Começo estas linhas com dois conceitos do senador José Serra, constantes do seu livro “Cinquenta Anos Esta Noite – O Golpe, a Ditadura e o Exílio”, que poderiam servir para encerrá-las: “Os países se tornam estáveis quando mudam com prudência e conservam com coragem. A saudável tensão entre esses dois impulsos livra as nações dos desastres do reacionarismo e do populismo – duas forças que têm um longo passado no Brasil, mas não oferecem futuro”. E não são essas as forças que, no presente, novamente se apresentam e se digladiam?
Lembrei-me do senador tucano (e candidato derrotado duas vezes à Presidência da República) depois que ouvi, atentamente, no último domingo, os deploráveis pronunciamentos dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria Geral da Presidência da República).
Ao término do repetitivo falatório, cheguei definitivamente à conclusão de que a presidente Dilma, dona de desastrosa inapetência política, se continuar no mesmo diapasão, antes “auxiliada” pelo seu ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e, agora, por mais dois trapalhões, acabará levando o país à maior crise institucional da nossa história – política, econômica, social e ética.
Para coroar esse time, só falta a presença do ministro Ricardo Berzoini (Comunicações), que, em matéria de habilidade política, dispõe de uma única proposta: a imposição já, no país, da censura à imprensa, por meio do que ele e o PT chamam de “regulamento da mídia”.
DUAS AMEAÇAS
Com esses atores, que desrespeitam a inteligência dos brasileiros, as instituições democráticas, depois de 30 anos de relativa segurança, correm o risco de ser novamente destruídas por uma das duas ameaças a que se refere o senador José Serra – ou sucumbem ao reacionarismo, ou ao populismo.
Desta vez, porém, o risco de descermos o desfiladeiro está nas mãos do PT – um partido político radical, que insiste em dividir o país. E a presidente, sua maior expressão, por prepotência ou soberba, não se sentiu nada obrigada a conceder uma palavrinha aos milhões de brasileiros que, em todo o país, e com total desprendimento, foram às ruas para protestar por um Brasil mais justo e mais ético. Numa decisão equivocada, preferiu nomear auxiliares despreparados para se dirigirem à nação, obedientes, sempre, à mesma lenga-lenga por ela repetida antes, durante e depois das últimas eleições.
Por motivos ideológicos, obviamente contrários ao regime democrático, embora sempre se considerem seus arautos, nem a presidente, nem seus principais auxiliares são capazes de reconhecer que estão errados na condução do país. Querem, na verdade, apartá-lo entre ricos e pobres e não conseguem mostrar nada senão isso, vítimas que são (ou serão autores?) de uma esquerda autoritária e retrógrada.
IMPEACHMENT
A mentira como tática e a defesa intransigente de uma esquerda autoritária poderão levar a maioria da sociedade brasileira à aceitação do impeachment (que é, repito, um instrumento legítimo e de autodefesa do regime democrático), mas sem, hoje, as condições jurídicas necessárias, advertiu o ex-ministro (do STF) Carlos Ayres Brito.
Presidente: não entregue (só) a Deus o nosso destino. Convoque não apenas o país, mas, sobretudo, auxiliares competentes e comprometidos com a liberdade, e antes que a despachem para casa… E, depois, reze, como, aliás, farão todos os que têm juízo.
O Brasil é muito maior do que todos nós!
21 de março de 2015
Acílio Lara Resende
O Tempo
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