O déficit fiscal que estamos vivendo é resultado de anos de aumento de gastos do governo, cuja cobertura tem elevado a nossa dívida pública e, consequentemente, o volume de juros que devem ser pagos ano a ano. A política de incentivo ao consumo, sem melhoria da produtividade nem da infraestrutura, esgotou os resultados que poderiam trazer de aumento momentâneo do PIB e garantiu que a inflação não descesse e, pelo contrário, crescesse.
O loteamento de cargos contribuiu para as perdas causadas pelo mau gerenciamento das empresas estatais e ineficiência das agências reguladoras. Sem falar da corrupção. Consequência: dinheiro jogado fora. Estamos todos preocupados com os fantasmas da estagflação demorada e do desemprego. Mas sem dinheiro e sem infraestrutura, como aumentar o PIB, gerar empregos e evitar a derrocada da “nova classe C”?
Na política agora adotada, faltam medidas mais agressivas para diminuir de forma equilibrada os gastos de custeio do governo, em vez de sacrificar os INVESTIMENTOS e aumentar a carga tributária. O equilíbrio receita/despesa das contas públicas é primordial para que se construa um caminho sustentável de crescimento.
CORTAR 3%?
Não há melhor maneira de perceber o emperramento da nossa burocracia e o peso dos juros de nossa dívida do que comparar a dificuldade de cortar 80 bilhões de reais dentro de um total de despesas estimado em 2.800 bilhões: se para cortar estes 80, que não chegam a três por cento do total, temos que atingir direitos trabalhistas, cortar verbas de universidades a ponto de prejudicar seu funcionamento, adiar INVESTIMENTOS essenciais, pergunto: em que é que são gastos os outros mais de noventa e sete por cento?
21 de maio de 2015
Wilson Baptista Jr.
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