Os investigadores avaliarão a conduta de gestores que conduziram licitações supostamente fraudulentas e fecharam contratos que teriam sido superfaturados com empresas controladas por Bené, entre elas a Gráfica Brasil e a Due Promoções e Eventos.
Entre 2005 e 2014, elas faturaram R$ 525 milhões de diversos órgãos federais, entre eles os ministérios das Cidades e do Turismo, o Instituto Chico Mendes e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O caso será conduzido pela Procuradoria da República no Distrito Federal, que, além de fazer um pente-fino nos contratos, solicitará ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) provas sobre as relações do empresário e demais integrantes da organização investigada com o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
LAVAGEM DE DINHEIRO
Ligado ao PT, Bené é acusado de desviar recursos de contratos públicos e de “lavar” esses recursos usando uma rede de cerca de 30 empresas. Na Acrônimo, a Polícia Federal identificou indícios de que o empresário pagou “vantagens indevidas” ao governador mineiro, o que motivou a abertura de inquérito no STJ.
Bené teria bancado uma viagem para o governador e a primeira-dama de Minas, Carolina Oliveira, a um resort de luxo em Maraú (BA). Ele também teria usado “pessoas interpostas” para repasses à Oli Comunicação, empresa aberta por Carolina.
Segundo o inquérito, a Oli faturou R$ 3,6 milhões de empresas que têm relações comerciais com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A instituição é subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, comandado por Pimentel entre janeiro de 2011 e fevereiro de 2014. Para a PF, a empresa pode ter sido usada por grupos com interesses no banco para o pagamento de propinas ao então ministro.
CAIXA DOIS DE CAMPANHA
A PF também detectou indícios de que a campanha de Pimentel ao Governo de Minas, no ano passado, não declarou gastos com empresas de Bené, tendo feito caixa-2 para cumprir os compromissos. Antigo colaborador do PT, Bené prestou “serviços gráficos” para a coligação do governador. O Estado apurou que a investigação de irregularidades na disputa eleitoral está avançada e deve motivar, já no mês que vem, uma denúncia à Justiça.
Os investigadores também devem apurar a suposta atuação do empresário como arrecadador de campanha para Pimentel, com base em informações da Operação Lava Jato. Como revelou o Estado no último dia 24, o petista teria enviado um emissário à Engevix, uma das empreiteiras suspeitas de desvios na Petrobrás, para obter contribuição financeira. A doação foi solicitada ao executivo Gerson Almada por um arrecadador que ele identificou como “Bené” em depoimento à Polícia Federal.
As investigações da Acrônimo começaram em outubro do ano passado, em meio à campanha eleitoral, quando a PF prendeu Bené e mais dois homens com R$ 113 mil em dinheiro. Eles desembarcavam de um jatinho proveniente de Belo Horizonte. A PF suspeitou que os recursos tinham origem ilícita e abriu inquérito.
o7 de julho de 2015
Fábio FabriniEstadão
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