Fica difícil para o cidadão comum, não versado no emaranhado de leis que regem sua vida, entender o posicionamento do Senhor Carlos Ayres Britto, ex-presidente do STF, ao se manifestar, em recente entrevista, afirmando que " neste momento os pressupostos para o impeachment de Dilma não estão presentes" e, mais adiante, que " o primeiro mandato dela é página virada para fins de impeachment".
Ora, a Presidente, em nome da reeleição resultante de uma campanha durante a qual "fez o diabo", acaba de mergulhar o país numa das maiores crises de natureza política e econômica de que se tem notícia e, segundo a visão do nobre jurista , deve ser avaliada como suscetível de um questionamento, por pouco mais de 60 dias de governo, ao longo dos quais, é evidente, não cometeu crime de responsabilidade, até porque nem houve tempo para tal.
Não se trata aqui de fazer apologia ao julgamento da Presidente mas seria de todo desejável, mesmo que para aliviar a angústia da população que começa a sentir os efeitos maléficos dos últimos quatro anos de desgoverno e gastos desordenados, que algum entendido em leis igualmente notável e de igual peso, emitisse um registro de contraposição ou de ratificação em relação ao ponto de vista de Ayres Britto, ele que sempre foi, certamente, como bom magistrado, um defensor do direito da colocação de outras interpretações.
20 de março de 2015
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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