"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

PRINCIPAL INIMIGO QUE DETONOU DILMA FOI O PECADO DA SOBERBA



Dilma só se preocupava em fazer “caras e bocas”
Dilma diz que foi derrubada por um golpe do Congresso. Se tivesse o bom hábito de ler os doutores da Igreja saberia que o pecado foi dela: a soberba. Sem ouvir ninguém, sem ler ninguém, sem conversar com ninguém, ela empurrou a economia do país para o abismo. E ainda queria ficar mais dois anos brincando de casinha de boneca no Palácio do Planalto.
Encontro aqui em Salvador um mestre guardião da pátria: o doutor em economia, baiano, três vezes deputado federal pelo MDB e PMDB do Paraná, Hélio Duque, que com sua sabedoria, me mostra que Dilma não foi empurrada. Ela pulou.
1 – A pobreza do debate público no Brasil não fica limitada à sociedade. Penetra na política. A proposta do Governo de emenda constitucional para limitar o crescimento do gasto público vem sendo combatida pelos que não entendem a importância de uma gestão fiscal responsável. Sem forte ajuste nas contas públicas, impedindo que as despesas cresçam mais do que as receitas, torna-se impossível retomar o crescimento econômico. A brutal recessão que mergulhou a vida nacional na crise tem no descontrole das despesas sua origem.
2 – O Estado não é gerador de riqueza, mas arrecadador de tributos para devolver em benefício da sociedade, com investimentos em áreas essenciais para o desenvolvimento humano e econômico. Responsabilidade fiscal é um valor que deve ser cultivado pela sociedade, acima de preferências pessoais ou ideológicas. O governante deve em primeiro lugar estruturar uma boa administração econômica. Sem ela o fracasso é garantido. Governos populistas e corporativistas geram a disfuncionalidade do Estado.
3 – Grupos organizados no Congresso ensaiam, através de emendas incabíveis, torpedear o programa de ajuste e limitação das contas públicas. Desejam a perpetuação da tragédia econômica e social que pode ser vista na recessão econômica dos últimos anos: desemprego de 11 milhões de trabalhadores e um déficit fiscal de mais de 10% do PIB (Produto Interno Bruto), aumento da relação dívida bruta/PIB de 53% para 70% e déficit acumulado de mais de 400 bilhões de dólares. E uma taxa de inflação atingindo o poder aquisitivo dos assalariados, com imensa redução na inclusão social e distribuição de renda.
4 – A situação real da economia brasileira foi escondida da população por largo tempo, com a conivência dos partidos políticos que apoiavam o governo. Lamentavelmente, para muitos homens públicos política econômica e política social são coisas diferentes. Os populistas e os seus agregados infantilizados acreditam que a primeira é defensora dos ricos, poderosos e privilegiados, enquanto a segunda é uma conquista dos pobres e deve integrar o seu universo existencial. Nada mais falso. Elas estão integradas. São ligadas umbilicalmente. Os recursos gerados pela política econômica é que garantem o dinheiro para o investimento em educação,  saúde, segurança, nos programas assistenciais e nos programas sociais. Não existe política social sem dinheiro, desde tempos imemoriais. Quando faltam recursos, a desigualdade social aumenta.
5 – Até 2014, a melhoria do padrão de vida de milhões de brasileiros permitiu que muitos ascendessem à baixa classe média, comprovando que sem crescimento da economia que gera emprego e salários melhores, é impossível garantir a ascensão social. A perversa e cruel realidade foi responsabilidade de um governo que acreditava que os recursos públicos são infinitos, não aceitando disciplina e responsabilidade na administração do dinheiro público.
6 – Os parlamentares brasileiros deveriam meditar sobre essa realidade, empenhando-se na aprovação das reformas sem as quais a crise econômica se agravará.
O economista Mansueto Almeida, do Ministério da Fazenda sintetizou: “Se o Congresso não quiser aprovar a PEC contra o crescimento do gasto nem reforma da Previdência, não haverá ajuste fiscal.”
E sem ajuste fiscal, o governo terá de se financiar com juros crescentes, levando à explosão da dívida pública. Seria o descontrole da inflação e um tiro fatal na retomada do crescimento econômico.
O país está de olho no Congresso.

31 de agosto de 2016
Sebastião Nery

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