"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

DIFÍCIL PARA TEMER SERÁ APROVAR AS REFORMAS DA PREVIDÊNCIA E DA CLT


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Charge do Nef, reprodução do Jornal de Brasília















Se a iniciativa de realizar as reformas da Previdência e da Lei do Trabalho já era difícil para Michel Temer no início do processo de impeachment, agora tornou-se mais complicada ainda, missão quase impossível de concretizar. Se aconteceu a divisão da base governista no Senado no caso singular da não suspensão dos direitos políticos da ex-presidente Dilma Rousseff, passa a ser provável que o Congresso se recuse a restringir os direitos previdenciários consolidados ao longo dos anos.
E igualmente não aceite aprovar as modificações propostas na Consolidação das Leis do Trabalho, cuja proposta original torna possível atribuir aos acordos entre empregadores e empregados uma força maior do que a explicitada na lei, conforme O Globo, edição de quinta-feira, publica sobre o panorama pós-impedimento, reportagem de autoria conjunta de Eduardo Barreto, Catarina Alencastro, Letícia Fernandes e Isabel Braga.
DIFERENÇAS – As dificuldades de aprovação são comuns, mas existe uma diferença entre os dois projetos. Para a reforma previdenciária há necessidade de emenda constitucional. Para a CLT, apenas projeto de lei. Excetuado, entretanto, o princípio constitucional que se aplica aos direitos adquiridos.
Além destas dificuldades, surgem fatores políticos decisivos. Quais os partidos que vão se dispor a apoiar integralmente medidas de restrição social? Seria um desastre para as legendas, além de atingir diretamente senadores e deputados federais. Se vierem a seguir a orientação do Ministério da Fazenda, qual o reflexo que tal posicionamento provocaria no caminho das urnas em 2018?
Claro que os efeitos não seriam gerais, tampouco os temores. Porém os existentes já bastariam para bloquear a disposição do governo. Tenho mesmo a impressão que o Palácio do Planalto terminará recuando das investidas impopulares.
ERRO TÁTICO – Insistir nas duas reformas, através da pressão parlamentar, será fornecer argumentos a serem usados pelo PT e por Dilma Rousseff, agora na oposição, podendo se pronunciar à vontade no espaço destinado à propaganda eleitoral para prefeitos e vereadores dos quase seis mil municípios brasileiros. Dilma tornar-se-á uma principal exponencial da oposição, penso eu, porque a situação do ex-presidente Lula diante da lei é das piores, como todos percebem.
Dilma Rousseff, ao contrário, com a surpreendente decisão do Senado, decorrente da aceitação de um destaque para votação de matéria constitucional, passou a receber um atestado que a exime da perda dos direitos políticos, enquanto Lula responde exatamente pela prática de crimes comuns.
IMPOPULARIDADE – Assim, debater uma reforma que reduza direitos de aposentadoria, e ao mesmo tempo aumente o tempo de contribuição e estenda as faixas de idade, pode ser tudo menos algo popular. O mesmo se aplica à compreensão dos direitos do trabalho. São propostas que atingem os 90 milhões de empregados e servidores públicos que ainda restam no país, além de bloquear o retorno dos 12 milhões de desempregados submersos na retração da economia brasileira e tentando escapar do mar de ansiedade, no qual se encontram nadando de destino a destino, de oportunidade para oportunidade.
Na campanha eleitoral, os dois temas traduzem-se em votos. Inclusive para as urnas presidenciais de 2018, que envolvem, como é natural na democracia, o confronto inevitável pela busca do voto popular.
E o voto popular predomina sobre iniciativas impopulares. Esta a verdade.

02 de setembro de 2016
Pedro do Coutto

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