Em artigo colocado no site do PT, o presidente da legenda Rui Falcão afirmou que os episódios relativos ao tríplex de Lula e ao sítio de Atibaia são ficções conservadoras, inspiradas pela direita e destacadas pela mídia para promover o linchamento moral do ex-presidente da República no sentido de impedir seu retorno ao poder nas urnas de 2018.
A fantasiosa versão tornou-se objeto de ampla reportagem de Pedro Venceslau e Daiane Cardoso, no Estado de São Paulo de terça-feira, expondo a contradição evidente contida no texto do PT. Em certa altura, Rui Falcão sustenta que um dos temores do conservadorismo é que no seu retorno Lula possa dar sequência à política de reforma social que colocou em prática em seus dois mandatos.
A fantasiosa versão tornou-se objeto de ampla reportagem de Pedro Venceslau e Daiane Cardoso, no Estado de São Paulo de terça-feira, expondo a contradição evidente contida no texto do PT. Em certa altura, Rui Falcão sustenta que um dos temores do conservadorismo é que no seu retorno Lula possa dar sequência à política de reforma social que colocou em prática em seus dois mandatos.
Neste ponto, a manifestação petista embute uma crítica flagrante à presidente Dilma Rousseff, pois se Luiz Inácio da Silva, na sua visão, retomaria a política de reforma social, é porque sua sucessora interrompeu o curso dessa reforma nos mandatos que conquistou em 2010 e 2014.
CULPA DA MÍDIA
Rui Falcão culpa a mídia por divulgar aspectos envolvendo a participação de Lula no tríplex do Guarujá e no sítio de Atibaia. Enfoque ridículo, uma vez que a imprensa e as emissoras de televisão não inventaram nem uma coisa nem outra. Apenas refletiram o resultado de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público.
Quer dizer, na visão de Rui Falcão, não há nenhuma importância no conteúdo dos acontecimentos. Importante negativamente é sua divulgação. Este ângulo totalmente absurdo do artigo incluído no site do PT omite a presença da OAS e da Odebrecht no desenrolar dos fatos. Afinal de contas, qual o motivo de a OAS tornar-se proprietária do tríplex e da Odebrecht pagar parte da reforma do sítio de Atibaia?
O magnífico artigo na edição de domingo da Folha de São Paulo, Ferreira Gullar rebate antecipadamente as visões impressionistas do presidente do PT que caminha num bosque pleno de contradições. Ele, Rui Falcão, culpa os conservadores e a direita de tentarem abalar a imagem de Lula, mas esquece que a propriedade e utilização de tríplex e de sítio são características do capitalismo conservador.
CAPITAL E TRABALHO
Não quero dizer com isso, que todo capitalista seja um conservador ou um direitista, porém desejo acentuar apenas que só capitalistas podem se tornar proprietários de tríplex e de sítio. Nada contra, uma vez que tais propriedades sejam adquiridas com recursos próprios de quem tem direito deles dispor. O que é estranho é que propriedades típicas de uma situação capitalista tenham sido adquiridas por empresários e destinadas a um político reformista.
O oposto do capitalismo não é a posição revolucionária e sim qualquer posição que vise a reforma dos limites históricos entre o capital e o trabalho. Qualquer esforço também para tornar cristã a distribuição da renda entre os dois fatores eternamente produtivos.
Agora, usar métodos sombrios do capital para gozar delícias próximas ao conservadorismo constitui uma farsa total. Tanto é assim que o ex-presidente Lula, não se sabe por quais motivos, nega ser o proprietário tanto do apartamento do Guarujá, quanto do sítio em Atibaia.
Se as condições de compra fossem normais, não haveria necessidade de ocultar os bens que possui. Ficção é isso, não o que Rui Falcão sustenta como a união de forças conservadoras para impedir o retorno de Lula ao poder. Lula precisa urgentemente retornar à realidade dos fatos para voltar a estrada que poderia levá-lo a disputar a sucessão de Dilma Rousseff. Por que não procede assim?
15 de fevereiro de 2016
Pedro do Coutto
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