O PT nunca pensou que seria fácil reeleger Fernando Haddad. Mas agora começa a viver um cenário de pesadelo, em que o prefeito de São Paulo não conseguiria nem ir ao segundo turno em 2016.
Se a eleição fosse hoje, avaliam dirigentes do partido, Haddad correria sério risco de amargar um humilhante quarto lugar. Ficaria atrás de Celso Russomanno, Marta Suplicy e do candidato do PSDB, que ainda não foi definido.
Haddad está na fogueira por dois motivos: a rejeição ao PT em São Paulo e o desempenho errático de sua gestão, que não consegue empolgar nem os aliados na Câmara.
No primeiro caso, o prefeito tem pouco a fazer. Embora seja visto como um petista light, ele pagará o preço da irritação com o partido. O último panelaço, que abafou um discurso de Lula na TV, deixou claro que a ira dos paulistanos não é dirigida apenas a Dilma Rousseff.
INSATISFAÇÃO POPULAR
O prefeito também enfrenta a insatisfação com seu desempenho no cargo. Na última pesquisa Datafolha, em fevereiro, 44% classificaram a gestão como ruim ou péssima.
Para um dirigente da campanha de 2012, Haddad prometeu ser um prefeito do futuro, mas se atrapalha ao lidar com problemas do presente. Dos três hospitais que anunciou, dois não devem ser entregues. Outros projetos, como o Arco do Futuro, foram esquecidos no mundo encantado da propaganda. Já a aposta nas ciclovias teria pouco impacto entre os eleitores mais pobres.
É na periferia, que costuma dar as maiores votações ao PT, que a situação do prefeito parece mais dramática. Sem muitas obras para mostrar, ele tende a perder espaço para Russomanno e Marta. O deputado acaba de se eleger com 1,5 milhão de votos, e a senadora está ansiosa para dar o troco nos petistas.
A favor de Haddad, deve-se dizer que ele também largou mal em 2012. No início do ano, oscilava entre o sexto e o sétimo lugar nas pesquisas. Em outubro, venceu a eleição.
22 de maio de 2015
Bernardo Mello Franco
Folha
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