"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

NO FIM, SÓ HAVERÁ ESCOMBROS DE BOAS INTENÇÕES


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Charge da Myrria, reprodução de A Crítica
Hoje, afinal, o país conhecerá a sentença do julgamento de Dilma Rousseff. Salvo engano, haverá a condenação, ou seja, a maioria dos 81 senadores transmudados em juízes se pronunciará pelo impeachment da presidente da República reeleita em outubro do ano passado por 54 milhões de votos. Madame será comunicada formalmente, ao tempo em que o presidente interino, Michel Temer, saberá haver sido transformado em presidente definitivo até o final do presente mandato, a 31 de dezembro de 2018.
A ele caberá reformar ou manter o atual ministério, além de tomar todas as atitudes inerentes a um presidente da República.
O Brasil dormirá por muitas noites, ou anos, na dúvida se terá sido justo ou não o afastamento de uma presidente acusada de crimes cometidos no exercício da função.
OPINIÕES DIVIDIDAS – Duas versões passam a dividir as opiniões: Dilma efetivamente cometeu crime de responsabilidade ou foi vitima de um golpe parlamentar, desferido por inspiração das elites empenhadas em desfazer o regime de realizações sociais?
Há argumentos favoráveis às duas correntes. Uma, de que Madame assinou três decretos sem consultar o Congresso e de que se valeu dos recursos de bancos públicos para sanar dificuldades de governo. Outra, de que por trás das acusações de quebra da lei, estão os interesses das elites em restabelecer  privilégios e benesses que iam desaparecendo com os avanços sociais dos últimos treze anos.
Quem quiser que opte, pois há razão nas duas interpretações. Não se justifica afastar uma presidente eleita livre e democraticamente, como também soa injustificável aceitar que um governo adote maquiar e até distorcer leis para ganhar eleições.
O resultado aí está. Para a História, dúvidas. Para a atualidade, o risco de a crise continuar abrindo suas asas e tornando o país não só ingovernável, mas rachado entre duas concepções opostas e conflitantes. E mais a certeza de que nem eleições presidenciais antecipadas ou realizadas em 2018 solucionarão o impasse. Prevaleça o interesse das elites ou a necessidade dos menos favorecidos, entre avanços e retrocessos, estaremos à espera do embate final onde não existirão derrotados nem vencedores. Só escombros de boas intenções…

31 de agosto de 2016
Carlos Chagas

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