"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

UMA VIAGEM DO PARAÍSO PARA O ESGOTO DO INFERNO. AMANHECE, BOM JESUS!


Ao ler a Folha de S. Paulo nesta madrugada deparo com aquelas matérias calcadas no pensamento politicamente correto, falando no desmanche do minhocão, criação de parques urbanos, ciclovias e coisas do gênero. Me veio à mente uma viagem inesperada que me levou de Guarulhos ao Aeroporto de Congonhas.

Confesso que foi um trajeto angustiante. Problema de desconexão de vôos obrigou-se ao deslocamento a Congonhas. Felizmente uma atendente da TAM que parece ter caído do céu dispensou-me uma atenção fora do comum, tomando as providências para que eu pudesse embarcar para Florianópolis duas horas depois em Congonhas. Ofereceu-me o transfer da própria TAM. Todavia quando cheguei ao local havia uma fila quilométrica. Para não perder tempo, tomei um táxi rumo a Congonhas, desses que operam entre os aeroportos. O motorista muito educado e, sobretudo, politizado, me coduziu com rapidez e eficiência até lá.

Mesmo assim, senti medo. Ao longo da viagem, cortando praticamente todo o miolo de São Paulo, passei inclusive próximo aos famosos Arcos do Jânio, que o prefeito petista Haddad, apoiado pelos alegres e descolados rapazes da redação da Folha, cedeu aos grafiteiros. Creio que foi no início deste ano, se não me engano, que num desses Arcos foi desenhado uma cara gigante de Hugo Chávez, o finado ditador bolivariano da Venezuela, que até hoje não se sabe onde está o cadáver. 
Enquanto eu via São Paulo passar da janela do Táxi, o motorista me informava tudo ao contrário do que leio na Folha de S. Paulo. “Já fui assaltado quatro vezes por motoqueiros” - exclamou o taxista com os olhos grudados na estrada. “O senhor olha aí, as pichações, a sujeira, o lixo. O PT está acabando com São Paulo” - desabafou o motorista, um cidadão de mais de 50 anos de idade.
Como era um domingo, o trajeto foi vencido com facilidade pela ausência de congestionamentos. Agradeci ao anjo da guarda, enquanto olhava pela janela a pujante São Paulo completamente avariada em todos os aspectos. Fazia tempo não passava por lá. Na verdade, alguns anos. Só sendo obrigado pelas circunstâncias para sair daqui de Florianópolis. Logo eu que passei boa parte da minha vida profissional viajando sem parar. Pude ver novinhos em folha os aeroportos de Guarulhos, Confins, Tom Jobim e outros no Norte e Nordeste para onde nunca mais fui. Toda essa infraestrutura foi edificada pelos governos militares. Os aeroportos eram bonitos, limpos, confortáveis e seguros, como eram os aviões das antigas Varig, Transbrasil e até mesmo da então estreante TAM, além da Vasp. Dessas companhias sobrou apenas a TAM. Tudo de bom que foi feito no período dos governos militares está sendo destruído e o que se salva é que faz o Brasil ainda existir. Se algo ainda funciona, deve-se aos governos militares. Energia, transporte, aeroportos e comunicação.
Tudo isso passava pela minha cabeça enquanto o táxi se aproximava do meu destino. Estava ansioso para chegar, temendo que o táxi sofresse um assalto a qualquer momento. Principalmente depois que o motorista lastimou a morte de um colega, assassinado durante um assalto havia alguns dias.
Louvações outra vez ao anjo da guarda quando o táxi chegou a Congonhas. Paguei e agradeci ao atencioso motorista entrando imediatamente no Aeroporto. Fiquei apavorado. Congonhas se transformou numa favela. Estava estropiado. Cansado de uma noite inteira num avião. Regressava de Miami. Impossível não estabelecer uma comparação como o que tinha visto nos Estados Unidos e com o que me deparava naquele momento. Nem mesmo o jet lag, que deixa o sujeito meio zonzo, foi capaz de impedir que minha memória funcionasse a todo o vapor. 
A constatação era de que havia deixado o paraíso e mergulhado no esgoto do inferno, agora que perambulava naquela 'favela aeroportuária'. Morto de sede e de fome não tive coragem de consumir nada naquelas lanchonetes nauseabundas. E aí me lembrei da ala de embarque do aeroporto de Miami, onde a pude tranquilamente me alimentar com segurança e qualidade numa unidade da Starbuck. 
Enfim, cheguei em Florianópolis. Chovia. E o aeroporto Herícílio Luz, que embora seja internacional, não possui fingers. A obra do novo aeroporto não sai por causa dos ecochatos que provavelmente esperam pelas propinas para conceder uma licença ambiental. Tivemos que aguardar que o pessoal de terra providenciasse centenas de guarda-chuvas para que pudéssemos desembarcar.
Para variar, o aeroporto de Florianópolis estava abarrotado de gente. Eu tinha saído do paraíso para me atolar de novo nos confins do inferno. E aquele cineminha norte-americano que passava no meu cérebro, insistia em repetir mil vezes o “filme” que acabara de ver. Ou seja, um documentário ao vivo e em cores na terra do Tio Sam. Lembrei daquele filme de Wood Allen, “A Rosa Púrpura do Cairo”, com a cena da mulher entrando na tela do cinema para viver um idílico romance que a vida real lhe negara. Eu, ao contrário, estava saindo da tela diretamente para a funesta realidade brasileira. 
Desembarcava numa terra de loucos, bandidos, assaltantes, ladravazes dos cofres públicos, onde nada, mas nada mesmo, funciona e a mentira é elevada à categoria de virtude. Completa este quadro tétrico o fato de que um país das dimensões do Brasil é governado pelo PT. Ou melhor, desgovernado por um bando de psicopatas.
Que os deuses se apiedem de nós. Amanhece, bom Jesus!

22 de maio de 2015
in aluizio amorim

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