, nesta oportunidade, a extraordinária figura humana de Filgueiras Lima.

Com efeito, conheci o consagrado autor de Festa de Ritmos no início da década de 40, quando ingressei, como discente, no então Instituto Lourenço Filho, que ele fundara com o não menos insigne e inesquecível Paulo Sarasate, e que viria a ser, desde a sua instalação até hoje, na sua marcha ascensional, uma das melhores e mais conceituadas casas de educação desta metrópole, sabido que o Colégio Lourenço Filho se caracteriza pela obra de renovação pedagógica que implantou em nossa terra.

Inicialmente seu aluno, posteriormente seu companheiro nas lides do magistério, na direção do Colégio Lourenço Filho e no Conselho Estadual de Educação, durante mais de 20 anos desfrutei o privilégio de manter com Filgueiras Lima uma sólida e inquebrantável amizade, caracterizada pela profunda afinidade espiritual, e assim pude testemunhar, no contato longo e diuturno, a nobreza de caráter, a elevação de espírito, a grandeza de coração, a imensa bondade, a renúncia espontânea das coisas materiais, a elegância e suavidade de maneiras, a imperturbável serenidade, a inabalável coerência, o acendrado patriotismo, a intrepidez moral com que pregava e defendia suas crenças e seus ideais, a permanente lealdade, a constância nas amizades, a irreprochável conduta de chefe de família, em síntese, uma vida essencialmente cristã e, por isso mesmo, inteiramente dedicada aos ideais mais nobres e sublimes.

Fiel, sempre e intransigentemente fiel ao seu destino de poeta e educador, e, portanto, consciente da sua missão de mensageiro da verdade universal e eterna, de cujo apostolado jamais se afastou, Filgueiras Lima fez do evangelho do Amor, da Caridade, da Ciência e da Beleza a razão de ser do seu canto, da sua prédica, da sua vida.

Destarte, a divulgação de suas obras, que se acham esgotadas, se impõe de modo imperativo, como exigência mesma da Cultura, e, o que é mais importante, a fim de que as novas gerações possam assimilar o humanismo das perenes lições que o mestre nos legou, ora exaltando, como ninguém, o Ceará e a sua gente, ora pugnando, com entusiasmo crepitante, em favor da paz, da liberdade, da democracia, da solidariedade entre os homens, do respeito à dignidade humana, numa palavra, da construção de um mundo novo, mais digno e melhor.

Por tudo isto, o Governo do Estado mandou editar esta Antologia Poética, sinceramente persuadido de que sua deliberação, além de expressar justa homenagem à memória do filho ilustre, que prestou assinalados serviços à nossa terra, corresponde aos mais legítimos anseios do povo cearense e aos superiores interesses da Cultura.
ERNANDO UCHOA LIMA
Secretário de Cultura, Desporto e Promoção Social.



Quando sucedi, sem substituir, meu amigo Filgueiras Lima na Academia Cearense de Letras, tentei reconstituir sua vitoriosa carreira literária, tão bem iniciada com um livro que obteve Menção Honrosa da Academia Brasileira de Letras, aquele Festa de Ritmos, que imediatamente projetou nas letras nacionais seu nome de poeta.

Daí por diante, depois dessa estréia luminosa, a poesia, que era seu fado, seu cotidiano, sua vida, seu tormento, sua glória seu pão, seu vinho, seu fel, teve nele um constante, incansável cultor, que conseguiu conservar na sua obra a mesma linha de grandeza e de coerência, o mesmo zelo e o mesmo devotamento.

Seguiram-se Ritmo Essencial, Terra da Luz, O Mágico e o Tempo e Jardim Suspenso, festivamente acolhidos pela crítica.

É que Filgueiras Lima tinha uma visão global e particular do universo, voltado para os grandes problemas existenciais que afligem a humanidade, identificado, de pensamento e de coração, com os sofrimentos alheios que lhe feriam gravemente a sensibilidade e se refletiam nos seus versos.

O poeta abordou os temas mais diversos: o drama das nossas secas, o heroísmo anônimo do nosso homem do campo e do mar o comoviam como a tragédia da guerra, "as crianças órfãs de Stalingrado, as mulheres sem marido de Lídice, as virgens sem amor de Singapura, os homem sem liberdade dos campos de concentração".

Foi sobretudo um artista voltado para esta terra nossa, para sua gente combativa e obstinada, para os humildes, os tristes, os deserdados. Nos seus versos passam pescadores de siris, mulheres tristes cantando enquanto lavavam roupa na água suja, meninos pálidos e alegres, o jangadeiro, o caboclo, o seringueiro, Um artista de olhos abertos para a natureza transfigurada pela sua palavra, transposta com emoção para o papel, com a verdade e a beleza das coisas eternas. Um lírico, um patriota, um místico, um esposo cheio de amor, um pai cheio de ternura, um amigo feito de compreensão e solidariedade. Um poeta, no melhor sentido da palavra.

Já assinalei e repito que todos estes ângulos da sua alma tão rica de tonalidades, todos estes cantos de menestrel apaixonado pela vida, vêm numa clara linguagem que permite inteligência fácil, interpretação lógica, vêm na linguagem adequada de quem conseguiu o domínio vocabular, a utilização exata dos jogos verbais, o justo emprego de recursos virtuosísticos, que entram no processo de composição literária denunciando fiel captação, assimilação do fenômeno poético. Vêm sobretudo no melhor espírito romântico, pois romântico ele nunca deixou de ser, apesar das suas experiências néo-modernistas. E acrescento e sublinho sua força na elaboração do soneto, em que foi um mestre e de que cito, como exemplo maior, seu belo Soneto Póstumo. Esta Antologia traz uma seleção feita com inegável bom gosto, com amor e inteligência, reunindo poemas representativos da obra de Filgueiras Lima, abrangendo sua temática tão diversificada.

Pastor do seu rebanho de estrelas que ele tanto amou, que marcaram desde cedo seu destino, que o entoaram pelo céu um alto canto em louvor do poeta que morreu. ", nauta de mares impossíveis, navegou no mistério azul de todas as manhãs que o acordaram para seu ofício de jogral e de mestre.

Foi guia, caminheiro, foi mensageiro e senhor, foi palavra, foi sino, foi voz, viveu, amou, sonhou, sofreu, cantou, ajudou. Foi poeta.

Louvada seja, pois, a feliz iniciativa da edição desta Antologia, para que as novas gerações conheçam melhor Filgueiras Lima, para que aqueles que o tiveram como Professor continuem em contato com sua presença imperecível, para que os moços, que ele amou, ensinou, orientou, como educador, aprendam a poesia de quem soube, como o poeta mesmo confessa, espalhar sonhos pelos caminhos, acordar ritmos e ofertar versos aos famintos de ilusão.
Milton Dias

Uma Reedição Oportuna


Poucos poetas no Ceará, em vida, foram tão amados, recitados e aplaudidos quanto Filgueiras Lima. E poucos como ele compreenderam tão bem o sublime mistério da poesia e se curvaram genuflexos às suas investidas e manifestações. Foi o autor de JARDIM SUSPENSO (1966) um conhecedor qualificado do mundo da escrita, mas nas atitudes e enfrentamentos do cotidiano foi Filgueiras Lima um grande poeta também.

Tendo nascido predestinado para o convívio das musas, sentiu desde cedo, na sua ânsia e glória de artista, a pulsação de um rito dissoluto maior que lhe permitia contemplar e colher a sinfonia das suas emoções e celebrar com seu canto a devoção que sempre prestou à sua terra e à conquista da paz entre os homens, realizando assim a sua liturgia e os projetos da sua visão interior.

Filgueiras Lima, como já acentuou Artur Eduardo Benevides, é "um poeta de larga afirmação lírica e cuja obra resistirá certamente ao impacto do tempo, enternecendo o coração do povo, cujos sentimentos e vozes procurou traduzir, principalmente nos poemas de base telúrica, transformando o Ceará no grande personagem de suas criações".

Nasceu o poeta em Lavras da Mangabeira/Ce, aos 21 de maio de 1909, numa velha casa situada na margem esquerda do Rio Salgado, lugar de onde se permitia assistir a ondulação das águas revoltas da infância a lhe beijar os pés, a tocar os recessos profundos do seu coração, a ungir sua vocação de menino-poeta, uma das mais altas e nobres que a literatura do Ceará conheceu.

Esse passado longínquo, no qual mergulhou muitas vezes, segurando sempre um papagaio de papel de seda, a descrever "parábolas multicores no céu azul", como afirmou num dos seus mais belos poemas, foi motivo mais do que de sobra para a justificação da sua escritura literária. Mas a grande paixão pela vida, pelo Ceará como um todo e pelas malhas e seduções do amor formam como que, de maneira absolutamente luminosa, os elementos do seu concerto lírico triunfal.

Em Filgueiras Lima, seria correto afirmar, as contradições sociais e o ritmo essencial da linguagem poética, assim como a tortura da sua condição de artista, vão forjando o objeto das suas múltiplas preocupações, entre as quais o jogo permanente entre luz e sombra, entre a simbologia e a lógica da construção da palavra parecem constituir a alegoria e a unidade intrínseca da sua produção.

A excelência da sua construção poemática, pois, reside nesta tensão permanente entre a experiência que teve que vivenciar, como ser humano e como cidadão, e os apelos da sintaxe poética a atormentar a sua visão pessoal. Acho que poucos poetas, como Filgueiras Lima, foram tão longe na tentativa de superar essa ambivalência e de tirar partido desta ambivalência em proveito da literatura e do crescimento do seu ideário poético.

Faz parte Filgueiras Lima dos primeiros tempos do modernismo cearense, daquele momento heróico que vai aproximadamente de 1928 - ano da fundação do jornal O Povo e posteriormente dos seus suplementos Maracajá e Cipó de Fogo - até 1932, quando estreou com FESTA DE RITMOS, não pagando, no entanto, todos os tributos que o citado movimento exigia dos seus participantes. Soube, como poeta, se manter fiel à sua individualidade, sem perder contudo de vista a necessidade de renovação da sua mensagem intemporal.

E assim permaneceria pelo resto da vida caminhando ao longo das correntes estéticas, porém delas tirando os elementos reveladores e modernizadores da sua linguagem simbólica e de seu ritmo altissonante e essencial, responsável este último, na maioria das vezes, pela grande popularidade alcançada pela sua poesia, na qual se alternam poemas de formas fixas e versos livres compostos com muita fluidez de pesquisa e expressão, contemplando a sua poesia, no geral e no particular, um sincretismo de cores e de temas pouco visto e muito pouco também praticado por poetas brasileiros da sua geração.

Como anotou certa feita Sânzio de Azevedo, a propósito da 2a edição das poesias reunidas do autor desta Antologia, "O certo é que Filgueiras Lima, não chegando a comprometer-se radicalmente com nenhuma tendência estética - já o dissemos outra vez -, aproveitou do Modernismo a liberdade rítmica, tornando-se, por isso mesmo, um poeta com largo poder de comunicação. Em suma, um artista apaixonado por sua terra e por sua poesia, que escreveu para o seu tempo, mas buscando, acima de tudo, a intemporalidade".

Esta reedição da ANTOLOGIA POÉTICA de Figueiras Lima, publicada pela primeira vez em 1978, pela Secretaria de Cultura, Desporto e Promoção Social do Estado do Ceará, não configura, a rigor, uma leitura crítica de toda a sua produção, mas um apanhado, feito talvez de forma aleatória, de alguns dos seus melhores poemas, que igualmente podem ser arrolados entre as obras-primas da moderna poesia cearense. "Versos Cor de Rosa", "Banda de Música", "Chove no Ceará" e "Natal de Sangue" são alguns desses poemas a que me refiro.

Faz-se preciso agora que se mencione que na reedição desta ANTOLOGIA POÉTICA novos poemas foram acrescentados ao conjunto da seleção original, entre eles merecendo destaque aquele intitulado "Carnaval do Infinito", sem dúvida uma das suas mais belas realizações. A razão do acréscimo, de forma absolutamente procedente, se deve também à reedição do disco onde alguns dos poemas de Figueiras Lima foram interpretados, agora remasterizado sob a coordenação do cantor e compositor Calé Alencar, que empreende assim projeto cultural de larga envergadura, que muito enriquece o patrimônio lítero-musical do Ceará.

A ele devo o convite para escrever esta apresentação, desnecessária, a meu juízo, em face, sobretudo, do que já disseram Artur Eduardo Benevides e Sânzio de Azevedo, respectivamente por ocasião da 1a e da 2a edição das poesias completas do autor, publicadas em 1965 e 1990. Quanto aos atributos biográficos de Filgueiras Lima, cumpre destacar que ele foi em vida tudo quanto um homem público poderia almejar, fora ou em meio a uma vida atribulada de artista. Mas tendo sido o autor de FESTA DE RITMOS (1932), RITMO ESSENCIAL (1944), TERRA DA LUZ (1956), O MÁGICO E O TEMPO (1965) e JARDIM SUSPENSO (1966) um dos grandes poetas cearenses, é indiscutível que aquilo que ele acumulou como vitória fora desse mundo - o mundo da sua biografia interior - representa uma prova mais do que concreta do seu tirocínio cultural e existencial, dimensionado pelo seu equilíbrio de ser humano, de homem público e de educador.

Em Fortaleza, com Paulo Sarasate, Filgueiras Lima fundou o Instituto Lourenço Filho, hoje Colégio Lourenço Filho, um dos melhores estabelecimentos de ensino do Ceará, tendo exercido os cargos de Inspetor Regional do Ensino e Diretor da Estatística Educacional. Foi Redator-Chefe da Revista Pedagógica EDUCAÇÃO NOVA, Conselheiro e Presidente do Conselho Estadual de Educação, coroando sua brilhante carreira como Secretário de Educação e Cultura do Estado e Professor Catedrático da Faculdade Católica de Filosofia e da Escola de Administração do Ceará.

Apesar de ter dedicado sua vida à educação e de ter sido um dos mais profícuos educadores cearenses, foi na literatura que Antônio Filgueiras Lima alcançou fama e glória de que é merecedor, tendo inclusive ocupado a Cadeira no. 21 da Academia Cearense de Letras cujo patrono é José de Alencar. Na Academia, e assim em outras instituições culturais a que pertenceu, destacou-se sobretudo pela defesa que sempre fez da poesia, como âncora e castelo do seu fazer literário diuturno e transcendental.

Poeta de elevada inspiração, lírico dos melhores do Ceará, consagrado nacionalmente pela crítica literária que o tem como um dos nossos maiores poetas, Filgueiras Lima faleceu em Fortaleza no dia 28 de setembro de 1965, aos 56 anos de idade, constituindo a reedição desta Antologia uma justa homenagem ao revigoramento da sua produção, uma das mais altas invenções da moderna poesia do Ceará e do Brasil.


DIMAS MACEDO
Fortaleza, 13 de novembro de 1996

ÍNDICE

- Versos Cor-de-Rosa

- Renúncia

- Samaritana

- Aquela Carta

- Canção dos que Sofrem

- Casa Abandonada

- Desespero

- Carnaval do Infinito

- Artista

- A Cigarra e a Formiga

- Poema do Meu Brasil

- Ritmo Essencial

- Angústia

- Peregrino

- Duas Vidas

- O Poema do Meu Filho Inocente

- Exortação ao Homem Prático

- Poema do Mistério do Ser

- Poema do Vento

- Irmãos: Não Bebam Desta Água!

- Em Louvor da Enfermeira

- Brasil dos Meus Avós

- Natal de Sangue

- Ceará

- Banda de Música

- Bem-Vindo Seja

- Titã

- Mensagem de Esperança


- Balada dos Sinos

- Fortaleza

- Chove no Ceará

- Língua Nacional

- O Mágico

- O Muro

- Poema das Massas

- Taça do Tempo

- Mural

- Concílio Poético

- Lagamar

- Epístola Fraterna

- Balada do Enforcado

- País do Futuro

- Angustiado Poema da Pátria

- Canção do Raio

- Legenda

- Balada do Cinqüentão

- Fuga No. 2

- Fuga No. 3

- É Bom Ser Bom

- Fuga No. 4

- Oração

- Soneto Póstumo

- Fuga No. 5

- Bem-Aventurança

- Testamento

- Presença

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