Os anos de lulopetismo no governo foram tempos nos quais se viveu com os olhos atados ao presente
O Brasil não aproveita adequadamente seu capital humano, aponta estudo do Fórum Econômico Mundial. Entre 130 países, o Brasil ficou na 83.ª posição do Índice de Capital Humano, que mede como cada nação desenvolve e cultiva o potencial de seu capital humano.
Criado em 2013 para ser uma ferramenta de análise da dinâmica entre educação, emprego e força de trabalho, o índice tem a finalidade de auxiliar a tomada de decisões do poder público e dos agentes privados. Como lembra o Fórum Econômico Mundial, um adequado desenvolvimento do capital humano é decisivo não apenas para a produtividade de uma sociedade, mas também para o funcionamento de suas instituições sociais e políticas.
O estudo analisa a situação de cinco faixas etárias da população – menores de 15 anos, entre 15 e 24 anos, entre 25 e 55 anos, entre 55 e 64 anos e mais de 65 anos – a partir de indicadores de ensino, capacitação e emprego. Em 2015, o foco principal foi estudar os fatores que contribuem para o desenvolvimento de uma adequada, produtiva e saudável força de trabalho. Em 2016, o estudo concentrou seus esforços na busca por melhorar o desenho das políticas educacionais e o planejamento da força de trabalho do futuro.
O cenário global do capital humano está cada vez mais complexo e com evoluções mais rápidas, lembra o Fórum Econômico Mundial. Calcula-se que, até 2020, a cada dia entrarão 25 mil novos trabalhadores no mercado de trabalho, e, em todo o mundo, 200 milhões de pessoas estarão desempregadas. Ao mesmo tempo, estima-se que na próxima década haverá escassez de 50 milhões de trabalhadores altamente qualificados. Desafiador, o cenário impõe aos países repensar tanto a educação ofertada como a gestão do mercado de trabalho.
No topo do índice está a Finlândia, que, entre outros aspectos, conta com uma população jovem altamente qualificada, oferece a melhor educação primária e tem a maior taxa de ensino superior completo na faixa de 25 a 54 anos. Logo abaixo vêm Noruega e Suíça. Na quarta posição está o Japão, que se destaca como primeiro colocado nas duas faixas etárias mais altas – entre 55 e 64 anos e maiores de 65 anos. De acordo com o estudo, 19 países aproveitam ao menos 80% do potencial de seu capital humano.
Com o 83.º lugar no índice, o Brasil ficou em pior posição que Uruguai (60.º), Colômbia (64.º), México (65.º), Bolívia (77.º) e Paraguai (82.º). Aparece na frente de Arábia Saudita (87.º) e Venezuela (89.º), por exemplo.
Ao comentar os resultados brasileiros, o relatório destaca o contraste de ser a maior economia da América Latina e ter índices educacionais tão deficientes. O estudo lembra também que, na percepção dos empresários sobre a disponibilidade de mão de obra qualificada, o Brasil ocupa uma das piores posições. Entre as 130 nações, ficou em 114.º lugar nesse quesito.
Quando se olham os resultados por faixa etária, constata-se que o pior resultado brasileiro se dá entre os menores de 15 anos. Nessa faixa, obteve a 100.ª posição. Dessa forma, sem uma significativa mudança na educação básica, os resultados nacionais tendem a piorar ainda mais com o tempo, já que em relação aos outros países o Brasil desenvolve menos as novas gerações que as faixas etárias mais velhas.
O relatório do Fórum Econômico Mundial afirma que, entre os fatores que propiciam a longo prazo o desenvolvimento de uma nação, o capital humano talvez seja o mais importante. Pode-se, portanto, ver o Índice de Capital Humano também como uma comparação do real investimento de cada país em seu futuro.
Sob essa ótica, não surpreende a posição brasileira no ranking. Os anos de lulopetismo no governo federal foram tempos de desperdício de oportunidades, nos quais se viveu – por deliberada opção política – com os olhos atados ao presente. Característico do populismo, tal imediatismo tem um alto preço social. A população brasileira conhece bem essa conta.
18 de julho de 2016
Editorial Estadão
O Brasil não aproveita adequadamente seu capital humano, aponta estudo do Fórum Econômico Mundial. Entre 130 países, o Brasil ficou na 83.ª posição do Índice de Capital Humano, que mede como cada nação desenvolve e cultiva o potencial de seu capital humano.
Criado em 2013 para ser uma ferramenta de análise da dinâmica entre educação, emprego e força de trabalho, o índice tem a finalidade de auxiliar a tomada de decisões do poder público e dos agentes privados. Como lembra o Fórum Econômico Mundial, um adequado desenvolvimento do capital humano é decisivo não apenas para a produtividade de uma sociedade, mas também para o funcionamento de suas instituições sociais e políticas.
O estudo analisa a situação de cinco faixas etárias da população – menores de 15 anos, entre 15 e 24 anos, entre 25 e 55 anos, entre 55 e 64 anos e mais de 65 anos – a partir de indicadores de ensino, capacitação e emprego. Em 2015, o foco principal foi estudar os fatores que contribuem para o desenvolvimento de uma adequada, produtiva e saudável força de trabalho. Em 2016, o estudo concentrou seus esforços na busca por melhorar o desenho das políticas educacionais e o planejamento da força de trabalho do futuro.
O cenário global do capital humano está cada vez mais complexo e com evoluções mais rápidas, lembra o Fórum Econômico Mundial. Calcula-se que, até 2020, a cada dia entrarão 25 mil novos trabalhadores no mercado de trabalho, e, em todo o mundo, 200 milhões de pessoas estarão desempregadas. Ao mesmo tempo, estima-se que na próxima década haverá escassez de 50 milhões de trabalhadores altamente qualificados. Desafiador, o cenário impõe aos países repensar tanto a educação ofertada como a gestão do mercado de trabalho.
No topo do índice está a Finlândia, que, entre outros aspectos, conta com uma população jovem altamente qualificada, oferece a melhor educação primária e tem a maior taxa de ensino superior completo na faixa de 25 a 54 anos. Logo abaixo vêm Noruega e Suíça. Na quarta posição está o Japão, que se destaca como primeiro colocado nas duas faixas etárias mais altas – entre 55 e 64 anos e maiores de 65 anos. De acordo com o estudo, 19 países aproveitam ao menos 80% do potencial de seu capital humano.
Com o 83.º lugar no índice, o Brasil ficou em pior posição que Uruguai (60.º), Colômbia (64.º), México (65.º), Bolívia (77.º) e Paraguai (82.º). Aparece na frente de Arábia Saudita (87.º) e Venezuela (89.º), por exemplo.
Ao comentar os resultados brasileiros, o relatório destaca o contraste de ser a maior economia da América Latina e ter índices educacionais tão deficientes. O estudo lembra também que, na percepção dos empresários sobre a disponibilidade de mão de obra qualificada, o Brasil ocupa uma das piores posições. Entre as 130 nações, ficou em 114.º lugar nesse quesito.
Quando se olham os resultados por faixa etária, constata-se que o pior resultado brasileiro se dá entre os menores de 15 anos. Nessa faixa, obteve a 100.ª posição. Dessa forma, sem uma significativa mudança na educação básica, os resultados nacionais tendem a piorar ainda mais com o tempo, já que em relação aos outros países o Brasil desenvolve menos as novas gerações que as faixas etárias mais velhas.
O relatório do Fórum Econômico Mundial afirma que, entre os fatores que propiciam a longo prazo o desenvolvimento de uma nação, o capital humano talvez seja o mais importante. Pode-se, portanto, ver o Índice de Capital Humano também como uma comparação do real investimento de cada país em seu futuro.
Sob essa ótica, não surpreende a posição brasileira no ranking. Os anos de lulopetismo no governo federal foram tempos de desperdício de oportunidades, nos quais se viveu – por deliberada opção política – com os olhos atados ao presente. Característico do populismo, tal imediatismo tem um alto preço social. A população brasileira conhece bem essa conta.
18 de julho de 2016
Editorial Estadão
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