"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

EMPREITEIRO ACUSA EX-MINISTRO DE LOBBY PARA DESTRAVAR OBRA



Manoel Dias diz que nem conhece o empreiteiro
Um e-mail do empreiteiro Ricardo Pessoa, um dos delatores da Lava Jato, envolve o ex-ministro do Trabalho Manoel Dias (PDT) em lobby para contornar problemas trabalhistas em obras da Petrobras. O e-mail de Pessoa, dono da construtora UTC, foi entregue por ele à PGR (Procuradoria-Geral da República). As questões trabalhistas se referem à construção de plataformas de petróleo e cascos de navios, encomendados pela Petrobras à Engevix e a um consórcio formado por Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Iesa Óleo e Gás e UTC.
Em maio de 2013, as obras estavam paralisadas em decorrência da ação de uma força-tarefa do MPT (Ministério Público do Trabalho) no Rio Grande do Sul.
O MPT identificou diversas irregularidades, segundo relato do e-mail de Pessoa: jornada de trabalho “estendida, inclusive com trabalhos aos domingos e sem respeitar o descanso semanal obrigatório”, problemas com a segurança no trabalho e “condições de trabalho, o que inclui alojamentos próprios e de subcontratadas”.
Para assegurar a retomada das obras, o então ministro foi procurado. De acordo com o e-mail escrito pelo empreiteiro com o timbre de “confidencial”, Brasília “foi acionada” pela Queiroz Galvão “e provavelmente pela Petrobras também”.
SUBLOCANDO SERVIÇOS…
A partir daí, segundo Ricardo Pessoa, o então ministro do governo Dilma Rousseff “acionou” o ex-deputado estadual, também do PDT, Heron Oliveira, nomeado superintendente regional do Trabalho de Porto Alegre pela segunda vez em maio de 2013.
Segundo o e-mail, Dias chegou a “antecipar” informalmente a designação de Oliveira para o cargo, apenas para resolver o empecilho das empreiteiras, todas investigadas na Lava Jato. “O Herom [Heron] será nomeado superintendente provavelmente essa semana, mas foi ‘nomeado’ de imediato para atuar nessa questão”, escreveu Pessoa, em e-mail direcionado ao advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Aroldo Cedraz.
Pessoa explicou a Cedraz como andava o processo: “O Ministro do Trabalho acionou o sr. Herom […] e o incumbiu de resolver essa questão que envolvia as plataformas em Rio Grande”.
Apesar do “empenho” de Heron “em resolver essa questão”, Ricardo Pessoa ponderou que as obras só seriam liberadas pelos fiscais caso as irregularidades “sejam sanadas”.
Os documentos entregues por Pessoa não esclarecem se o lobby deu certo.
A Folha apurou que a fiscalização do Ministério Público do Trabalho prosseguiu ao longo de semanas. As irregularidades foram sanadas e as empreiteiras assinaram termos de ajustamento de conduta.
VIAGEM À EUROPA
Heron Oliveira, citado no e-mail como a pessoa do ministério empenhada na solução da interdição, acabou deixando a superintendência do Trabalho em Porto Alegre meses depois, em decorrência de outra operação policial, que o indiciou sob acusações de corrupção passiva e formação de quadrilha em suposto esquema de favorecimento a empresários nas inspeções trabalhistas.
Segundo o Ministério Público Federal divulgou à época, a investigação começou depois que o então superintendente e um auditor viajaram para a Europa em 2011 “com passagens aéreas pagas” pelo dono de uma empreiteira.
Oliveira ocupou o cargo duas vezes, de 2007 a 2012 e depois de maio a novembro de 2013. Em novembro de 2013, o “Diário Oficial” publicou que Oliveira foi exonerado do cargo a pedido.

15 de fevereiro de 2016
Rubens Valente e Márcio Falcão
Folha

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