"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

A TRANSPARÊNCIA VENCEU CONTRA UM BANCO E UM GOVERNO QUE PREFEREM O SIGILO

Quem contrata com o Poder Público não pode ter segredos, especialmente se a revelação for necessária para o controle da legitimidade do emprego dos recursos públicos.

O trecho acima resume o voto do ministro Luiz Fux, da 1ª. Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso Tribunal de Contas da União (TCU) x Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Por 3 votos contra 1, a 1ª. Turma decidiu que o sigilo em operações bancárias é descabido quando envolve entidade pública (o BNDES é uma entidade pública) e recursos igualmente públicos. O dinheiro que o banco movimenta é público.

O TCU havia pedido ao banco informações sobre empréstimo concedido ao grupo JBS/Friboi, uma das maiores indústrias de alimentos do mundo.

Atendeu assim à provocação feita pela Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) da Câmara dos Deputados, que acusa o BNDES de não cobrar uma multa de 500 milhões de reais do JBS por descumprimento de uma cláusula de internacionalização.

O BNDES valeu-se do sigilo que costuma cercar empréstimos bancários para negar as informações ao TCU.

Coube ao STF decidir a parada. Foi o que fez ontem, para contrariedade da presidente Dilma Rousseff. Explico.

Recentemente, o Congresso aprovou emenda que proíbe o BNDES de manter sobre sigilo empréstimos concedidos a empresas brasileiras ou a entidades internacionais.

Dilma vetou a emenda. A decisão do STF derrubará o veto de Dilma.

O governo que se diz transparente, e que atribui ao seu empenho pela transparência a descoberta de tantos casos de corrupção, na verdade é adepto do segredo. E sempre que pode esconde informações de quem precisa ou de quem tem direito a elas.



27 de maio de 2015
Ricardo Noblat

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