PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS É SABATINADO SOBRE CORRUPÇÃO, UMA NOVA APROXIMAÇÃO COM O PT, O IMPEACHMENT E O EX-PRESIDENTE LULA
RODA VIVA
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, abre a roda comentando os protestos que ocorreram em todo país no domingo (15). “O FHC também passou por problemas parecidos em seu segundo mandato, assim como a Dilma”, compara.
Para Cunha, os protestos não eram só de um partido contra o outro, mas “juntou as pessoas que não apoiaram a Dilma nas eleições, aqueles que a apoiaram e se irritaram com o processo de corrupção envolvendo a Petrobras e ainda aqueles que votaram nela, mas não estão satisfeitos com o atual governo”, completa.
Sabatinado sobre o enfraquecimento do governo Dilma pela bancada de entrevistadores, Cunha diz o que pensa ser uma tensão política. “A crise é política, todas as outras crises são consequências da política.
Você começa o governo, diferente da campanha, depois vem o caso da Petrobras e a necessidade de um fiscalização maior. Estamos vivendo uma constituição parlamentarista em um regime presidencialista”, diz.
Após essa afirmação, Cunha é acusado de estar atacando a presidente. “Eu não estou escolhendo o PT como adversário, e é claro que também não estou escolhendo a Dilma como adversária. Não quis atacar a presidente, só quis dizer que não é um problema do Congresso e, sim, algo maior”, defende-se.
Corrupção
O presidente da Câmara tenta explicar uma afirmação, em entrevista recente, na qual disse que “não há corrupção no Congresso”. “Se, eventualmente, alguém se beneficiou com apoio político no caso da Petrobras eles vão pagar, mas essa corrução não existiria se não houvesse corrução no poder Executivo”, justifica.
Para o deputado, além de a corrupção estar instalada no poder Executivo, “o governo não teve gestão, não conseguiu arrancar a raiz do problema, e ele ainda está lá”.
Ao ser questionado se sairia do cargo que ocupa na Câmara, caso ocorressem manifestações contra sua gestão, Cunha diz que não existe essa possibilidade. “Não me afastaria. Eu fui escolhido, e não tenho nenhuma razão de me sentir culpado. Já respondi a dois inquéritos, e os dois foram arquivados”, defende-se.
Impedimento
Um dos assuntos mais comentados da segunda-feira (16), o pedido de impeachment da Dilma por parte da população também é questionado na roda. “Não podemos transformar a discussão sobre o impedimento em uma manobra política. Eu não posso achar que isso vai resolver, não concordamos com essa forma, é preciso ter responsabilidade”, afirma.
Cunha prossegue, dizendo o que pode acontecer com a presidente, se algo ilícito for provado contra ela. “Se a Dilma tiver praticado algo ilegal, ela será punida a partir do término deste segundo mandado, e terá que responder. Segundo a Constituição, ela terá imunidade até o final desse mandato. Tem que haver cautela, pois isso não é um processo fácil”, explica.
A melhor forma de proteger o Estado, na visão do deputado, é mudar a forma de governar o país. “Sou a favor do parlamentarismo. Nossa Constituição foi feita para o parlamentarismo, e ele nos protegeria de uma crise como essa. No futuro, em um debate político seria interessante colocar essa semente na cabeça das pessoas”, pondera.
Para Cunha, uma das formas de melhorar o ambiente político é um trabalho mais próximo e em conjunto. “O PSDB está surfando nessa onda de oposição. No mínimo, 40% dos peemedebistas votaram no PSDB. Porém, para resolver a situação do governo, é preciso que ela [Dilma] retome a agenda do país, e busque uma coalizão com quem está do seu lado, inclusive o PMDB”, diz.
Ao falar sobre um trabalho mais próximo do governo, Cunha critica a forma como os interesses do PMDB são tratados pela presidência. “Coalizão, trabalhar em conjunto mesmo, não só ficar dando cargo, e sim governar compartilhando as decisões. Não precisamos ter 39 ministros, eu nem sei o nome de todos eles, duvido que alguém saiba o de todos”, afirma.
Lula
Na visão do presidente da Câmara, uma possibilidade de tirar o governo desta crise é a volta do ex-presidente Luiz Inácio à cena política. “O Lula é um animal político, com uma visão extraordinária. Acho que ele poderia evitar muitos problemas que acontecem com esse governo, participando, dando conselhos”, sugere.
Para Cunha, a participação do ex-presidente ajudaria, ainda, a blindar a aliança que começou em 2007, entre PT e PMDB. “Trazer o Lula pra tentar salvar o processo de governabilidade é uma opção.
Mas não há um processo em que ambos os lados tenham voz, inclusive os membros do PMDB. Ninguém quer cargo pra nada, queremos fazer uma coalizão pra ajudar a defender nosso próprios ideais”, conclui.
O presidente da Câmara aproveita a sabatina para criticar o PT, por ter-se vendido ao sistema corrupto contra o qual sempre foi contra. “Eles fazem tudo aquilo que eles pensavam que a gente [PMDB] fazia.
O PT deixou de ser um partido para buscar sua base ideológica, e passou a competir da mesma forma que os outros competiam, usou todas as praticas que ele condenou”, arremata.
Participam da bancada desta edição os jornalistas Luiz Antônio Novaes, chefe da sucursal do jornal O Globo em São Paulo; Maria Cristina Fernandes, colunista do Valor Econômico; José Alberto Bombig, editor de política da revista Época; e Vera Magalhães, editora da coluna Painel, da Folha de S. Paulo.
O Roda Viva conta, ainda, com a presença fixa do cartunista Paulo Caruso. Aqui
17 de março de 2015
movcc
RODA VIVA
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, abre a roda comentando os protestos que ocorreram em todo país no domingo (15). “O FHC também passou por problemas parecidos em seu segundo mandato, assim como a Dilma”, compara.
Para Cunha, os protestos não eram só de um partido contra o outro, mas “juntou as pessoas que não apoiaram a Dilma nas eleições, aqueles que a apoiaram e se irritaram com o processo de corrupção envolvendo a Petrobras e ainda aqueles que votaram nela, mas não estão satisfeitos com o atual governo”, completa.
Sabatinado sobre o enfraquecimento do governo Dilma pela bancada de entrevistadores, Cunha diz o que pensa ser uma tensão política. “A crise é política, todas as outras crises são consequências da política.
Você começa o governo, diferente da campanha, depois vem o caso da Petrobras e a necessidade de um fiscalização maior. Estamos vivendo uma constituição parlamentarista em um regime presidencialista”, diz.
Após essa afirmação, Cunha é acusado de estar atacando a presidente. “Eu não estou escolhendo o PT como adversário, e é claro que também não estou escolhendo a Dilma como adversária. Não quis atacar a presidente, só quis dizer que não é um problema do Congresso e, sim, algo maior”, defende-se.
Corrupção
O presidente da Câmara tenta explicar uma afirmação, em entrevista recente, na qual disse que “não há corrupção no Congresso”. “Se, eventualmente, alguém se beneficiou com apoio político no caso da Petrobras eles vão pagar, mas essa corrução não existiria se não houvesse corrução no poder Executivo”, justifica.
Para o deputado, além de a corrupção estar instalada no poder Executivo, “o governo não teve gestão, não conseguiu arrancar a raiz do problema, e ele ainda está lá”.
Ao ser questionado se sairia do cargo que ocupa na Câmara, caso ocorressem manifestações contra sua gestão, Cunha diz que não existe essa possibilidade. “Não me afastaria. Eu fui escolhido, e não tenho nenhuma razão de me sentir culpado. Já respondi a dois inquéritos, e os dois foram arquivados”, defende-se.
Impedimento
Um dos assuntos mais comentados da segunda-feira (16), o pedido de impeachment da Dilma por parte da população também é questionado na roda. “Não podemos transformar a discussão sobre o impedimento em uma manobra política. Eu não posso achar que isso vai resolver, não concordamos com essa forma, é preciso ter responsabilidade”, afirma.
Cunha prossegue, dizendo o que pode acontecer com a presidente, se algo ilícito for provado contra ela. “Se a Dilma tiver praticado algo ilegal, ela será punida a partir do término deste segundo mandado, e terá que responder. Segundo a Constituição, ela terá imunidade até o final desse mandato. Tem que haver cautela, pois isso não é um processo fácil”, explica.
A melhor forma de proteger o Estado, na visão do deputado, é mudar a forma de governar o país. “Sou a favor do parlamentarismo. Nossa Constituição foi feita para o parlamentarismo, e ele nos protegeria de uma crise como essa. No futuro, em um debate político seria interessante colocar essa semente na cabeça das pessoas”, pondera.
Para Cunha, uma das formas de melhorar o ambiente político é um trabalho mais próximo e em conjunto. “O PSDB está surfando nessa onda de oposição. No mínimo, 40% dos peemedebistas votaram no PSDB. Porém, para resolver a situação do governo, é preciso que ela [Dilma] retome a agenda do país, e busque uma coalizão com quem está do seu lado, inclusive o PMDB”, diz.
Ao falar sobre um trabalho mais próximo do governo, Cunha critica a forma como os interesses do PMDB são tratados pela presidência. “Coalizão, trabalhar em conjunto mesmo, não só ficar dando cargo, e sim governar compartilhando as decisões. Não precisamos ter 39 ministros, eu nem sei o nome de todos eles, duvido que alguém saiba o de todos”, afirma.
Lula
Na visão do presidente da Câmara, uma possibilidade de tirar o governo desta crise é a volta do ex-presidente Luiz Inácio à cena política. “O Lula é um animal político, com uma visão extraordinária. Acho que ele poderia evitar muitos problemas que acontecem com esse governo, participando, dando conselhos”, sugere.
Para Cunha, a participação do ex-presidente ajudaria, ainda, a blindar a aliança que começou em 2007, entre PT e PMDB. “Trazer o Lula pra tentar salvar o processo de governabilidade é uma opção.
Mas não há um processo em que ambos os lados tenham voz, inclusive os membros do PMDB. Ninguém quer cargo pra nada, queremos fazer uma coalizão pra ajudar a defender nosso próprios ideais”, conclui.
O presidente da Câmara aproveita a sabatina para criticar o PT, por ter-se vendido ao sistema corrupto contra o qual sempre foi contra. “Eles fazem tudo aquilo que eles pensavam que a gente [PMDB] fazia.
O PT deixou de ser um partido para buscar sua base ideológica, e passou a competir da mesma forma que os outros competiam, usou todas as praticas que ele condenou”, arremata.
Participam da bancada desta edição os jornalistas Luiz Antônio Novaes, chefe da sucursal do jornal O Globo em São Paulo; Maria Cristina Fernandes, colunista do Valor Econômico; José Alberto Bombig, editor de política da revista Época; e Vera Magalhães, editora da coluna Painel, da Folha de S. Paulo.
O Roda Viva conta, ainda, com a presença fixa do cartunista Paulo Caruso. Aqui
17 de março de 2015
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