"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

CULTURA POP: É HORA DOS CONSERVADORES DAREM O SEU RECADO


Ao longo da campanha presidencial, os conservadores repreenderam constantemente o Presidente Obama por se esquivar dos programas de mídia onde provavelmente perguntas objetivas seriam feitas sobre questões sérias. 

Ele ignorou as críticas e passou seu tempo compartilhando sua playlist do iPod com a MTV, chamando deejays do morning zoo das estações de rádio locais e relaxando com a bajulação lisongeira das apresentadoras do The View e de David Letterman.

Parecia pouco digno para um presidente em exercício apresentar-se constantemente como uma celebridade, em vez de líder; e vamos encarar a verdade… Ele fez (e continua a fazer isso). 

No entanto, havia um método na loucura de Obama que vai além do simples desejo de conseguir exposição pública sem a necessidade de responder a perguntas sobre economia e Benghazi. 
Ele compreendeu algo (durante o tempo de seu péssimo mandato e da profunda turbulência econômica) que muitos conservadores não estão preparados para aceitar: mesmo quando o país está em chamas, há uma grande parcela do público americano despreocupada, que não tem ideia do que realmente está acontecendo ao seu redor. 
E infelizmente eles são os únicos que, no fim das contas, decidem as eleições.

Essas pessoas não obtém as notícias na mídia convencional ou até mesmo nos veículos de propaganda que se apresentam como tal. 
Eles vivem no microcosmo de suas próprias vidas pessoais e absorvem as notícias excessivamente simplificadas que lhes venham através do mundo da cultura pop. 
Por isso eles são incapazes de ligar os pontos entre as mazelas que enfrentam na vida e as decisões feitas por seus parlamentares eleitos. 
Eles não baseiam seus votos na ideologia ou nas bandeiras defendidas, mas sim no candidato que acharem mais carismático.

Então, por mais que nós tivéssemos zombado do Obama por fugir de situações onde ele iria ser confrontado, é difícil negar que a estratégia tenha funcionado para ele. 

E realmente, não deve ter sido uma grande surpresa: as celebridades sempre transcenderam a política.


Pessoas como Arnold Schwarzenegger, Jesse Ventura e Al Franken não tinham qualquer experiência política prévia antes de ganharem o posto máximo nas eleições estaduais. 

No caso de Schwarzenegger, ele foi capaz de ganhar como candidato republicano em um dos estados mais esquerdistas do país – não por causa de qualquer coisa que ele disse ou fez durante a campanha, mas porque ele era O Exterminador. Houve, recentemente, uma série de burburinhos em apoio a ideia do ator Ben Affleck de concorrer a um cargo no Senado pelo estado de Massachusetts, simplesmente porque em entrevistas recentes ele tem demonstrado um nível de conhecimento político igual ao de um blogueiro amador.

Há um poder imerecido, porém, imenso, que se adquire ao se tornar uma celebridade da cultura pop. Ser uma celebridade é uma enorme vantagem quando se trata de criar empatia com o público. 
As pessoas estão instintivamente mais propensas a dar o seu apoio a alguém cujo trabalho reconhecem e desfrutam, mesmo que esse trabalho seja insignificante para suas vidas.

Um grande problema para os conservadores, quando se trata de cultura pop, é que Hollywood tem sido hostil às suas ideias. 
Os conservadores são muitas vezes os vilões em seus filmes [de Hollywood], os alvos de zombaria em seus programas de televisão, criticados nas cerimônias de premiação e [tratados como] moralistas hipócritas. 
Ainda assim, o Partido Republicano há muito tempo evita entrar no ramo do entretenimento, preferindo, em vez disso, lutar exclusivamente em campos de batalha onde o conteúdo vale mais que a aparência.

Isso precisa mudar.

Com um público americano que agora se encontra, mais do que nunca, desinteressado por questões reais, que afetem suas vidas e seus futuros severamente, os conservadores já não podem se dar ao luxo de escolher suas batalhas evitando as que os deixem desconfortáveis. 


Pessoas de direita muitas vezes falam de como precisam exercer um papel mais importante na luta contra a influência de professores universitários e outros acadêmicos de esquerda que empurram sua ideologia aos nossos jovens. Será que isso não ocorre no mundo da cultura pop também? Esta tem muito mais influência sobre os jovens (e pessoas não tão jovens) do que professores marxistas.

Os conservadores precisam encontrar maneiras de abraçar este tipo de mídia, navegá-la e conduzir sua mensagem até o público através dos mecanismos de entretenimento. Ninguém está dizendo que será fácil ou que isso terá um impacto imediato. Afinal de contas, é um mundo que já está amplamente saturado com o ativismo de esquerda durante décadas. Mas isto pode ser feito.

A jornada deve começar com um simples despertar de consciência e ser abertamente apartidária.

Uma boa maneira de fazer as coisas fluirem seria começar a tratar [com urgência] os desafios que nosso país enfrenta “como causas” em vez “de problemas.” Problemas são chatos; causas são mais intrigantes, mais saudáveis, e demandam um senso maior de urgência – especialmente quando se dá destaque a elas.



Imagine uma série de comerciais de televisão, no formato de anúncios de serviço público, com o ator Vince Vaughn. Estou usando Vaughn como um exemplo porque ele é um dos raros conservadores em Hollywood. 

Ele também é uma celebridade facilmente identificável por quem o público tem apreço. 
Em sua franquia de comédia, com um estilo elegante, Vaughn nos dá uma explicação metafórica da bobagem que vem a ser o tempo gasto com os problemas e de como isso afeta todos (ou cada um de) nós. 

A apresentação deve ser simples, mas também deve ser feita de um modo com o qual as pessoas possam se identificar – muito parecido com os comerciais de alguns anos atrás da Apple vs Microsoft, ou o “this is your brain on drugs” da campanha da década de 1980. 
A série poderia se expandir para abordar o excesso de regulamentação, o excesso de tributação e muito mais. 
Eles deveriam ir ao ar não nos noticiários da TV a cabo, mas durante alguns dos reality shows populares do prime-time.

Isso soa simplista, mas eu diria que algo desse tipo pode dar muito mais resultado em atrair os eleitores mal informados para a realidade, sob um ponto de vista conservador, do que trinta minutos de Paul Ryan apontando uma caneta laser para gráficos de power point. Isso não é menosprezar Paul Ryan. 
Eu tenho uma grande admiração por ele e por sua dedicação em poupar meus filhos de pagarem o preço absurdo pelo consumismo desenfreado de minha geração. 
A triste realidade é que seus esforços atraem apenas as pessoas que já foram convencidas, mas muitas ainda não foram – muito mais por desconhecimento do que egoísmo.

São os votos incertos e duvidosos que os conservadores já não se podem dar ao luxo de conceder ao Partido Democrata quando se trata de eleições. 

Essas pessoas são o fiel da balança e a prioridade é fazê-los cair na real. 
Simplificar a mensagem conservadora através do mundo da cultura pop pode ser apenas uma das maneiras de fazê-lo. 
Se é dado ao conservadorismo uma roupagem atrativa, que comece a desfazer seu estigma de antipático, a maré pode começar a mudar quando as eleições estiverem próximas.

Comerciais públicos de sensibilização seriam apenas um bom ponto de partida. A mensagem deve expandir-se para as rádios FM, aos aplicativos de smartphones, ao público de cinema, e ir além. 
Estamos falando de uma mudança cultural, e se os filantropos abastados querem realmente fazer a diferença na percepção e no apoio dos eleitores, eles podem endossar essa mudança, em vez de apoiarem apenas os próprios políticos.
25 de julho de 2016
[*]John Daly. “Why It’s Time For Conservatives To Use Pop-Culture Messaging”. Bernard Goldberg, 30 de Dezembro de 2012.
Tradução: Rodrigo Carmo
Revisão: Felipe Galves Duarte

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