(O Globo) O novo Conselho de Administração da Petrobras, que se reuniu na sexta-feira, aprovou a reestruturação da ouvidoria da empresa. Como O GLOBO mostrou na semana passada, a auditoria externa da Petrobras, a PwC, e mesmo conselheiros da empresa advertiram, em abril, que a ouvidoria era um dos pontos falhos dos controles de combate à corrupção na estatal.
Segundo comunicado da Petrobras, um funcionário da empresa ocupará de forma interina a função de ouvidor-geral e uma firma especializada será contratada para selecionar o ocupante definitivo. O cargo era de Paulo Otto (foto), cuja demissão havia sido pedida por um conselheiro. Segundo esse conselheiro, Otto seria ex-assessor do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que está entre os investigados da Operação Lava-Jato.
— No final do ano passado, levei à Graça (Maria das Graças Foster, ex-presidente da Petrobras) que tinha tomado conhecimento (pela mídia) que o nosso ouvidor tinha sido assessor do ex-deputado José Dirceu, que tinha ascendência sobre alguns diretores. Os servidores da Petrobras não têm conforto em fazer uma denúncia à um ex-assessor do José Dirceu — queixou-se o conselheiro naquela reunião.
PROFISSIONAIS DE MERCADO
Segundo áudio daquela reunião do conselho obtido pelo GLOBO, o representante da PwC mencionou que o ambiente da Petrobras era pouco favorável ao recebimento de denúncias sobre irregularidades. Um conselheiro relatou que teve uma experiência ruim ao tentar fazer uma denúncia contra o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa antes da Lava-Jato se tornar pública. Costa é apontado como um dos chefes do esquema de fraudes em contratos de empreiteiras com a Petrobras.
— Fui à Ouvidoria fazer uma denúncia contra o Paulo Roberto. Falei com uma moça e ela disse: “pelo amor de Deus, vai embora”. Nesse ritmo é difícil alguém fazer denúncia — protestou o conselheiro, na época.
Poderão participar do processo de seleção para o cargo de ouvidor-geral profissionais de mercado e funcionários da Petrobras. Ao fim, a firma especializada vai apresentar uma lista tríplice ao Comitê de Auditoria, que analisará os nomes e fará recomendações. A escolha definitiva caberá ao Conselho de Administração da estatal.
18 de maio de 2015
in coroneLeaks
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