"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 7 de julho de 2015

AMIGO DE PIMENTEL FATUROU 525 MILHÕES COM GOVERNO FEDERAL



Pimentel transformou Bené num superempresário

O Ministério Público Federal (MPF) vai abrir inquérito para investigar supostos atos de improbidade administrativa em negócios do governo federal com o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené – alvo da Operação Acrônimo, que apura esquema de corrupção e lavagem de dinheiro.

Os investigadores avaliarão a conduta de gestores que conduziram licitações supostamente fraudulentas e fecharam contratos que teriam sido superfaturados com empresas controladas por Bené, entre elas a Gráfica Brasil e a Due Promoções e Eventos. 
Entre 2005 e 2014, elas faturaram R$ 525 milhões de diversos órgãos federais, entre eles os ministérios das Cidades e do Turismo, o Instituto Chico Mendes e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O caso será conduzido pela Procuradoria da República no Distrito Federal, que, além de fazer um pente-fino nos contratos, solicitará ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) provas sobre as relações do empresário e demais integrantes da organização investigada com o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).

LAVAGEM DE DINHEIRO

Ligado ao PT, Bené é acusado de desviar recursos de contratos públicos e de “lavar” esses recursos usando uma rede de cerca de 30 empresas. Na Acrônimo, a Polícia Federal identificou indícios de que o empresário pagou “vantagens indevidas” ao governador mineiro, o que motivou a abertura de inquérito no STJ.

Bené teria bancado uma viagem para o governador e a primeira-dama de Minas, Carolina Oliveira, a um resort de luxo em Maraú (BA). Ele também teria usado “pessoas interpostas” para repasses à Oli Comunicação, empresa aberta por Carolina.

Segundo o inquérito, a Oli faturou R$ 3,6 milhões de empresas que têm relações comerciais com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A instituição é subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, comandado por Pimentel entre janeiro de 2011 e fevereiro de 2014. Para a PF, a empresa pode ter sido usada por grupos com interesses no banco para o pagamento de propinas ao então ministro.

CAIXA DOIS DE CAMPANHA

A PF também detectou indícios de que a campanha de Pimentel ao Governo de Minas, no ano passado, não declarou gastos com empresas de Bené, tendo feito caixa-2 para cumprir os compromissos. Antigo colaborador do PT, Bené prestou “serviços gráficos” para a coligação do governador. O Estado apurou que a investigação de irregularidades na disputa eleitoral está avançada e deve motivar, já no mês que vem, uma denúncia à Justiça.

Os investigadores também devem apurar a suposta atuação do empresário como arrecadador de campanha para Pimentel, com base em informações da Operação Lava Jato. Como revelou o Estado no último dia 24, o petista teria enviado um emissário à Engevix, uma das empreiteiras suspeitas de desvios na Petrobrás, para obter contribuição financeira. A doação foi solicitada ao executivo Gerson Almada por um arrecadador que ele identificou como “Bené” em depoimento à Polícia Federal.

As investigações da Acrônimo começaram em outubro do ano passado, em meio à campanha eleitoral, quando a PF prendeu Bené e mais dois homens com R$ 113 mil em dinheiro. Eles desembarcavam de um jatinho proveniente de Belo Horizonte. A PF suspeitou que os recursos tinham origem ilícita e abriu inquérito.

o7 de julho de 2015
Fábio FabriniEstadão

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