"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

O ATENTADO EM NICE NÃO FOI UMA TRAGÉDIA. A TRAGÉDIA É OUTRA.



Uma tragédia, desde Aristóteles, é diferente de um morticínio por banalidades. O que tem significado trágico é a manipulação de nossa visão.

Segundo Aristóteles, o que caracteriza a tragédia, entre outras coisas, é a imitação de uma ação importante e completa que suscite a compaixão ou o terror, tendo assim o efeito de purgar tais emoções no espectador.

A tragédia deve ser apresentada respeitando-se um limite de tempo razoável entre suas ações, de modo que o espectador não perca a perspectiva dos fatos narrados. 
A tragédia se dá, geralmente, no decorrer de um ciclo solar ou pouco mais.

Se um inimigo mata outro, não há aí nada que mereça a compaixão, ou mesmo se pessoas estranhas entre si se matam. A compaixão será despertada na tragédia quando os acontecimentos se produzem entre pessoas unidas pela afeição.

Não é conveniente, ainda, mostrar pessoas boas passando da felicidade ao infortúnio, nem homens maus passando do crime à prosperidade ou mesmo um homem perverso tombando da felicidade ao infortúnio. 
O temor nasce do homem comum, nosso semelhante, nem totalmente virtuoso nem completamente perverso, que cai no infortúnio em conseqüência de algum erro que cometeu.

Deve-se oferecer uma mudança da felicidade para o infortúnio não em conseqüência da perversidade do personagem, mas por causa de algum erro grave que cometeu. Há que se ter começo meio e fim, intriga e desenlace, peripécias e reconhecimento.

Dito isto, sob o prisma da Arte Poética, de fato o que vem ocorrendo no mundo ocidental desde o ano de 711 não poderia ser caracterizado como uma tragédia.

O que há é apenas a comoção perante a monstruosidade. Milhares de pessoas mortas estupidamente por motivações ideológicas bem definidas não é uma tragédia, não é poesia ou filosofia, mas apenas a crua e árida história.

Mesmo se considerarmos a definição mais vulgar de tragédia, como sendo qualquer coisa ruim que acontece, ainda não cabe no caso do terrorismo islâmico.

Quando acontece uma tragédia, seja no âmbito pessoal ou não, a primeira coisa que questionamos, mesmo sem qualquer possibilidade de resposta racional, é: “por quê?”
Nesse sentido uma doença, por exemplo, seria uma tragédia. 

É a mão pesada do Destino desabando sobre nós ou sobre nossos semelhantes de maneira imprevisível e inevitável. Um carro perfeitamente dentro das normas de segurança e respeitando as leis de trânsito, quando atingido por uma carreta guiada por um motorista bêbado e irresponsável sofre uma tragédia nesse sentido.

Se alguém ameaça matar outrem e assim o faz, de modo algum essa morte pode ser considerada uma tragédia, pois era um fato premeditado, avisado e previsível.

A tragédia carrega algo de inevitável, de surpreendente. 
O que ocorreu em Nice foi parte da intenção anunciada e conhecida do fundamentalismo islâmico de destruir a civilização ocidental, matar os “infiéis” e fundar um califado mundial.
William Bonner com a língua de fora


Nessa pseudo-tragédia moderna, gente inocente sofre as conseqüências dos erros de políticos, jornalistas e acadêmicos que, cegos às ameaças gritadas pelo islamismo em alto e bom som, buscam justificar o terrorismo islâmico de todas as maneiras possíveis que não seja o próprio islamismo e, dessa forma, acabam encontrando soluções equivocadas, sempre baseadas na mentalidade multiculturalista e politicamente correta.

Podemos acompanhar a cobertura do atentado em Nice da Globo News o dia inteiro que não ficaremos sabendo o porquê de mais esse ataque, quais são suas causas, qual a ideologia que apregoa tais ações. Ontem, no Jornal Nacional, a palavra “islâmico” não foi usada durante toda a cobertura do atentado.

Como Aristóteles claramente alertava como exemplo de condução dramática imoral, os maus e os covardes, aqueles que propõem soluções erradas e inúteis baseados em seus diagnósticos ideologicamente viciados, longe de amargarem o infortúnio, acabam sendo alçados à condição de sábios e “formadores de opinião”, ganhando fama, dinheiro e notoriedade.

Quem cai em desgraça é o povo comum, a multidão sem rosto cruelmente assassinada, enquanto aqueles que detém o poder para fazer algo estão seguros em seus castelos e protegidos por seguranças armados.

O atentado em Nice não foi uma tragédia, mas uma brutalidade, um crime contra a Humanidade totalmente previsível e anunciado. A verdadeira tragédia é ver pessoas comuns pagando com a própria vida pelos erros e pela pusilanimidade de uma elite política, acadêmica e midiática.

18 de julho de 2016
Tom Martins, senso incomum

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