"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

REAJUSTES PERDERAM PARA A INFLAÇÃO E OS SALÁRIOS DIMINUÍRAM NO SEMESTRE


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Charge do Nef (neftalyvieira.blogspot.com)
As negociações salariais entre empregadores e empregados no primeiro semestre de 2016 foram as piores dos últimos treze anos, revela a reportagem de Joana Cunha, edição de sexta-feira da Folha de São Paulo. As reposições perderam para a inflação de 2015 e 2016, fenômeno que marcou o final do segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso.
A matéria destaca a ocorrência em 39% dos casos. E os outros 61%? Trinta e sete por cento empataram. Somente 24% alcançaram resultados positivos.
Mesmo assim, considerando-se o índice inflacionário de janeiro a junho, mas se adicionarmos a inflação de 10,6% apontada pelo IBGE para 2015, os avanços foram nulos. E as perdas maiores do que as registradas neste exercício.
INFLAÇÃO CORRÓI – Afinal e contas, a taxa de inflação divulgada pelo IBGE já alcança 5%, de janeiro a agosto. São, assim, duas reposições acumuladas. Tal resultado era esperado, daí a importância da reportagem que o confirma plenamente.
Numa época de desemprego crescente, em que ocorre o rebaixamento do valor do trabalho humano, nada mais lógico do que a derrota dos salários para a espiral inflacionária. Uma questão, no fundo, de oferta e procura, como classificam os economistas do liberalismo. Quanto mais elevada for a demanda, menos será a oferta de remuneração. Tal processo revela-se extremamente crítico, porque influi diretamente nos níveis de consumo, e daí para os índices produtivos da indústria e do comércio. E os dos transportes que estão entre os vértices do tema econômico-social.
ETERNO DILEMA – Capital e trabalho compõem um dilema eterno à busca do equilíbrio, vamos dizer cristão, entre os dois lados. É indispensável que seja plenamente alcançado, como aconteceu no governo do presidente Juscelino Kubitschek, inclusive quando o salário mínimo, aos preços de 2016, seria de 1 mil e 950 reais, o dobro do atual e, ao mesmo tempo o maior da história brasileira. Por quê?
Simplesmente porque eram os anos dourados do desenvolvimento e da industrialização, com a redução do desemprego a patamares mínimos. Poucas empresas iam à falência. Hoje são dez mil, como reconheceu a própria Fiesp no documento que, sob a forma publicitária, divulgou nos principais jornais do país na quinta-feira.
Comentei a mensagem, neste site e acrescento agora a perda dos valores do trabalho que seguem paralelas ao fechamento de unidades industriais, ao lado de retração maior ainda de postos comerciais. É preciso mudar de rumo, porém não recalcando ainda mais os salários e sim os valorizando.
SERVIDORES – Neste processo positivo não podemos esquecer os servidores públicos federais e estaduais, como no Rio de Janeiro, perdendo cada vez por distância maior da inflação.
E, por falar nisso, temos que destacar que os reajustes salariais sempre sucedem as taxas inflacionárias, não as acrescendo.
Portando, quanto maior for a diferença, maiores serão as perdas efetivas do valor do trabalho. Menor será o consumo, maior será o desespero social. Única reação possível diante do abismo. Um precipício que tem de ser superado. É claro.

05 de setembro de 2016
Pedro Coutto

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