INOCENTANDO TEMER – Na verdade, Medina Osório tem feito questão de ressalvar a figura do chefe de governo: “Ele é uma pessoa que admiro muito, elegante, bem-intencionado, quer fazer o bem para o Brasil, ao contrário de Padilha”, disse ele na entrevista à Veja, que detonou a polêmica.
Depois, em outras entrevistas, o ex-ministro sempre atacou apenas Padilha e o governo, sem se referir diretamente a Temer. “O Planalto nunca se envolveu no processo de impeachment no Senado. Pelo menos, nunca presenciei nada”, afirmou ao Estadão.
SUPERPODERES – Neste sábado, falando à Rádio Guaíba, Medina Osório afirmou que Padilha concentra “superpoderes” na Casa Civil e tenta “confundir” a opinião pública. “Dizer que eu não tenho relacionamento no Supremo para justificar a minha saída é uma falácia, uma mentira. O Padilha, através da Casa Civil, fica espalhando essas notas maldosas, falando em nome do Planalto”, assinalou. “De algum modo eu fui alvejado do cargo em função da minha atuação no âmbito da Operação Lava Jato.”
Ao Estadão, o ex-ministro voltou a fustigar Padilha e ressalvar Temer: “Minhas críticas são construtivas. Espero que o presidente Temer consiga levar o Brasil para uma agenda de desenvolvimento. Assimilar críticas é função de um estadista. E certamente não deve se pautar nem alimentar intrigas palacianas. O fato de o ministro Padilha concentrar tantos poderes, como superministro, é certamente um equívoco. Um governo com superministro acaba mal. Daqui a pouco ele está mandando em todos os Ministérios, será o ministro da Justiça, o ministro da Defesa, o ministro da AGU, um superministro”.
CRÍTICAS PROCEDENTES – Não há dúvida de que as críticas de Medina Osório são procedentes. Em Brasília, sabe-se que Padilha já criou caso com Henrique Meirelles (Fazenda) e José Serra (Exterior), justamente os principais ministros que garantem a sustentabilidade de Temer. E o maior problema são as notícias que Padilha “planta” na mídia, com apoio de jornalistas que vivem à sombra do poder.
Neste sábado, o colunista Mauricio Lima, da Veja, publicou o seguinte: “As relações entre Henrique Meirelles e Eliseu Padilha são cordiais. Mas a equipe da Fazenda acha que as insinuações de que Meirelles é candidato a presidente em 2018 estão partindo de dentro da Casa Civil”.
REFÉM DO PMDB – Está cada vez mais evidente que Temer se tornou refém dos caciques do PMDB, todos eles envolvidos na Lava Jato ou em outras acusações, como Romero Jucá, Henrique Eduardo Alves (que tiveram de deixar o Ministério), Geddel Vieira Lima, Edison Lobão, Eliseu Padilha, Moreira Franco, Jader Barbalho, Valdir Raupp, José Sarney e o principal deles, Renan Calheiros, uma espécie de Senhor dos Anéis do PMDB. Na verdade, o presidente do Senado nunca foi amigo de Temer, porque os dois sempre disputaram o controle do partido, e por isso foi o último cacique a aderir ao impeachment de Dilma Rousseff.
Como recomenda Medina Osório, é preciso dar força para que o governo Temer tenha êxito. Mas como conseguir levar o país adiante, se o presidente está refém dos caciques do PMDB, que atuam em formação de esquadrilha, digo, de quadrilha?
A solução é Temer assumir as rédeas do governo e demitir Eliseu Padilha da Casa Civil, para trabalhar com o mínimo de tranquilidade. Mas fá-lo-á? De toda forma, o Brasil espera que Temer cumpra seu dever, como diria o Almirante Barroso.
14 de setembro de 2016
Carlos Newton
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