"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 17 de março de 2015

FORÇA-TAREFA DA LAVA JATO AGORA APERTA O CERCO A JOSÉ DIRCEU


Bob surgiu na Operação Lava Jato como personagem secundário, desses que mais atrapalham do que ajudam a entender o resto da trama. Mas Bob, apelido com o qual o doleiro Alberto Youssef chamava o ex-ministro José Dirceu ao registrá-lo em sua contabilidade, caminha para se tornar um dos principais alvos da apuração por conta de um conjunto de indícios e provas reunidos pela Polícia Federal e também por procuradores do caso.
A apuração sobre Dirceu mudou de patamar por indícios que vão de consultorias de cerca de R$ 3,8 milhões pagas pelas empreiteiras investigadas pela Lava Jato, sem comprovação de prestação de serviços, segundo os procuradores, a acusações de Youssef de que um dos delatores estaria protegendo o ex-ministro.
Há ainda menção a Dirceu por parte dos dois delatores da Camargo Corrêa, o presidente da empresa, João Auler, e o vice-presidente Eduardo Leite. Segundo a Folha apurou, eles não assumiram receber suborno, mas dizem que outros diretores da empreiteira podem ter feito isso.
LIGAÇÃO COM VACCARI
Uma das principais descobertas, na visão de dois investigadores, é o vínculo entre João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, com Dirceu. Para eles, já há elementos de que Vaccari agia a mando de Dirceu.
Vaccari é apontado pelo doleiro como o encarregado pelo PT de arrecadar a propina que tinha origem nos desvios de obras da Petrobras.
Youssef cita um caso de suborno pago ao PT em que “os indicados para o recebimento eram Vaccari e Dirceu”.
CAMARGO OMITIU DIRCEU
O doleiro também aponta que o empresário Julio Camargo omitiu Dirceu em sua delação premiada. Segundo Youssef, ele pagou R$ 27 milhões em propina entre 2005 e 2012 – parte foi para Dirceu.
O doleiro relata ainda ter visto uma planilha com os pagamentos a Bob quando checava contas com um contador de Julio Camargo.
Youssef aponta que Camargo era ligado a Dirceu e ao ex-ministro Antonio Palocci, também investigado após o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa dizer que ele pedira R$ 2 milhões para a campanha de Dilma Rousseff (PT) em 2010. Palocci nega.
O ex-ministro Dirceu foi condenado no mensalão a dez anos de prisão, cumpriu menos de um ano em regime fechado e agora está em prisão domiciliar.
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NOTA DA REDAÇÃO
 – Conforme revelamos há vários meses, a força-tarefa da operação Lava Jato ia apertar o cerco não somente a José Dirceu, mas também a José Genoino e Delúbio Soares, que à época eram presidente e tesoureiro do PT, respectivamente. Os três têm novamente um encontro marcado com a Papuda. Podem acreditar. Quanto a Lula, o ex-presidente pensa (?) que poderá escapar mais uma vez. É até possível, mas improvável. (C.N.)

17 de março de 2015
Mario Cesar Carvalho
Folha

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