A presidente Dilma Rousseff tem comportamento bipolar, ninguém pode prever quando estará em depressão profunda ou em delírio de grandeza, não consegue manter o equilíbrio, é impressionante. Em meio a essas oscilações, ela teve de sair em busca da “agenda positiva” que o marqueteiro João Santana e o grupo duro do Planalto tentam impor. Está sendo obrigada a dar entrevistas semanais e sempre acaba falando alguma bobagem ou se excedendo naquele dialeto dilmês que ela criou e ninguém consegue entender. Foi assim na entrevista que deu ao Estadão, domingo passado, quando afirmou que o ministro Joaquim Levy não deveria ser tratado como Judas.
No dia seguinte, o vice-presidente Michel Temer, que está lutando para recompor o que resta da articulação política do governo, foi procurado pelos jornalistas para comentar a estapafúrdica declaração de Dilma, e respondeu que o ministro da Fazenda deveria ser tratado como Jesus Cristo, devido aos sacrifícios que tem feito ao propor as medidas de ajuste fiscal.
Dilma Rousseff teve um ataque, chamou seu escudeiro Aloizio Mercadante e lhe ordenou que sugerisse a substituição de Temer no comando da articulação política. O chefe da Casa Civil, que há tempos perdeu sua antiga individualidade se transformou num áulico vulgar, sequer contestou a destemperada determinação da presidente e imediatamente deu entrevista sugerindo que fosse recriado o Ministério das Relações Institucionais e entregue a Eliseu Padilha, a pretexto de auxiliar Temer, que estaria “sobrecarregado”.
MAIS UMA CRISE
Quando a presidente e o chefe da Casa Civil agem em conjunto, o desastre é sempre previsível. O resultado desse inesperado e gratuito ataque a Temer foi o pior possível, porque fez a cúpula do PMDB entender que é impossível confiar em Dilma e Mercadante. Se havia alguma dúvida a respeito, se dissipou completamente. Os caciques do PMDB se conscientizaram que Renan Calheiros e Eduardo Cunha é que estão no caminho certo. Daqui para a frente, será cada um por si. O PMDB só apoiará o governo Dilma em propostas de real interesse público, óbvias e essenciais, mas sem qualquer ranço de submissão política.
Temer é um mestre do contorcionismo político, se adapta a qualquer situação, sabe agir nos bastidores. É frio, dificilmente esboça um sorriso, não dá intimidade a ninguém. Sabe que tem diante de si a oportunidade única de chegar à Presidência. Se não for agora, nunca mais terá outra chance. Por isso, quando chegar a hora, Temer dará o sinal verde para o PMDB aprovar o impeachment da presidente Dilma, mas pessoalmente não moverá uma palha. Pelo contrário, ficará aparentemente ao lado dela até o fim, apoiando-a e amparando-a.
Porém, no momento certo e atendendo a insistentes pedidos, aceitará assumir a inebriante função de presidente da República, que já está exercendo interinamente, com desempenho muito superior ao de Dilma Rousseff.
13 de junho de 2015
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