A situação está cada vez mais complicada. Como diz nosso amigo Carlos Chagas, ficou de um jeito de vaca não reconhecer bezerro. O certo é que está todo mundo batendo cabeça no Planalto e nenhum dos ministros do chamado “núcleo duro” (se é que alguém consegue definir esta expressão…) tem a menor noção de como a presidente Dilma Riousseff poderá sair desta enrascada. O fato é que o governo está parado, é como se não existisse mais.
No desespero, a presidente Dilma Rousseff resolveu apelar para o velho Lula, que politicamente parece ter o corpo fechado, pois nada o atinge. Criador e criatura então voltaram a se falar, depois de vários meses de rompimento. E como a vingança é um prato que se come frio, desde a quinta-feira antes do carnaval Lula vem saboreando os restos do governo.
Toda vez que se encontra com Dilma, o ex-presidente lhe diz poucas e boas. Quem acompanha a Tribuna da Internet sabe que desde o início do ano passado estamos noticiando, com absoluta exclusividade, os sucessivos desentendimentos entre criador e criatura, e somente agora, no último sábado, a chamada grande mídia (através de O Globo, reportagem de Fernanda Krakovics) confirma o tom extremamente ríspido do mais recente diálogo entre Lula e Dilma, no Palácio Alvorada, com base na inconfidência de um dos ministros que aguardavam na antessala.
PRIMEIRO ENCONTRO
Aqui na TI, quando informamos a respeito, adiantamos que no primeiro encontro, ocorrido na quinta-feira antes do Carnaval, em São Paulo, Lula mandou que Dilma Rousseff se recompusesse imediatamente com o PMDB, exigiu que ela afastasse Aloizio Mercadante da Casa Civil e do comando das reuniões do grupo de articulação política do Planalto (que cada vez ganha mais integrantes e daqui a pouco estará do tamanho do Ministério) e pediu também que Pepe Vargas saísse do Ministério das Relações Institucionais, devido à sua inabilidade no trato com a base aliada, se é que ainda pode ser considerada assim.
Dilma tentou resistir, porque Mercadante é seu mais fiel escudeiro e porque o PT não tem nenhum deputado com carisma para substituir Vargas. Criou-se um impasse. Nesse ínterim, Lula já havia tomado a rédea da situação e fora a Brasília para se entender com a cúpula do PMDB e dar orientações aos parlamentares do PT. Dias depois, Dilma também se reuniu com o comando do PMDB, mas o senador Renan Calheiros se recusou a participar, deu tudo errado.
SEGUNDO ENCONTRO
Na terça-feira passada, Dilma foi vaiada em São Paulo e cancelou o encontro que teria com Lula, que ficou furioso, pegou o avião e foi a Brasília se reunir à noite com ela, no Alvorada. A reportagem de O Globo revelou que houve um ríspido diálogo entre os dois, mas não informou que Lula voltara a exigir a demissão de Mercadante, dizendo que abandonaria o governo caso fosse desobedecido.
Completamente aturdida e desamparada, agora Dilma não encontra alternativa. Terá de obedecer ao chefe, e é justamente por isso que estão circulando em Brasília boatos de que Mercadante irá para o Ministério da Defesa, como prêmio de consolação, e Jaques Wagner assumirá a Casa Civil e comandará o grupo de articulação política do Planalto.
TERCEIRO ENCONTRO
Nesta segunda-feira, Lula voltou a Brasília para se reunir com Dilma no Alvorada, a portas fechadas e sem testemunhas. Levou o presidente do PT, Rui Falcão, só para fazer companhia. Vai exigir de novo a recomposição do grupo de articulação política, à sua feição.
Como se sabe, Jaques Wagner é um dos líderes petistas preferidos de Lula. Ao nomeá-lo para a Casa Civil, Dilma aplacará a fúria do ex-presidente e ganhará fôlego dentro do PT, que é o primeiro passo para ela tentar uma penosa sobrevida no cargo de presidente da República.
Quanto a Mercadante, o pai é general e o irmão é coronel, vai se sentir em casa no Ministério da Defesa. Mas seu sonho de ser candidato a presidente em 2018 vai para o espaço sideral.
17 de março de 2015
Carlos Newton
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