Produtores e diretores de quatro documentários que estão sendo filmados nos corredores do Congresso para retratar a crise e o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff foram alçados à categoria de protagonistas nos debates entre aliados e adversários da petista. Os filmes se tornaram uma fonte de acusações da oposição ao PT. Senadores do PSDB e do DEM falam abertamente que os petistas estariam “atuando”, direcionando falas com a intenção de contaminar a narrativa histórica sobre o afastamento de Dilma.
A cineasta mineira Petra Costa, que começou a filmar a crise desde os megaprotestos de março, vê nas críticas uma tentativa de “criminalização dos documentários” e um desrespeito aos senadores e a Dilma, que são acusados de “atuar”.
A cineasta demonstra indignação quando dizem que ela recebe dinheiro do PT, ou dinheiro público, para fazer a obra. “Me incomoda que achem que vamos fazer um filme panfletário. É um trabalho de nuances, um registro histórico. Pago os custos com dinheiro da minha produtora.”
NOTA CONJUNTA – No último sábado (27), Petra divulgou nota conjunta com outra cineasta, a brasiliense Maria Augusta Ramos. “Realizamos produções independentes. Nossas produções não estão a serviço de partido algum”, diz o texto.
Boa parte da polêmica se deve à uma terceira obra, tocada pela cineasta Anna Muylaert e pela publicitária e diretora Lô Politi, que última trabalhou com o marqueteiro João Santana na última campanha presidencial de Dilma, o que ampliou as afirmações de que o filme terá viés pró-petista. A Folha não conseguiu localizá-las para dar entrevistas.
O quarto filme é do carioca Douglas Duarte. Inicialmente ele faria uma obra mais ampla, mas esbarrou na crise. “O filme terminou sequestrado pelo impeachment”, disse ao jornal espanhol “El Pais”.
31 de agosto de 2016
Deu na Folha
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