"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

SVENGALI DE SI PRÓPRIO

RIO DE JANEIRO - Certa vez, Nelson Rodrigues definiu a pessoa absolutamente só como um "Robinson Crusoé sem radinho de pilha". Mas Dilma Rousseff está pior do que Robinson –abandonada até por aqueles que, no dia seguinte à sua reeleição, ainda lhe faziam rapapés. Não será surpresa se, em breve, não tiver sequer um contínuo para lhe levar cafezinho.

O eleitorado a abandonou porque descobriu que ela mentiu –o país que ela descreveu não existia. Os sem-terra, sem-teto e sem-ética também a abandonaram porque acham que ela os traiu. O PT, idem, porque as duras medidas econômicas que ela precisa tomar para tapar os buracos que seu governo abriu atingem a massa trabalhadora, o que deixa mal o discurso do partido. E o próprio Svengali que a inventou, o ex-presidente Lula, já está lhe mostrando a língua, embora, por enquanto, delegue a função de atacá-la ao seu pajem, o senador Lindbergh Farias.

O que me pergunto é se Dilma foi a única autora do programa de seu primeiro governo, que quase quebrou o país, dos pronunciamentos triunfalistas que fez à nação naqueles quatro anos e das promessas eleitoreiras que conduziram à sua segunda vitória. Não consigo visualizá-la sentando-se a um computador, hesitando por alguns segundos diante da tela em branco e finalmente pondo-se a escrever os projetos de lei, medidas econômicas e material de propaganda.

Quero crer que as decisões estratégicas de Dilma 1, os textos de suas mensagens delirantes e as mentiras de campanha tenham sido pensados, escritos, revistos e aprovados por seus auxiliares diretos no governo –companheiros de partido–, os quais nunca tomariam iniciativas que discordassem das orientações do líder maior, que é Lula.

Donde, se Dilma fracassou, quem é o responsável? Hoje parece claro que Lula só deu certo como o Svengali de si próprio.


27 de maio de 2015
Ruy Castro

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