O senador Fernando Collor (PTC-AL), alvo de impeachment em 1992 e que ainda não declarou como votará no caso de Dilma Rousseff, ocupou a tribuna do Senado nesta terça-feira e fez críticas ao governo petista. Ele afirmou que, quando passou pelo processo de impedimento como presidente, “forças conjugadas simularam uma crise política de governabilidade, forjaram uma instabilidade econômica que não existia e transformaram hipotética infração comum em crime de responsabilidade do presidente”. Collor afirmou que, hoje, o cenário é outro:
— Hoje a situação é completamente diversa: além de infração às normas orçamentárias, o governo afastado transformou sua gestão numa tragédia anunciada. É o desfecho típico de um governo que faz da cegueira econômica o seu calvário, e da surdez política o seu cadafalso. Isso até poderia ensejar um golpe de estado clássico para solucionar uma aguda crise política. Não foi o caso — afirmou o ex-presidente da República.
DILMA CRIOU A CRISE – Citando muitos documentos históricos, Fernando Collor finalizou o discurso dizendo que, hoje, o país não vive “um clima de golpe” e constatou que a crise hoje “não é fantasiosa nem orquestrada, mas originada do próprio Poder Executivo”:
— Fazendo minhas hoje as palavras de dois documentos daquele período. O primeiro diz que a constatação de que a crise que abala a nação não é nem fantasiosa nem orquestrada, mas originada do próprio Poder Executivo, que se torna assim o único responsável pela governabilidade que ele mesmo criou — disse o senador.
DECÊNCIA E FIRMEZA – Collor citou ainda um segundo documento, redigido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em 1972, e disse que o que ocorre hoje são “inúmeras dissimulações”:
— O país não vive qualquer clima de golpe. O que o povo brasileiro deseja é decência e firmeza traduzidas na transparência e probidade no trato da coisa pública. Faço minhas hoje essas palavras: Ontem, eram inúmeras as simulações; hoje, inúmeras são as dissimulações — finalizou Collor, observado por um plenário atento e silencioso.
31 de agosto de 2016
Letícia Fernandes e Eduardo Bresciani
O Globo
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