A presidente Dilma Rousseff determinou novo aumento da taxa de juros. Sim, é ela quem determina e não o Banco Central. Foi isso o que deixou claro na campanha eleitoral, quando acusou a oposição direitista de buscar a independência do órgão. As conseqüências, todos se lembram, seriam nefastas. Os banqueiros tomariam conta do país e tirariam comida da mesa do trabalhador, como mostrava um comercial de sua candidatura.
Assim, o BC não é independente e está subordinado a ela. Com o aumento da quarta-feira (4), a taxa Selic alcança 12,75% ao ano. É a taxa básica. Se for ao banco pedir um empréstimo, você desembolsará várias vezes esse percentual.
Isso significa que o governo decidiu pagar 0,5% a mais de juros sobre a dívida pública. Se pegarmos a dívida líquida do setor público – R$ 1,9 trilhão, segundo o site do Banco Central – e multiplicarmos por esses 0,5%, teremos um total de R$ 9,5 bilhões.
DIREITOS TRABALHISTAS
Ou seja, esse meio ponto acresce no rombo do Tesouro em um ano metade do que será economizado com o corte de direitos trabalhistas de seguro desemprego e pensões para viúvas. Os 12,75%, por sua vez, somam uma sangria de R$ 242 bilhões ao ano.
Por que não se fala em ajuste fiscal nesse caso? Porque esse dinheiro vai para especuladores do mercado financeiro. Para eles não há ajuste.
Há para os trabalhadores, para os pobres que consomem pouca luz, para os assalariados, para a educação e para a saúde pública, além de outras áreas.
O pretexto para o aumento – como sempre – é a necessidade de se controlar a inflação. Com juros elevados, o crédito se encarece e a demanda se deprime. Com menos demanda, a pressão sobre os preços se arrefeceria.
SEM DEMANDA
O problema nesse raciocínio é que a demanda não é hoje o principal fator inflacionário. O problema é o aumento dos preços administrados, como energia, combustíveis, transportes, água etc, além da elevação do dólar no mercado externo.
Com o aumento dos juros, a economia que já sofre com cortes, desinvestimentos e perda de dinamismo irá desacelerar ainda mais.
Qual a novidade? A novidade é que quem faz isso agora não são mais os tucanos. É o PT. Sim, o partido que se autodenomina “dos Trabalhadores”. O partido que, no governo, dá início a uma brutal recessão. O partido que convoca todos a defender a Petrobrás, mas que traça planos para vender quase um terço da empresa. O partido que quer privatizar uma parte da Caixa Econômica Federal.
AJUSTE SERÁ BREVE
O ajuste fiscal determinado pela presidente Dilma e pelo principal porta voz econômico do PT – o ministro da Fazenda Joaquim Levy – será breve, dizem eles. Mas já começa a provocar estragos, na forma de desemprego, perda de direitos, cortes nos serviços públicos etc. Milhões de pessoas terão suas vidas devastadas e irão ao desespero.
O PT está se tornando um irmão siamês do PSDB. Hoje não há mais diferenças entre os programas econômicos de ambos. Na Grécia, um partido semelhante ao PT, o Pasok, socialdemocrata, cedeu às imposições do FMI, do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia e impôs uma brutal recessão ao país.
Aqui ninguém está exigindo nada. O PT tomou essa posição por livre e espontânea vontade.
16 de março de 2015
Gilberto Maringoni
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