O ex-presidente Lula partiu para Brasília, na ausência da presidente Dilma Rousseff, na tentativa de articular uma tomada de posição mais firme, de parte da bancada e dos ministros do Partido dos Trabalhadores, na defesa do governo. Para Luis Inácio Lula da Silva – revela a reportagem de Andréa Sadi, Giuliana Valone, Renato Agostini e Thays Bilency, Folha de São Paulo de 29 – está faltando energia à legenda. Mas como poderia haver energia depois que o partido aplaudiu João Vaccari Neto durante o encontro de Salvador?
Quem são os acusados de pressionarem empresários em busca de “doações”? Entre eles desponta exatamente João Vacari, ex-tesoureiro do PT, no mesmo grupo do qual faz parte o ministro Edinho Silva, frontalmente acusados pelo engenheiro Ricardo Pessoa em seu dramático episódio de delação premiada que obteve. Assim, depois de aplaudir Vaccari (por mais de uma vez), o PT não só perdeu seu crédito para qualquer investida política, mas também sua força moral, exceções confirmando a regra.
Sobretudo porque há de se distinguir entre doações e extorsões. Quando alguém, ao receber dinheiro, picota anotações originais especificando os valores, claro, não está agindo dentro da lei. A busca pela destruição ou ocultação de provas revela diretamente o caráter criminoso da atitude. Vaccari tornou-se réu confesso. E os aplausos que seu nome recebeu, para onde vão? São inevitavelmente transferidos para a conta de uma agremiação que já foi dos trabalhadores.
CHANTAGEM E CORRUPÇÃO
Estabelecendo-se a diferença essencial entre doação e extorsão, surge a imagem da chantagem e da corrupção. Esta abrangendo os falsos doadores, pois quanto conseguiram aumentar os termos aditivos dos contratos para pagar as extorsões? Conseguiram elevar por várias vezes as quantias desembolsadas. Assim, os desembolsos resultaram em lucros. Quem pagou a metamorfose? A economia brasileira, a população, portanto, todos nós. E
Outra pergunta: como ficam os que perderam o emprego em decorrência da gigantesca corrupção realizada? Mas qual será a resposta da presidente Dilma Rousseff? Não somente quanto aos ladrões denunciados, porém também relativamente à ação iniciada em Brasília pelo ex-presidente Lula? Sim. Porque o que acontece, é a presença do ex-presidente preenchendo um vazio que isola a legenda, traída por uma série de desonestos que comprometeram a identidade política de um partido, a legitimidade de sua atuação, além de manchar e desacreditar a imagem atual do governo. Dose para dinossauro, evidentemente.
FACE OCULTA
Ricardo Pessoa abriu a cortina que envolvia os porões do poder, iluminando-os e expondo sua face oculta à opinião pública. Nos Estados Unidos, Dilma busca reencontrar a estrada para o êxito, cada vez mais distante. Cada vez mais distante porque, se não se livrar dos falsos aliados, não conseguirá voltar à superfície. Como os falsos amigos, os falsos aliados são uma ameaça permanente, como os fatos, através da história, comprovam numa sequência tão impressionante quanto invariável.
Dilma Rousseff tem que, por si, tentar pelo menos retomar o espaço perdido e sordidamente ocupado por extorquidores. Além disso, como titular do poder, não pode aceitar dividI-lo com seu grande eleitor e antecessor no Planalto. Simplesmente porque, como me disse um dia o presidente JK em entrevista para o Correio da Manhã, o poder não se divide. Quando isso ocorre, ele acaba desabando. E desabamentos não interessam à democracia nem à liberdade. Amém.
30 de junho de 2015
Pedro do Coutto
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